[ANSOL-geral] CDs, copying, etc
Carlos Patrão
cpatrao moredata.pt
Sábado, 8 de Abril de 2006 - 13:13:04 WEST
pedro mg wrote:
>Viva Carlos, eu concordo. Admito que quando escrevo estou a pensar
>exclusivamente em artistas que produzem com qualidade (então, artistas
>de arte). É mesmo nos Miles Davies que penso. E custa-me aceitar ver a
>técnica que ele tem a ser explorada por alguém que mete 5 composições e
>interpretações dele num disco duro e o abre a toda a gente interessada
>sem lhe perguntar se pode ou não fazê-lo.
>
Olá.
Seria difícil perguntar ao Miles Davis, ele já morreu, mas tenho a
certeza que o Miles (onde quer que ele esteja) ficaria muito feliz se as
pessoas fizessem isso, acima de tudo o que lhe interessava era a sua
obra chegar o mais longe possível, ele poderia ter tido todo o dinheiro
do mundo e deitou tudo isso fora em nome da sua independência artística
e de valores totalmente antagónicos ao materialismo vigente na sua e na
nossa época.
Os músicos de Jazz da geração do MD foram brutalmente explorados pelas
editoras discográficas, o Charlie Parker, o músico mais genial da sua
geração (onde poderia ter chegado se não morresse prematuramente aos 35
anos), precursor do jazz moderno, pós swing, vulgo bebop e de tudo o que
dai veio, nunca recebeu um cêntimo de direitos de autor e nessa altura
não havia Net nem discos duros.
O Jazz é um caso muito especial, porque tudo gira à volta das actuações
ao vivo, não há "verdadeiro" Jazz sem fumo, copos, barulho, gente a rir,
enfim a ambiência de um clube nocturno. O Jazz vive sem qualquer
problema, apesar dos direitos de autor, do ponto de vista da cultura
Jazzistica quanto mais cópias (legais ou não) circularem por todo o
mundo tanto melhor :-)
O problema dos direitos de autor na música é mais da chamada música
Pop/Rock, a música da grande industria e dos enlatados culturais, não se
invoque o nome do Miles para defender os interesses mesmo que legítimos
desta industria e das suas pop stars, chega a ser um pouco herético, que
o Miles te perdoe :-)
PS:
Os músicos de Jazz revolucionaram a música, foram os primeiros a não se
importarem que os seus temas fossem interpretados por outros sem
receberem por isso, libertaram a música, conquistaram o direito de
poderem re-inventar a música dos outros como se fosse sua. Os famosos
standards de Jazz, não são mais do que músicas do chamado cancioneiro
americano, a maioria de musicais da Broadway, do qual já ninguém se
lembraria se não tivessem sido imortalizados pelos génios do Jazz. Uma
lição a ter em conta, em toda esta questão dos direitos de autor versus
difusão da cultura.
Abs.
Mais informações acerca da lista Ansol-geral