[ANSOL-geral]Busca de projectos open-source portugueses...
João Miguel Neves
joao arroba silvaneves.org
09 Jan 2002 00:23:34 +0000
--=-e8x/FAxo9VdMNFpE5CH6
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On Ter, 2002-01-08 at 22:47, Jo=E3o M=E1rio Miranda wrote:
> > Ao criar esta-se a produzir codigo que nao permite o uso das liberdades
> > a que temos direito.
>=20
> Acho que h=E1 aqui uma contradi=E7=E3o. Uma das liberdades a que temos
> direito =E9 a de decidir o que fazer com as nossas pr=F3prias cria=E7=F5e=
s.
> Os outros n=E3o t=EAm direitos em rela=E7=E3o aquilo que algu=E9m produz,=
a=20
> n=E3o ser que o autor conceda esse direito. =C9 claro que se pensas o
> contr=E1rio, talvez aches que eu tenho o direito de modificar os=20
> livros do Saramago, adicionar o meu nome =E0 lista de autores e=20
> reeditar o livro sem pagar um centavo que seja ao autor.
>=20
Errado. A legisla=E7=E3o de direitos de autor =E9 bem expl=EDcita neste pon=
to.
Tu, como autor, tens direito a limitar os direitos de c=F3pia,
distribui=E7=E3o, modifica=E7=E3o e apresenta=E7=E3o p=FAblica. H=E1 uma ex=
cep=E7=E3o para
obras de caracter visual (esculturas, pinturas, projectos de
arquitectura) em que o actor pode vetar determinadas utiliza=E7=F5es, mas
fora isso desde que eu obtenha uma obra feita por ti legalmente posso
us=E1-la como bem entender.
Isto faz sentido, quando percebemos que a legisla=E7=E3o vigente n=E3o exis=
te
para proteger a propriedade intelectual (um chav=E3o mais que difundido
hoje em dia pela WIPO), mas para incentivar a cria=E7=E3o de obras para
benef=EDcio da sociedade. O princ=EDpio por tr=E1s da legisla=E7=E3o =E9 qu=
e se d=E1
um monop=F3lio tempor=E1rio de distribui=E7=E3o ao autor para este recupera=
r do
investimento que fez. Claro que a defini=E7=E3o de tempor=E1rio hoje em dia=
=E9
um bocado estranha (vida do autor mais 90 anos).
> Ao escolher uma licen=E7a n=E3o livre, o autor est=E1 a exercer um=20
> poder conquistado com o seu trabalho e est=E1 a exercer o seu
> direito =E0 liberdade de fazer o que entender com o seu tempo e
> o seu esfor=E7o. Se o autor optar por uma licen=E7a livre, isso =E9
> uma d=E1diva =E0 sociedade. Os outros devem agradecer essa d=E1diva
> a que o autor n=E3o era obrigado. No dia em que as contribu=ED=E7=F5es
> dos programadores forem encaradas como obriga=E7=F5es, e n=E3o como
> d=E1divas a que =E9 preciso agradecer, o movimento do software
> livre colapsa, porque ningu=E9m contribuir=E1 por obriga=E7=E3o. =C9 o
> sistema social baseado na d=E1diva e no reconhecimento da d=E1diva
> por parte dos outros que faz o sistema funcionar. =C9 isso que=20
> impede o movimento de cair na Trag=E9dia dos Comuns.
> =20
Partes de um princ=EDpio, que eu considero errado, o de que tanto faz usar
software livre ou propriet=E1rio. No Porto Cidade Tecnol=F3gica a
apresenta=E7=E3o do vice-presidente da FSF descreveu muito bem porque =E9 q=
ue
o software propriet=E1rio representa um problema social que tem v=EDtimas. =
=C9
prov=E1vel que pessoas nesta lista tenho o texto dele (Miguel e Jaime). De
qualquer modo recomendo o discurso do Stallman que ele deu na NYU (New
Yourk University) - podes ler em
http://mail.gnu.org/pipermail/info-press/2001/000006.html
S=F3 como um exemplo portugu=EAs dessas v=EDtimas tive um colega no INESC q=
ue
estava a preparar o seu doutoramento em multicasting de video sobre ATM.
A certa altura n=E3o conseguia ter mais de dois clientes ligados. Depois
de algumas semanas de debugging percebeu que o problema era do driver da
placa ATM. Enviou toda a informa=E7=E3o que tinha, as instru=E7=F5es de com=
o
observar o bug e o m=E1ximo de informa=E7=E3o que considerou =FAtil. Sabes =
qual
foi a resposta ? "This is a bug, Thank You" - foi este o conte=FAdo do
e-mail que ele recebeu. Estamos a falar de uma pessoa com um mestrado em
Engenharia Inform=E1tica que j=E1 fez v=E1rios programas, inclusiv=E9 drive=
rs
para windows para placas ATM (mas como s=F3 existem 2 prot=F3tipos ele n=E3=
o
podia usar essas). Se ele tivesse acesso ao c=F3digo n=E3o teria grandes
problemas em corrigir o bug.
A sorte para ele foi estar nos primeiros meses, assim simplesmente
abandonou a sua ideia e foi trabalhar noutra coisa. Se achas que uma
situa=E7=E3o destas n=E3o =E9 grave...
> Ali=E1s, a Trag=E9dia dos Comuns tamb=E9m atinge o software livre. Toda
> a gente =E9 a favor de usar o software produzido por outros, mas=20
> poucos s=E3o aqueles que produzem de facto software livre. A solu=E7=E3o
> para este problema passa por recompensar socialmente aqueles que
> se esfor=E7am para produzir software livre reconhecendo-os e=20
> agradecendo-lhes. A ideia de que o autor =E9 obrigado a optar por uma
> licen=E7a livre =E9 perniciosa porque elimina muitas das raz=F5es que=20
> levam os autores a escrever software livre.
>=20
Aten=E7=E3o, a trag=E9dia dos comuns parte do princ=EDpio que recursos limi=
tados
s=E3o partilhados. Como n=F3s sabemos o software =E9 mais como as ideias do
que como um bem f=EDsico, tem um custo desprez=E1vel para reproduzir. Tamb=
=E9m
n=E3o =E9 verdade que a solu=E7=E3o para o software livre passe por um
reconhecimento social de quem o produz. Quem desenvolve software livre
sabe que apenas quem usa o software que faz produz algo de realmente
=FAtil. Sim, existem centenas de projectos feitos por malta que quer
ganhar visibilidade, mas esses costumam ser de curta dura=E7=E3o.
> A melhor estrat=E9gia para uma organiza=E7=E3o como a ANSOL passa por=20
> incentivar e elogiar as empresas, organiza=E7=F5es e individuos que
> contribuem para a produ=E7=E3o e divulga=E7=E3o do software livre. Passa=20
> por cr=EDticar o uso de fundos p=FAblicos para pagar software=20
> desnecess=E1rio. N=E3o passa por atacar os autores que preferem=20
> licen=E7as propriet=E1rias.=20
> =20
Primeiro, o software propriet=E1rio =E9 um problema social. Deste ponto de
vista =E9 perfeitamente leg=EDtimo a ANSOL criticar quem escolhe licen=E7as=
de
software propriet=E1rio.=20
Mesmo que n=E3o concordes comigo neste ponto, penso que concordar=E1s que u=
m
dos papeis da ANSOL deve ser a defesa do software livre. Foi esse o
problema com o siteseed do Paulo Laureano que, inicialmente, iludiu
muita gente ao dizer o que siteseed era "opensource" quando tal era
mentira.
Eu fui um dos que criticou o concurso da Recortes quando eles se
assumiram como um concurso de software opensource mas que n=E3o o definiam
no regulamento nada que limitasse os participantes a utilizar software
opensource. Mas n=E3o me limitei =E0 cr=EDtica, tive uma discuss=E3o (no bo=
m
sentido) com o presidente do J=FAri que me permitiu apresentar o porqu=EA d=
a
minha posi=E7=E3o (se procurares no arquivo desta mailing-list deves
encontrar essa informa=E7=E3o) e divulguei o concurso a amigos meus que
fazem software livre (um antigo colega meu ficou com o segundo lugar,
que me agradeceu, por isso at=E9 tive alguns resultados).
Honestamente n=E3o posso dar s=F3 os parab=E9ns =E0s pessoas quando vejo ta=
nta
gente que n=E3o est=E1 sequer informada de que pode estar a prejudicar as
pessoas. A ind=FAstria de software propriet=E1rio habituou-se a tratar os
seus clientes como lixo (lusers), desde a Microsoft (desde um banco que
teve de contratar dez vezes mais pessoal para lidar com a nova vers=E3o de
um software feito pela MSFT a uma empresa que eu conhe=E7o a quem foi dito
que n=E3o eram suficientemente grandes para lhes darem o patch para o
problema que tinham), =E0 SUN (ainda n=E3o lhes perdoei do patch de
seguran=E7a a que n=E3o tinha acesso por o contrato de manuten=E7=E3o do T=
=E9cnico
n=E3o ser gold) at=E9 empresas mais pequenas e nacionais como a Primavera
(campos de nomes limitados a 100 caracteres ? Em que mundo =E9 que eles
vivem ?). Tudo isto porque t=EAm a faca e o queijo na m=E3o (Se usas window=
s
aconselho-te a reler a licen=E7a do Media Player, pode ser que apanhes um
susto quando perceberes que concordaste em abdicar da tua privacidade).
Eu sei (ok, acredito =E9 capaz de ser a palavra correcta) que o software
livre vai dar uma volta =E0 ind=FAstria de software (o facto de dar mais
escolha ao cliente final a um pre=E7o irris=F3rio costuma indicar vencedore=
s
no mercado - o objectivo do cliente =E9, como um CEO americano dizia,
"Free, Perfect and Now" - o software livre t=EAm-se mostrado =E0 altura do
desafio). O futuro o dir=E1...
--=20
Joao Miguel Neves
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Comment: Para mais informações veja http://www.gnupg.org
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=fF3j
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