[ANSOL-geral]Logotipos .. uma vez mais

[Rui Miguel Silva Seabra]

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Viva,

Bem, que email longo! :) Vai dar trabalho a responder. Ora vejamos:

On Sat, 2002-03-09 at 17:44, J M Cerqueira Esteves wrote:
> Naturalmente eu tamb=E9m acho que seria bem prefer=EDvel, quanto mais n=
=E3o
> fosse como exemplo, que o logotipo fosse integralmente preparado com
> software livre.  Mas n=E3o acho que o eventual uso de algum software
> n=E3o livre como parte do processo de prepara=E7=E3o do logo por terceiro=
s
> fosse necessariamente, de uma forma *dr=E1stica*:
> - promover software n=E3o livre;

 Nao? Entao e se para o fazer foram necessarias tecnicas apenas
possiveis de fazer com <INSERT PROP. PROGRAM HERE />?

 Temos um resultado que ate pode ser convertido para outro formato, mas
que nao e razoavel fazer no outro formato, em resumo: promocao do
<INSERT PROP. PROGRAM HERE />

> - desacreditar o software livre.

 Temos ferramentas capazes, se sao acusadas de sao serem competentes
esta-se a por em causa o seu credito, em resumo: a desacreditar.

> E acho que conv=E9m ter mais algum cuidado ao tratar destas quest=F5es, m=
esmo
> para bem do software livre.  Tentando ruminar um bocado sobre o assunto:
> - Em geral, o uso de um programa numa situa=E7=E3o promove o seu uso nout=
ras?

Nao acho que esta pergunta seja aplicavel. A pergunta seria talvez
melhor feita, de uma forma geral, como:

  - Em geral, funcionalidades importantes/interessantes num programa
promovem o seu uso independentemente de ser livre ou nao?

  Sim.

> - Em particular, o uso de software n=E3o livre para desenhar o logo da AN=
SOL
>   iria promover o software espec=EDfico usado para isso e o software=20
>   n=E3o livre em geral?

  Depende. O processo de construcao e possivel replicar passo por passo
e chegar ao mesmo objectivo num programa nao livre?
  Se sim, o uso do software nao promove muito o uso do outro. Caso
contrario, isto e, se so e possivel replicar o processo no programa nao
livre e com isso atingir o mesmo objectivo, entao a base para poder
manipular os resultados so e possivel com o software nao livre, assim
promovendo o seu uso (independentemente do resultado final poder estar
num formato livre).

> Do ponto de vista da comunidade de
> artistas gr=E1ficos, haveria provavelmente mais aten=E7=E3o ao logo em si=
,
> ao produto final, do que =E0s ferramentas espec=EDficas usadas.

Nao concordo, ou entao nao existiriam imensos manuais documentando como
se conseguem fazer diversos efeitos com varias tecnicas, algumas apenas
possivels com certas "ferramentas espec=EDficas usadas".

> Mas claro que o contr=E1rio, um artista gr=E1fico fazer um trabalho
> visualmente espectacular e afirmar quase casualmente que at=E9 usou

eu ate diria afirmar intencionalmente que...

> software livre para o fazer, pode estimular a curiosidade dos outros.
...ira estimular a curiosidade...

> Claro que compreendo o receio de algu=E9m vir a dizer "pobre da ANSOL,
> tanto blah-blah sobre software livre e at=E9 o logotipo foi desenhado
> com ferramentas da Corel|Adobe|whatever".

Pode ser confundido com isso, e entendo porque. Mas nao sao as mas
linguas que me preocupam.

> - Os art=EDfices (n=F3s e os outros) tamb=E9m t=EAm h=E1bitos... e limita=
=E7=F5es.
> N=E3o me considerando propriamente um art=EDfice nesse campo, eu
> detestaria ter de compor qualquer texto para imprimir "bonitinho" sem
> ser em TeX usando emacs.

Mas aqui trata-se de gosto pessoal entre ferramentas livres.

> Alguns de n=F3s editam com emacs, outros com vi, e cada um elogia ad naus=
eam as
> virtudes do seu editor preferido.  Devemos portanto compreender que
> outras pessoas acabem por adoptar h=E1bitos tamb=E9m.

Ao promover o software livre estamos a quebrar o habito de se depender
de software proprietario.

> =C0s vezes usar ou deixar usar uma ferramenta pode n=E3o ser sinal de a q=
uerer
> promover.  Pode ser sinal de reconhecimento das limita=E7=F5es humanas.

Mas ser voluntariamente vitima de software proprietario ja nao e
reconhecer uma limitacao humana mas masoquismo! :)

> - O cr=E9dito tamb=E9m se estabelece pela sinceridade.
> Mas temos de ter cuidado com o que prometemos.  Independentemente da
> quest=E3o da liberdade, com toda a sua import=E2ncia, h=E1 a quest=E3o t=
=E9cnica
> da ferramenta como ferramenta.  O software livre tamb=E9m pode ter
> defeitos e falta de funcionalidade, como qualquer outro.  Quando por
> exemplo se tentar promover o Gimp, conv=E9m indicar o mais honestamente
> poss=EDvel o que ele faz e o que ele n=E3o faz. A pr=F3pria documenta=E7=
=E3o
> procura numa certa sec=E7=E3o clarificar isso, tanto quanto me lembro.

Sim. So que isto e como a historia do ovo e da galinha. Tratam-se de
areas muito especificas em que frequentemente ha poucas pessoas
dedicadas a informatica. Como atrair mais pessoas com sensibilidade na
area para poder melhorar? Penso que para isso a promocao do software
livre tem um papel essencial.

> N=E3o =E9 por reconhecer as fraquezas que se fica mais fraco.

Mas ao nao se aproveitar o que se tem para promover nao e reconhecer as
fraquezas, mas ceder ao software proprietario.

> - Os fins, os meios, e as escalas de valores.
> =C9 importante perceber como *todos* n=F3s, por mais que defendamos o
> software livre, estamos dependentes do que n=E3o =E9 livre e na pr=E1tica=
 o
> usamos.

Pretendo fundar (ou ajudar a fundar) uma empresa para provar o contrario
disto a um ou dois anos.

> Quando n=E3o est=E3o em causa, objectivamente, quest=F5es t=E3o fundament=
ais,
> acabo por ter de pesar as op=E7=F5es tendo em conta os v=E1rios valores
> envolvidos.  =C9 por isso que, certamente com pena, estou a aceder =E0
> Internet por vias que usam software n=E3o livre.  N=E3o falo do sistema
> operativo (Linux) que estou a usar, e at=E9 estou a esquecer o firmware
> de alguns componentes no PC, mas logo uns cent=EDmetros a seguir tenho
> um Alcatel Speed Touch Home para comunicar por ADSL.  Com software
> dentro dele que n=E3o =E9 livre. E depois centrais digitais, e Ciscos e
> mais Ciscos correndo IOS, que n=E3o =E9 livre (e para alguns deles at=E9
> haver=E1 j=E1 alternativas com c=F3digo livre).  E consulto s=EDtios WWW =
com
> informa=E7=E3o armazenada em Windows e Unixes variados=20
> e levanto dinheiro em m=E1quinas multibanco que correm Windows=20
> e reservo bilhetes para viagens em sistemas de marca=E7=E3o que provavelm=
ente=20
> usam tudo menos software livre.

A maior parte desse hardware nao tem a mesma conotacao que um pc ou um
handheld. Sao sobretudo caixas pretas. Inclusive as caixas multibanco
nao sao algo que possas ter instalado em qualquer sitio. Sim, sao PCs,
mas na optica de quem as usa sao caixas pretas com um teclado muito
limitado. Se as atms fossem algo que se pudesse instalar no computador
la de casa, seria outra coisa!

Os websites que estao em servidores com software proprietario nao estao
a restringir as tuas liberdades, mas as liberdades dos seus donos.

> Estamos todos n=F3s, todos os dias, a usar software n=E3o livre, por mais=
 que
> o tentemos rejeitar nas nossas m=E1quinas pessoais.  A esmagadora
> maioria da inform=E1tica que suporta a sociedade, como a conhecemos e de
> que nos habitu=E1mos a depender, est=E1 provavelmente pendurada dele.  E
> no entanto, acho que vale a pena continuar a us=E1-lo, nesses =E2mbitos, =
enquanto
> se tenta mudar nem que seja uma migalha desse panorama.
> Pois, infelizmente a promover (sem aspas), pelo caminho daqui de casa
> at=E9 vossas casas, o software fechado da Alcatel e o da Cisco, entre
> muitos outros.  Mas da mesma forma as ferramentas GNU correram
> primeiro sobre sistemas n=E3o livres (e pessoalmente comecei a us=E1-las
> sobre MS-DOS, VMS e Unixes variados).  O mundo n=E3o muda de um dia para
> o outro.

Acho que estas a exagerar. O custo de replicacao dos equipamentos cisco,
alcatel e muitos outros nao sao de forma alguma o custo de replicacao de
software. Esses equipamentos tambem nao podem ser considerados PC's...
estao mais ao nivel dos videos caseiros, onde configuramos as horas,
utilizamo-los de acordo com as suas funcoes, etc.

> =C9 pena? Para mim, sim. =C9 paralisante? Para mim, n=E3o, ao considerar
> os valores envolvidos nos meios e nos fins.  Certamente com uma conclus=
=E3o
> muito diferente do que se estivessem em jogo morte e mutila=E7=E3o.

> Se por exemplo eu quiser colocar online reprodu=E7=F5es de livros antigos
> (em texto, n=E3o como imagens), dar-me-=E1 jeito usar um sistema de OCR.
> Comecei a experimentar o Clara, um pouco desconfort=E1vel mas que
> aparentemente vai servir.  Felizmente h=E1 agora algumas solu=E7=F5es
> livres.  E mesmo existindo essas, se de usar ou n=E3o usar ferramentas
> propriet=E1rias para fazer a convers=E3o vier a depender o conseguir
> colocar online textos de forma livremente acess=EDvel, vou ficar perante
> um conflito de valores.  Posso n=E3o ter capacidade para construir
> s=F3zinho ferramentas alternativas, posso n=E3o conseguir que algu=E9m o
> fa=E7a em tempo =FAtil.

Tambem se pode reconhecer quando se tem demasiada areia para o camiao!
Alias, por causa de nao se reconhecer isso muitas empresas dao dores de
cabeca terriveis aos seus funcionarios (temos uma demo que tem de estar
pronta daqui a 2 dias, aquele outro projecto super importante tem de ser
atrasado -- mas mas mas eu estava num ponto fulcral naaaaaaaaaaaaaaao).

Converte o que puderes, se calhar entretanto as coisas melhoram ou podes
investir em alguem que possa melhorar enquanto vais tratando da
conversao dos documentos que consegues converter.

> valor a privilegiar; =E0 partida parece-me que o interesse p=FAblico em
> ter livros livremente acess=EDveis chega para justificar=20
> de alguma forma eu abdicar temporariamente de alguma liberdade como=20
> utilizador, ou mesmo de "promover" temporariamente=20
> (mesmo que sem publicidade desnecess=E1ria) uma solu=E7=E3o n=E3o livre.

Ha sempre o pagar a alguem para dactilografar um livro para um ficheiro
de texto, ou sera que nao? Ha dactilografos profissionais que escrevem
muito mais rapidamente do que nos informaticos por vezes somos capazes!
:)

Hugs, rms

--=20
+ No matter how much you do, you never do enough -- unknown
+ Whatever you do will be insignificant,
| but it is very important that you do it -- Ghandi
+ So let's do it...?

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