[ANSOL-geral]Ainda os Dogmas

Carlos Baquero Moreno cbm arroba di.uminho.pt
Tue, 22 Jan 2002 19:48:41 +0000 (WET)


On Tue, 22 Jan 2002, Ruben Leote Mendes wrote:

> Date: Tue, 22 Jan 2002 18:36:22 +0000
> From: Ruben Leote Mendes <ruben arroba nocturno.org>
> To: ansol-geral arroba listas.ansol.org
> Subject: Re: [ANSOL-geral]Ainda os Dogmas
>
> > Sendo a associação vocacionada  para a defesa e divulgação do S=
oftware
> > Livre, será natural que o faça em detrimento de outros modelos, com=
o o seja
> > o Software Aberto, o de Dominio Publico e o Software Fechado.
>
> O Software de Domínio Público e algum do chamado Software Aberto sã=
o Livres,
> pelo que a associação não os deverá descriminar. Pode quanto muit=
o promover
> a utilização de licenças que no seu entender melhor defendem os int=
eresses
> da comunidade, nomeadamente o GPL.

Concordo.

> ....
>
> Embore concorde que os formatos proprietários são um problema, a maio=
r parte
> das vezes pior que o software proprietário, não concordo na parte da
> exclusividade do malefício dos formatos por razões que já foram ind=
icadas
> em mensagens anteriores nesta lista.

Penso que perdi a explicação no meio dos vários raciocinios, talvez mas
possas dar pessoalmente na ida a lisboa. De qualquer modo, presentemente
acredito que o Software Proprietario possa ter um papel a desempenhar no
panoramma geral do software e em particular em nichos onde haja falta de
massa critica de programadores.

>
> > Da discussão anterior fiquei estupefacto com a ideia de que faz senti=
do
> > restringir a liberdade de um programador em decidir não expôr o seu
> > algoritmo, que é resultado do seu esforço pessoal.
> >
> > ...
> >
> > Dentro das minhas limitações de compreensão, tento acima de tudo =
preservar a
> > liberdade e a livre escolha, o que justifica a postura que acabei de es=
crever.
>
> Podes ver as coisas do seguinte modo então:
> Alguém, em tempos, assumiu uma postura ditatorial (e logo de muito pouc=
a
> liberdade) e impôs, pela força da lei, a proibição do estudo, div=
ulgação,
> alteração, ... do software (e de outras obras tb) criado por terceiro=
s.
> Isto é uma privação à liberdade, logo, seguindo o princípio da =
máxima liberdade,
> está errado e a lei devia ser anulada. Vamos então propor que se acab=
e com
> as leis de direitos de autor? Podemos também estender este conceito a t=
odas
> as outras leis que proibem o que quer que seja, pois limitam a nossa libe=
rdade
>
> O problema neste raciocínio está, como já foi referido, em que a mi=
nha
> liberdade termina onde começa a dos outros; a lei existe para punir que=
m
> "tomar a liberdade" de efectuar actos que atentam contra a liberdade dos
> outros. Agora, como o JMCE tão bem referiu numa sua mensagem recente, c=
ada
> um de nós tem um conjunto de valores diferentes dos restantes, pelo que
> podemos discutir quem anda a restringir a liberdade de quem "ad eternum".

Aqui a minha postura pessoal é que "a liberdade de produzir algo que não
quero mostrar a ninguem" deve ser superior à de "ir ver algo que não me querem
mostrar".

Contudo, apesar de não ter as ideias muito definidas neste campo, penso que
devo poder comprar um producto e sendo ele meu devo poder analisar esse
producto como bem entender e re-vender esse producto. Ou seja, concordo que
um programador não forneça a fonte, mas não concordo que o programador me
impeça legalmente de fazer reverse enegineering.
Neste sentido pode-se deduzir que não concordo com a grande maioria das
licenças de software proprietário.

Tudo isto em termos de força de lei. Se os produtores quiserem brincar aos
dispositivos anti-cópia e anti-análise e os consumidores quiserem fazer a
guerra anti-anti-cópia e anti-anti-análise, que o façam na maior liberdade.
Não gosto é de leis que impeçam qualquer uma desta acções.

>
> Nota também que nós não estamos em posição de ter atitudes dita=
torias,
> e quem está nessa posição, nomeadamente os grandes lobbys de empres=
as
> multinacionais, estão exactamente a pressionar os governos no sentido d=
e
> limitar cada vez mais as liberdades de utilização das obras.

Claro, mas se um dia estivermos em posição de ditar leis é importante não
assumir tambem a arrogância dos outros. É assim que a acabam mal muitas
revoluções ...

> > O que será preferível para a Associação ?
> > ...
>
> Aqui temos de distinguir entre Missão e Estratégia. A Missão da ANS=
OL pode
> ser algo como "Fazer com que todo o Software seja Livre.", mas existem
> várias estratégias que podem ser seguidas para a atingir.

Tenho medo das soluções a 100% neste tipo de fenómenos complexos. Nada
contra 100% de alfabetização mas mesmo isso é impossível pois a diversidade
garante que haverá sempre alguns que infelizmente não conseguirão aprender a
ler. Em suma, se a Sociedade funcionar com 100% de Software Livre, óptimo.

>
> Qual é a melhor estratégia a seguir? Não sei; e acho que é no deb=
ate da
> estratégia que devemos concentrar os nossos esforços. Podemos (e deve=
mos)
> olhar para a FSF para inspiração.

Segui o impulso e voltei a passar nas paginas da FSF. Por simples acaso
encontrei uma página sobre acção contra patentes de software cujo titulo
é revelador para estas discussões.

http://www.fsf.org/philosophy/protecting.pt.html

"Ajude a Proteger o Direito de Escrever Tanto Software Livre Quanto
Não-Livre"

O que mostra uma dose certa de pragmatismo, quando é apropriado.

Acho que é essa dose que tem de ser definida para uma estratégia de diálogo
com o exterior da associação, sem trair, é claro, o que forem os principios
básicos.

Regards,

--
Carlos Baquero
Distributed Systems Group            Fax +351 25360 4471
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