[ANSOL-geral]Busca de projectos open-source portugueses...
Luciano Miguel Ferreira Rocha
strange arroba nsk.yi.org
Tue, 8 Jan 2002 20:26:16 +0000
On Tue, Jan 08, 2002 at 02:24:40PM +0000, Jaime E . Villate wrote:
> A parte que diz
> «E por favor não fales de "projectos open source", mas sim de "p=
rojectos
> de software livre"»
Com isto concordo plenamente.
> Já temos discutido anteriormente sobre se deveria-mos ou não utiliz=
ar software
> proprietário; para mim a escolha não pode ser comparada à escolha=
da côr da
> roupa: eu gosto de vestir de azul, tu vestes de vermelho e não vou te=
ntar
> obrigar-te a vestires de azul. É algo totalmente diferente, pois a cr=
iação e
> uso de software proprietário envolve problemas éticos: põe em ris=
co a
> liberdade de outros programadores e utilizadores de software.
Em que sentido? Até agora ninguém me apontou uma arma à cabeça e me obrigou
a usar software proprietário. E mesmo que o tivessem feito, continuaria
livre de decidir a não o usar. Seria um preço demasiado grande a pagar?
Depende claro do que se está a provar, e nalguns casos, que não incluo
este, o preço maior seria transigir.
E conforme está definido o conceito de liberdade neste mundo de agora,
alguém ir contra a tua ética ou moralidade não é um acto de violação da
tua liberdade. Pelo contrário, expressares o teu desprezo ou preferência
conforme essa ética ou moralidade já vai contra o princípio de liberdade
nalguns países (notoriamente nos EUA).
> Há quem diz "já que vocês defendem a liberdade no software, entã=
o respeitem a
> minha liberdade de produzir software proprietário"; o problema é qu=
e a
> liberdade de cada um termina onde começa a liberdade dos outros (Libe=
rdade =
> Direito de proceder conforme nos pareça, contanto que esse direito nã=
o vá
> contra o direito de outrem).
E para muitos, e legalmente, impôres tu o que outrem pode escolher como
licença de um seu produto, ou que produto usar conforme a sua licença é
violar a liberdade dessa pessoa. Usar essa pessoa um produto desses ou
licença dessas não vai contra a, pelo menos, minha liberdade...
> E se rirem na minha cara por lhes propor usar licenças livres ou por =
me
> recusar a ler um ficheiro Word, pois já me aconteceu, mas não é p=
or isso que
> vou mudar os meus princípios.
E por se rirem na tua cara estão a retirar-te liberdades?
> Quanto à tolerância, em muitos casos acho que as pessoas têm boa =
vontade mas
> não estão bem informadas ou julgam que não têm outra saída.
Para estes casos e outros é que foi(será?) fundada
> Há que ter alguma tolerância mas há também que exercer pressã=
o para mudar
> as coisas. No caso
Onde está essa tolerância quando se diz que uma pessoa não tem a liberdade
de escolher o licenciamento da sua criação? Ou que não tem a liberdade de
usar o software melhor indicado para o seu caso?
> concreto da ANSOL, já tenho dito que acho que nos órgãos directiv=
os devem
> ficar pessoas dedicadas de cheio ao software livre e não alguém que=
defenda o
> software livre às segundas quartas e sextas unicamente, ou que no pró=
ximo mês
> aceite um trabalho com a Microsoft.
Concordor com isso, e tudo o resto. Apenas continuo a não concordar que
outra pessoa decidir por si própria a licença para um seu produto vá contra
a tua ou minha liberdade.
Afinal, também aceito a liberdade que cada um tem de decidir ser um justo
ou um iníquo...
> (1) Não acredito que ninguém tenha sido nunca obrigado a usar softw=
are
> proprietário. O que acontece é que por vezes não estamos disp=
ostos a
> aceitar as consequências de recusar o software proprietário.
Não querer aceitar as consequências dos seus actos não é sinómino de lhe
terem pisado a sua liberdade...
> Algum aluno
> já me disse que para mim é fácil rejeitar o software propriet=
ário porque
> tenho um emprego estável; é verdade que para alguns de nós as
> consequências são menores, mas mesmo no meu caso a minha escolh=
a tem o
> seu custo (marginalização dentro dum grupo de docentes pro-wind=
ows,
> dificuldades de progressão na carreira, não me deixarem leccion=
ar
> disciplinas de informática, etc).
E desde quando passou este mundo a marginalizar os que se venderam e não
os que permaneceram fiéis?
Não tenho gostado desta conversa, e gostei menos quando o RMS indicou
uma página do RMS original em que este dizia que as pessoas não têm o
direito de escolher as suas licenças ou o software que usam.
E ainda gosto menos quando me lembro que toda esta intransigência é
parcialmente hipócrita pois os que a apregoam aplicam a sua filosofia
restringida ao universo do "software", ignorando todos os outros em
que este se inclui e depende....
Cumprimentos,
Luciano Rocha
--
Luciano Rocha, strange arroba nsk.yi.org
The trouble with computers is that they do what you tell them, not what
you want.
-- D. Cohen