[ANSOL-geral]Sobre palavras "tabu" e anti-corpos e a caravana
a pisar-nos
Rui Miguel Seabra
rms arroba 1407.org
Wed Dec 4 18:40:01 2002
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On Wed, 2002-12-04 at 17:17, Carlos Baquero Moreno wrote:
> On 4 Dec 2002, J M Cerqueira Esteves wrote:
>
> N=C3=A3o vou conseguir precisar agora e com exemplos cred=C3=ADveis as si=
tua=C3=A7=C3=B5es
> concretas em que vi esses anti-corpos a serem criados. Correndo o risco d=
e=20
> meter tudo no mesmo saco, s=C3=A3o impress=C3=B5es que fui recolhendo ao =
longo dos anos,=20
> em coisas que li e conversas que tive. As minhas desculpas, pela assumida
> fraqueza da resposta.=20
Tudo bem, mas agradecemos os exemplos cred=C3=ADveis mais cedo ou mais tard=
e=20
pode ser? (mas por favor n=C3=A3o muito tarde)
> Para mim a fronteira a partir da qual se geram anti-corpos =C3=A9 quando =
se assume=20
> que h=C3=A1 uma receita unica para todos os males.=20
> Por exemplo n=C3=A3o acho que o LGPL seja sempre pior do que GPL e por ai=
adiante.=20
H=C3=A1 muitas licen=C3=A7as de software livre. N=C3=A3o se est=C3=A1 aqui =
a discutir se =C3=A9 a
GPL ou a LGPL que deve ser aplicada em cada caso. Podem surgir motivos
estrat=C3=A9gicos para certos tipos de licen=C3=A7as (hint: glibc =C3=A9 LG=
PL e o gcc =C3=A9
GPL; com um linka-se, com o outro, os execut=C3=A1veis s=C3=A3o o resultado=
do
programa, algo que a licen=C3=A7a n=C3=A3o cobre).
> Contudo, concordo plenamente que uma vez escolhida uma licen=C3=A7a, por =
exemplo a
> GPL, a batalha juridica pelo direito =C3=A0 sua interpreta=C3=A7=C3=A3o e=
strita tem
> obviamente de ser digital. A=C3=AD n=C3=A3o h=C3=A1 interpreta=C3=A7=C3=
=B5es ideol=C3=B3gicas, h=C3=A1 o
> direito do autor de escolher e garantir um dado modelo.=20
'obviamente de ser legal', certo? :) N=C3=A3o faz mal, acontece.
> Acima de tudo acredito na liberdade do autor de definir como =C3=A9 aplic=
ado o
> seu trabalho.=20
> Um programador que faz c=C3=B3digo fechado ao fim da tarde na sua casa e =
que o=20
> vende ou coloca na Net n=C3=A3o =C3=A9 um ser mal=C3=A9fico.=20
A maldade pode surgir por ignor=C3=A2ncia (ali=C3=A1s, h=C3=A1 quem diga qu=
e =C3=A9 a sua
=C3=BAnica fonte).
Eu tamb=C3=A9m gosto de colocar os termos certos nos s=C3=ADtios certos. C=
=C3=B3digo
fechado pressup=C3=B5e a exist=C3=AAncia de c=C3=B3digo aberto. Creio que j=
=C3=A1 v=C3=A1rias
vezes se disse porque =C3=A9 que se fala de software livre e n=C3=A3o de c=
=C3=B3digo
aberto[1].
Reflecte seriamente sobre as seguintes quest=C3=B5es, e espero que com algu=
ma
facilidade consigas perceber porque =C3=A9 que =C3=A9 maldoso criar softwar=
e
propriet=C3=A1rio ("The love of liberty is the love of others; the love of
power is the love of ourselves." -- William Hazlitt)[2]:
0. Serias realmente capaz de abdicar da liberdade de correr qualquer
programa para qualquer prop=C3=B3sito que te lembres? Como paralelo,
gostarias de comprar um livro que te proibisse do o colocar na
horizontal mesmo que n=C3=A3o tenhas espa=C3=A7o na estante?
1. Serias realmente capaz de abdicar da liberdade de estudar como
funciona e possivelmente adapt=C3=A1-lo =C3=A0s tuas necessidades? Isto n=
=C3=A3o se
resume por ter acesso ao c=C3=B3digo, embora isso seja fundamental, h=C3=A1=
quem
tenha per=C3=ADcia para analisar c=C3=B3digo bin=C3=A1rio, embora isso cust=
e muito
mais, e ainda assim conseguir fazer algo que cumpra o mesmo objectivo.
2. Serias realmente capaz de abdicar da liberdade de fazer uma c=C3=B3pia
assim ajudando, por exemplo, um amigo? Quando algu=C3=A9m te pede uma c=C3=
=B3pia
de um programa, normalmente n=C3=A3o recusas porque a licen=C3=A7a to pro=
=C3=ADbe,
especialmente se o programa for mesmo a calhar...
3. Serias realmente capaz de abdicar da liberdade de publicar as
melhorias feitas a programas, beneficiando assim toda a comunidade?
Leste um paper, verificaste que era poss=C3=ADvel com um bocadinho de ajuda
tornar aquilo ideal, por=C3=A9m a licen=C3=A7a do conte=C3=BAdo era proprie=
t=C3=A1ria, e o
autor n=C3=A3o te responde. E o mundo perdeu uma melhoria potencialmente
significativa...
Aten=C3=A7=C3=A3o: estas perguntas requerem que assumas como axiomas:
A) manter a honra e a independ=C3=AAncia
B) ajudar o pr=C3=B3ximo
C) cumprir a lei
A EUCD pretente legalizar licen=C3=A7as que te impe=C3=A7am de usufruir a
liberdade 0 ao permitir que o detentor do direito de autor (pode n=C3=A3o s=
er
o autor <-- pormenor importante!) defina o teu acesso =C3=A0 obra.
A EUCD pretende legalizar licen=C3=A7as e m=C3=A9todos tecnol=C3=B3gicos qu=
e te impe=C3=A7am
de usufruir a liberdade 1.
> Mal=C3=A9fico =C3=A9 um estado requerer ou divulgar documentos que s=C3=
=B3 podem ser=20
> manipulados por software fechado comercial.=20
O facto de isso ser maquiav=C3=A9lico, n=C3=A3o torna menos mau (ou mesmo b=
om) que
algu=C3=A9m pretenda assumir-se como teu superior, em vez de teu igual.
> > Uma estrita "delega=C3=A7=C3=A3o portuguesa da FSF" incomodaria?=20
> A mim n=C3=A3o me incomodaria nada. A postura seria clar=C3=ADssima.
H=C3=A1 falta de clareza na postura actual da ANSOL? O portugu=C3=AAs dos
estatutos =C3=A9 da indochina?
> Sim, mas uma alimenta=C3=A7=C3=A3o saud=C3=A1vel tem todos os alimentos :=
). Acho, que se deve
> adoptar as posturas r=C3=ADgidas onde elas s=C3=A3o mesmo necess=C3=A1ria=
s. Por exemplo,
> para verificar se existe spyware basta poder olhar para o c=C3=B3digo, n=
=C3=A3o =C3=A9
> preciso poder distribuir modifica=C3=A7=C3=B5es.=20
Errado. Exemplo r=C3=A1pido: Microsoft 'shared source'. Assinas um bel=C3=
=ADssimo
NDA. Ai da empresa que alguma vez te contrate e lide com a =C3=A1rea de
neg=C3=B3cio pr=C3=B3xima ao c=C3=B3digo que olhaste.
Once again: o importante n=C3=A3o =C3=A9 ter o acesso ao c=C3=B3digo. Ter o=
acesso ao
c=C3=B3digo =C3=A9 uma pr=C3=A9-condi=C3=A7=C3=A3o para duas liberdades.
> Radicalismo na dose certa (seja l=C3=A1 qual ela f=C3=B4r) n=C3=A3o =C3=
=A9 radicalismo.=20
Esta perspectiva implica que ou se =C3=A9 radical ou se =C3=A9 indeciso, po=
is dose
certa =C3=A9 algo certamente muito subjectivo.
> Como d=C3=A1s a entender =C3=A9 ineg=C3=A1vel que as op=C3=A7=C3=B5es pol=
=C3=ADticas (no sentido geral) de
> cada um t=C3=AAm, infelizmente, uma certa influ=C3=AAncia na forma como s=
e observa
> estes assuntos. Contudo acho que h=C3=A1 bem mais patrim=C3=B3nio em comu=
m do que
> motivos para discord=C3=A2ncia. Cabe a cada um controlar os seus impulsos
> ideol=C3=B3gicos e n=C3=A3o deixar que eles minem a que h=C3=A1 de comum.=
=20
Eu sou a favor do projecto de lei que o BE apresentou.
Eu n=C3=A3o me revejo em nenhum dos partidos presentes na democracia
portuguesa.
Considero o meu esp=C3=ADrito forte o suficiente para n=C3=A3o ser influenc=
iado
por alguma op=C3=A7=C3=A3o partid=C3=A1ria.
[1] http://www.fsfeurope.org/documents/whyfs.pt.html
[2] http://www.gnu.org/philosophy/freedom-or-power.html
--=20
+ No matter how much you do, you never do enough -- unknown
+ Whatever you do will be insignificant,
| but it is very important that you do it -- Gandhi
+ So let's do it...?
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