[ANSOL-geral]Proposta de carta para a ASSOFT
Andre Esteves
aife arroba netvisao.pt
Wed, 16 Jan 2002 22:59:41 -0500
Em Quarta, 16 de Janeiro de 2002 17:27, escreveste:
> Que há problemas ainda sem soluções criada com licenças livres, não é
> de admirar. E também não me surpreende se a curto prazo poucos
> adeptos de software livre tiverem motivação ou preparação suficiente
> para desenvolver software nalguns dos campos onde ele falta. Mesmo
> assim todos os anos fico surpreendido com os progressos.
>
> Um campo com muitos problemas por resolver em software livre é o
> cálculo simbólico, por exemplo. Parece infelizmente ainda não haver
> algo livre de aplicação tão geral como o Maple e o Mathematica. No
> caso específico deste tipo de software, mais do que os "autores a
> exercer a sua liberdade" talvez boa parte do licenciamento restritivo
> tenha mais origem na tentação de instituições académicas de (tantas
> vezes à custa de dinheiros públicos) arranjar mais uma fonte de
> dinheiro.
EM ABSOLUTO!!!
Principalmente o potencial que existe em modificar o funcionamento da própria
ciênçia. É normal numa primeira geração de invenções num campo tecnológico
não passarem de emulações de tarefas do passado, só quando algum utilizador
olha livre dos preconceitos do meio, uma nova maneira de utilizar essa
tecnologia é que podemos ver invenções/utilizações maduras, que
verdadeiramente sejam um salto quantitativo em relação ao passado.
O cálculo simbólico está preso ao paradigma do artigo científico e as
empresas que hoje exploram devido á exploração comercial deste mesmo nunca
darão o salto de paradigma, pois será demasiado arriscado para a facturação!
Basta ver o pobre do wolfram...
> Acho que vale a pena chamar a atenção do Nuno Leitão para que, ao
> sugerir aos outros que eles não conhecem a realidade do software, ele
> não aparente desconhecer boa parte dela também. Isto porque acho que
> conhece alguma história do campo suficiente para perceber como a visão
> escrita e sublinhada de
>
> *impossíveis* de criar
>
> (com base no grau de complexidade) está já ultrapassada.
>
> Não o digo quanto aos "intuitos comerciais", já que as motivações para
> escrever software livre podem ser de muitos tipos, até comerciais, mas
> por supor que queria referir-se, com "comercial", a software
> não-livre. Quando fui vendo as palavras "impossível" e "utopia"
> lembrei-me das 1517 packages instaladas neste "modesto" computador
> para uso pessoal, 1517 entre as 8333 packages Debian que podia
> escolher neste momento, a esmagadora maioria das quais com licença
> estritamente livre. É verdade que alguns destes programas podem ser
> vistos como software simples desenvolvido a um nível mais "amador",
> que alguma imprensa gosta de realçar quando fala de software livre,
> mas de forma alguma isso me parece ser o mais representativo do nível
> de qualidade e complexidade dominante na paisagem de software livre.
Um dos problemas base do software livre é que as pessoas disponíveis para
construir/colaborar num projecto livre são programadores e não especialistas
nas áreas em que programas seriam necessários (contabilidade, advogacia, etc)
e é por isso que a maior parte das aplicações disponíveis são OS'es,
Internet, tudo relacionado com a ciênçia dos computadores.
No entanto, uma segunda vaga está a surgir em que não-programadores começam a
a contribuir. O que é preciso é que as várias partes saibam trabalhar em
harmonia, longe de um sistema autoritário de uma software house.
> É que se se achar razoáveis as estimativas em, por exemplo,
>
> http://www.dwheeler.com/sloc/redhat71-v1/redhat71sloc.html
>
> e se software deste valor e grau de complexidade é *impossível* de
> aparecer como apareceu, estou a trabalhar diariamente com uma alucinação.
>
> > para uma associacao como a ANSOL de compreender estas diferencas, e os
> > casos em que um tipo de produto e' mais apropriado do que outro.
>
> Não vejo razões de princípio nem exemplos históricos para se dizer que
> software proprietário é melhor do que livre. Bom e mau trabalho
> técnico pode existir de ambos os lados. Quanto ao "apropriado" do
> ponto de vista de quem quer resolver um problema a curto prazo, a
> diferença essencial parece estar, num dado momento, na existência ou não
> de soluções já preparadas de um ou do outro tipo. Em diversidade e
> quantidade, especialmente em certos ramos, falta ainda produzir muitas
> soluções livres, mas quanto à qualidade pessoalmente sinto o contrário
> do que parece ser um lugar comum: quando existem soluções amadurecidas
> de ambos os tipos, tenho percebido sistematicamente o software livre
> como mais fiável do que o correspondente não-livre.
>
Absolutamente!
> > Se tomarem uma atitude publica que tenta representar o software
> > livre como a escolha a tomar em descredito do software comercial
>
> Acho que ninguém tenta lançar "descrédito". A questão das licenças é
> uma, a da qualidade técnica ou "existência e unicidade" é outra.
> Claro que do ponto de vista comercial do cliente, a liberdade
> de uso pode ter vantagens técnicas e estratégicas também, mas
> sobre isso cada cliente decide e vive com os resultados das decisões.
>
> > independentemente do objectivo do software, entao para muita gente,
> > e desculpem pela frontalidade, a ANSOL nao vai passar de uma
> > associacao de academicos com uma filosofia que nao e' clara nem
>
> Talvez eu conheça os académicos errados ou talvez tenhas de actualizar
> os teus contactos académicos, já que nesse meio a noção
> convenientemente confusa de "propriedade intelectual" me parece estar
> muito "in" e os ideais de liberdade me parecem ter tido melhores
> dias...
O problema é que em Portugal ninguém está habituado a exercer as suas
liberdades, maus hábitos da ditadura...
Por exemplo: Quantos recém -formados buscam emprego fora da zona da sua alma
matter??? A Chipidea teve que montar uma dependencia no porto, porque os
gajos que tinham andado nos programas de chip-design da feup não queriam sair
do porto... Não estamos habituados a exercer a nossa liberdade de circulação
:)))
Enquanto que o americano médio, não têm problemas de mudar em 3000 Km para
obter um novo emprego...
Um abraço,
André Esteves
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"Se nas minhas investigações consegui maiores êxitos que os outros,
o facto deve-se menos a uma capacidade intelectual superior do que
ao hábito de uma reflexão paciente"
Sir Isaac Newton
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Por outras palavras:
Tens os miolos... Mas terás os hábitos de trabalho?
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André Esteves - aka StackBit - aife arroba netvisao.pt
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