[ANSOL-geral]Busca de projectos open-source portugueses...

Jaime E . Villate villate arroba gnu.org
Tue, 8 Jan 2002 14:24:40 +0000


On Mon, Jan 07, 2002 at 08:21:01PM +0000, Vasco Figueira wrote:
> Viva,
> 
> Paulo Casanova wrote:
> 
> >> E por favor não fales de "projectos open source", mas sim de 
> >> "projectos de
> >> software livre". Open Source e Software Livre são dois movimentos 
> >> diferentes,
> >> e o objectivo da ANSOL é apoiar o segundo, não o primeiro.
> > 
> >   Um pequeno comentário: embora se tenha de ter cuidado com a difer=
ença, 
> > não vale a pena estarmos a criar divisões em coisas que deverão=
 "lutar" 
> > juntas. O nosso problema, neste momento, não é software livre vs =
open 
> > source mas sim, penso eu, software livre + open source vs software 
> > "comercial"...
> 
> Subscrevo inteiramente.
> -- 

A parte que diz
   «E por favor não fales de "projectos open source", mas sim de "projectos
    de software livre"»

foi escrita por mim, em resposta a uma mensagem enviada por Andre Esteves no
19 de Dezembro; na mensagem de hoje do Vasco, o meu comentário ficou fora de
contexto. O contexto era o seguinte: Andre Esteves criou uma lista de
projectos mantidos em Portugal, para publicar no site de ANSOL, e deu-lhe o
título "Projectos open-source portugueses".
Consta-me que em vários dos projectos da lista o autor do projecto faz questão
em que o seu projecto seja designado de "Software Livre" e não de
"Open Source"; daí o meu pedido para que o Andre mudasse o título da página
(não pretendia estar a criar nenhumas divisões).

Mas já agora que se gerou uma discussão à volta de software livre
vs. proprietário, aproveito para cumprimentar a J. M. Cerqueira Esteves (acho
que nunca antes o tinha ouvido nesta lista e que não o conheço); identifico-me
com as suas ideias e julgo que também são partilhadas pelo grupo que temos
participado nas reuniões de criação da ANSOL e estão reflectidas nos estatutos
que serão assinados pelo notário na próxima segunda-feira.

Já temos discutido anteriormente sobre se deveria-mos ou não utilizar software
proprietário; para mim a escolha não pode ser comparada à escolha da côr da
roupa: eu gosto de vestir de azul, tu vestes de vermelho e não vou tentar
obrigar-te a vestires de azul. É algo totalmente diferente, pois a criação e
uso de software proprietário envolve problemas éticos: põe em risco a
liberdade de outros programadores e utilizadores de software.

Há quem diz "já que vocês defendem a liberdade no software, então respeitem a
minha liberdade de produzir software proprietário"; o problema é que a
liberdade de cada um termina onde começa a liberdade dos outros (Liberdade =
Direito de proceder conforme nos pareça, contanto que esse direito não vá
contra o direito de outrem).

E se rirem na minha cara por lhes propor usar licenças livres ou por me
recusar a ler um ficheiro Word, pois já me aconteceu, mas não é por isso que
vou mudar os meus princípios.

Quanto à tolerância, em muitos casos acho que as pessoas têm boa vontade mas
não estão bem informadas ou julgam que não têm outra saída. Há que ter alguma
tolerância mas há também que exercer pressão para mudar as coisas. No caso
concreto da ANSOL, já tenho dito que acho que nos órgãos directivos devem
ficar pessoas dedicadas de cheio ao software livre e não alguém que defenda o
software livre às segundas quartas e sextas unicamente, ou que no próximo mês
aceite um trabalho com a Microsoft. Isto não impede que não possam colaborar
pessoas que trabalham também com software proprietário. Dou-me muito bem com
dois alunos daqui da FEUP, que têm participado activamente no lançamento da
ANSOL e que não partilham a minha escolha de rejeitar o Windows e outros
programas proprietários; mas os dois concordam comigo em que a ANSOL fica
melhor representada por pessoas que não sejam "obrigadas"(1) a usar software
proprietário.

Aproveito para desejar um feliz ano a todos os membros da lista.

Jaime

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(1) Não acredito que ninguém tenha sido nunca obrigado a usar software
    proprietário. O que acontece é que por vezes não estamos dispostos a
    aceitar as consequências de recusar o software proprietário. Algum aluno
    já me disse que para mim é fácil rejeitar o software proprietário porque
    tenho um emprego estável; é verdade que para alguns de nós as
    consequências são menores, mas mesmo no meu caso a minha escolha tem o
    seu custo (marginalização dentro dum grupo de docentes pro-windows,
    dificuldades de progressão na carreira, não me deixarem leccionar
    disciplinas de informática, etc).