[ANSOL-geral]Interpelação à direcção da ANSOL.

António José Coutinho ajc arroba eurotux.com
Tue Dec 3 13:17:01 2002


Olá a todos

Durante os meses em que a ANSOL existe, a sua direcção tem conduzido as 
seus destinos com uma posição extremamente fundamentalista em relação ao 
software livre, que causam desconforto em muitos dos membros, reduzindo 
muitos ao silêncio e até afastando outros da Associação.

Dois pontos críticos dessas atitudes estão reflectidos em e-mails que
 encontrei no arquivo, em que se deixa claro que em circunstância nenhuma 
se pode usar software proprietário, nem que não existam alternativas, e que a 
liberdade de escolha das das pessoas vale menos que a liberdade do software.

Sendo claro desde o início que este tipo de atitudes são uma forma pouco 
eficaz de defender seja o que fôr - pois o seu efeito sobre as pessoas de 
bom-senso oscila entre indigna-las ou faze-las rir, mas raramente 
convence-las - logo houve vozes, nas que me incluo, que na lista e na reunião 
geral advogaram uma posição mais gradualista e moderada. 

A direcção continuou no seu caminho, que culminou no Porto Cidade Tecnológica
2002, envento em que se aconteceram coisas, como demonstro a seguir, que 
exigem que a direcção dê uma explicação pública aos membros da associação, 
em particular explicando se apenas se deixaram ultrapassar pelos 
acontecimentos e cobrir de rídiculo, ou se finalmente perceberam que as 
posições que defendiam eram impossíveis de pôr na prática.

Mas vejamos as "provas"

Jaime Villate em 12 Nov 2001 
   http://listas.ansol.org/pipermail/ansol-geral/2001-November/000224.htm=
l
>
>On Sat, Nov 10, 2001 at 01:24:54PM +0000, Rui Leite wrote:
>> Nem todas as pessoas podem / querem / sabem escrever código para cri=
ar
>> essas alternativas. Enquanto não houver alternativa... usar software=
 
>> proprietário não  é crime nenhum.
>
> E, por isso, nem todas as pessoas deveriam pertencer a ANSOL.
> Ninguem é nunca obrigado a usar software proprietario; há sempre a =
opção
> de não usar nada :-)

Um pouco depois, na mesma discussão:
http://listas.ansol.org/pipermail/ansol-geral/2001-November/000241.html
Jaime Villate:
>O software proprietário "é contra o direito de outrem"; assim, a opç=
ão
>entre software livre ou proprietário não é uma questão de liberd=
ade
>de escolha.
>

E agora, no incidente "Minho Campus Party / Porto Cidade Tecnológica":
> Sim, podemos disponibilizar um stand sempre que seja usado unicamente p=
ara
> divulgar software livre e não software proprietário (segundo perceb=
í
> Minha Campus Party não está limitada ao software livre).
>

Resumindo a situação Cidade Tecnológica: a ANSOL apresentou-se como 
organizadora dos evento, em particular na secção de jogos, tendo 
imediatamente excluido jogos proprietários, e planeando uma fantástica 
maratona de competições que iam desde o Frozen-Bubble até ao Tux Racer, 
embora com preocupações com o uso de placas aceleradas com drivers 
proprietários.

Sobre este tema um amigo meu disse que faltava uma palavra na língua 
portuguesa para descrever este projecto: "silly"

Neste contexto a frase "Segundo percebí a Minha Campus Party não está limitada 
ao software livre" referia-se claramente ao facto de na MCP se jogar coisas 
como Quake3 e Unreal, o o que a colocaria um pouco fora do aceitável num
evento completamente livre como a PCT2002... Em suma, uma atitude coerente com 
os fundamentalismos acima.

Então porque é que eu estou aqui a levantar esta confusão toda?

Porque o fantástico evento "livre" da associação em que é obrigatório ser 
livre teve de facto uma maratona de jogos, mas de jogos proprietários, como o 
Quake3. Foi uma competição oficial, com prémios e tudo. 
http://reinolinux.fe.up.pt/games/

E agora?

Que diz a direcção?

Afinal é tolerável misturar software proprietário num evento "puro" de 
promoção de software livre?

Ou simplesmente não tiveram mão nos acontecimentos e o resto da organização 
impôs algum bom senso naquilo tudo? Mas nesse caso, não deve a ANSOL fazer um
comunicado público a dissociar-se do evento Porto Cidade Tecnológica, por não 
ter sido um evento limitado ao software livre.

Não deverá a direcção assumir que em termos de defesa de sofware livre o 
evento foi um fiasco, uma vez que o principal jogo em competição era software 
proprietário, e praticamente provaram não ser possível ter um evento destes 
só baseado em software livre, que é exactamente o contrário que queriam 
demonstrar?

Não deverá a direcção admitir que se cobriu de rídiculo, e com ela a ANSOL 
toda, e por arrastamento a defesa do software livre.

Não  deverá a direcção demitir-se?

Melhores Cumprimentos,

António Coutinho

P.S.
A resposta enlatada: "todos os membros poderiam estar lá para ajudar..." não 
se aplica aqui. Estamos a falar de decisões e posições da direcção da ANSOL, 
que, neste tipo de assuntos, nunca se coibiu de silenciar os opositores nem 
que fosse perguntando-lhes se não estariam na associação errada.


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