[ANSOL-geral] CDs, copying, etc

pedro mg seti tquadrado.com
Sexta-Feira, 7 de Abril de 2006 - 16:51:20 WEST


Viva Jaime,

discordo quse em absoluto :)
O teu argumento baseia-se na crítica à indústria fonográfica (para
situar neste caso), mas a minha argumentação vai sempre na defesa do
artista. Continuo com a visão do roubo. E roubo é roubo. Se é roubo de
objecto físico ou de bits de dados, não vejo grande diferença, daí que
use o exemplo do pão, roupa ou automóveis para exemplificar. Suponhamos
então que se elimina o agente/editora do circuíto e só fica o artista
que grava os cd's em casa e os coloca à venda via web e correio normal.
Neste caso o lesado seria unicamente o artista. Neste caso a duplicação
dos CD's do artista por uma pessoa em casa que os vai vender a metade do
preço (e vende às centenas) é vista com bons olhos ? O artista vive de
quê ? No caso do software pode criar serviços que gravitam à volta da
utilização do software, mas para um artista de música é difícel
convencer alguém a ir a casa afinar a aparelhagem :]

Converso com muitas pessoas que "usufruem" deste tipo de venda, e acham
que estão a fazer uma grande coisa ao comprar tão barato. É isso que me
irrita pela patetice da coisa.
Já me mostraram alguns filmes que ficam a preto/branco em intervalos
regulares com indicações de propriedade, com legendagem num português do
brasil feito por pessoas absolutamente acéfalas. Neste exemplo a pessoa
pagou 5 euros por esse lixo... Ou é algo cultural ou então anda tudo com
encefalopatia espongiforme :]

O mundo é complexo demais para se querer que tudo seja barato e
acessível. Se um artista passa 30 anos da sua vida a aperfeiçoar uma
técnica que só ele entre muitos passa a dominar, e decide vender um cd a
40 euros, não acho que isso seja algo ilegal que ele esteja a fazer.
Acho que é ilegal é que alguém duplique essa obra e a venda por 10
euros, e penso que é uma falta de respeito que alguém a compre por esse
valor. Mal por mal, que se duplique sem lucrar com isso...

Os combustiveis estão caríssimos. Se uma estação de serviço estivesse
com um funcionário cego, era legítimo encher o depósito e fugir sem
pagar, mesmo que o preço por litro seja um roubo e represente lucros
colossais para por exemplo uma Galp ou Estado ? O combate não deve ser
por outros meios.

Pode-se ouvir música na Web de forma totalmente legal. Temos o Pandora
http://www.pandora.com que é excelente e paga todos os direitos (segundo
o criador num podcast do Leo Laporte/Amber Macarthur), e temos serviços
como o http://www.live365.com com rádios temáticas. É o que tenho
consumido nestes tempos :) E é legal. E há bandas que colocam músicas
nos seus sitios oficiais para download. Os meus últimos são os Sigur
Ros :)  E sim... já não me lembro da última vez que comprei um CD, mas
filmes, faço-o regulamente (promoções da FNAC).

Também tenho dezenas de CD's, colecções, e em software acumulei quase
2000 contos... safa... só em produtos da Borland... se pudesse ter
aproveitado esse valor para outras coisas não era estúpido. 
Ainda bem que entrei no movimento FOSS... 

É engraçado que o meu irmão a acabar eng. mecânica compra cd's e por
vezes pede a colegas para duplicar para consumo próprio. Mas agora que
está a fazer fotografia de forma mais séria começa a ver a protecção do
seu trabalho com outros olhos, resolveu começar a comprar as músicas que
duplicava no iTunes... São opções. Mal ? Não, só a jogar pelas regras do
mercado. Ele dá-se muito bem com músicas individuais a menos de 1 dólar.

O podcast mais ouvido supostamente do globo tem 12 episódios gratuítos,
mas os autores resolveram rentabilizá-lo colocando-o no iTunes. Claro
que diminuiu os ouvintes. Provavelmente está a haver duplicação. Não
sei... ás vezes questiono tudo o que é bom, julgo...

Uma vez mais digo: o combate à "pirataria" benificia os movimentos Free
Software.

O último email com uns comentários sobre IVAs enviei-o só para o Carlos
Patrão, não fiz o "Reply to All" por engano. Agora custa-me metê-lo na
lista, mas se o Carlos quiser, pode reencaminhá-lo para aqui :)

Só mais uma coisa, sabem que a Apple criou o "Boot Camp" para que se
possa instalar o XP nos novos Intel ? As acções subiram 7%. Os mercados
reinventam-se...

Muitos artistas, de músicos a escritores são explorados por editoras. É
como nós com os preços dos combustíveis. Ou da electricidade. 

-- 
pedro mg




Sex, 2006-04-07 às 09:30 +0100, Jaime E. Villate escreveu: 
> On Thu, 2006-04-06 at 21:21 +0100, pedro mg wrote:
> > Há verdadeiros crimes relacionados com pirataria. Assiste-se a milhares
> > de cidadãos (nem devia aplicar esta palavra) a piratear conteúdo
> > protegido por direitos de autor e a vendê-lo sem qualquer qualidade e de
> > uma forma totalmente ilegal. Conto que sejam uma base não inferior a
> > 1001 para poder aplicar a forma plural da palavra. Isto tem de ser
> > combatido essencialmente pela via cultural. 
> 
> Eu não vejo aí nenhum problema cultural que tenha que ser corrigido.
> Se alguns hábitos têm que ser corrigidos são os hábitos dos
> produtores e não dos consumidores.
> Quando copiar um filme ou uma música começa a ficar quase tão
> fácil como descrever o filme em palavras ou cantar a música a
> um amigo, a indústria fonográfica e cinematográfica, na forma
> actual, está condenada a desaparecer.
> Comparar a cópia de uma música em MP3 com o roubo de um automóvel,
> ou com o assalto de um barco para roubar ouro, é absurdo.
> O facto de ser cópia "ilegal" é porque as leis actuais tentam
> proteger a qualquer custo essas indústrias que estão destinadas
> a desaparecer; não é porque exista algo naturalmente errado na
> cópia não autorizada.
> Se o sistema legal insiste em tentar impedir a cópia não autorizada,
> qualquer dia vão ter que colocar aparelhos de escuta em todas partes
> para impedir que alguém conte o argumento de um filme aos seus amigos,
> e vão ter que ser construídas muitas mais prisões para alojar os
> criminosos.
> 
> Jaime
> 
> 
> 




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