[ANSOL-geral] Dia negro para o Software Livre: Microsoft compra Github

Rui Miguel Silva Seabra rms 1407.org
Segunda-Feira, 2 de Julho de 2018 - 11:21:23 WEST


On Sun, 2018-07-01 at 11:16 +0100, Ricardo Lafuente wrote:
> > O Google e o Facebook são muito pouco amigos, se formos a ver
> > concretamente, normalmente cumprem os mínimos olímpicos e no caso
> > do Android o Google até está a tornar componentes chave do AOSP
> > autênticos abandon-ware em troca das versões proprietárias que põe
> > no Google Play.
> > 
> > E então sobre standards é melhor nem falar, que até tenho vergonha
> > de dizer que o iPhoney assenta mais sobre standards abertos que o
> > Android pois este, sob influência do Google, cada vez mais tem
> > substituídos normas abertas por versões proprietárias.
>  
> Aqui já não posso concordar. Mesmo na interpretação mais generosa, a
> Apple não é nada amiga dos standards abertos, e mostra como pouco
> adianta estar com alicerces sobre standards abertos quando o produto
> final é um bloco fechadíssimo. 

Calma, eu não disse o que estás a interpretar, o que eu disse é que o
iPhoney assenta mais sobre standards abertos que o Android :)

A ilusão principal consiste em pensar que um é aberto pois ambos (sim,
Android incluído) são um bloco fechadíssimo para virtualmente todos os
equipamentos e utilizadores. Os Androids para os quais é possível ter
um Android livre são uma migalha no oceano de devices, e aqueles em que
sem drivers ou firmware fechado têm tudo a funcionar são uma migalha
dentro da migalha.

> O Google também está longe de ser amigo dos open standards (agora que
> já não dá tanto jeito como dantes!), mas ainda é possível criar e
> usar forks livres do Android (Cyanogen, LineageOS), coisa que nunca
> vamos ver no caso do iOS.

E é cada vez mais difícil de o fazer quanto mais eles puxam
funcionalidade para a Google Play Services Foundation (ou lá como raios
se chama).

> > Fui eu que falei em domesticado, domesticado senão morto. É claro
> > que ficam menos mal na figura se conseguirem convencer a comunidade
> > a ser domesticada do que se fizerem guerra aberta, é por isso que
> > os principais problemas da Microsoft contra o software livre se
> > movem nas sombras e à luz do sol só vês cordeiros.
>  
> O meu argumento era de que não é só a Microsoft que tenta fazer
> "open-washing" (ou "pele de cordeiro"), e que podes estender esta
> crítica a outros tech giants (Google, FB, Amazon, et al) que
> normalmente não são contemplados por este tipo de censura.

Poucos são sequer próximos da ativamente presente pressão anti software
livre feita pela Microsoft, por isso é que é problemático ver a
mensagem de que "há eles mudaram". Não mudaram...

> > > Claro que é nestas alturas que importa distinguir entre o "open
> > > source" (não uso as aspas por acaso) e o software livre --
> > 
> > Por favor, não vamos erguer muros de Berlim. Isto é abominável e
> > uma mentira contra-produtiva. Não colabores com a Microsoft!
> > 
> > > no Google por exemplo, o pessoal é avisado para nem olhar para
> > > código GPL ou AGPL. O modelo livre sim, eles querem-no bem morto.
> > 
> > MIT é tão software livre como GPL/AGPL, e esta é tão open source
> > como Apache 2.
> > 
> > Insistir em separações completamente artificiais da comunidade é
> > servir o inimigo, mesmo que sem o querer fazer.
>  
> Rui, esta terminologia não ajuda nada à discussão. Estamos do mesmo
> lado e não precisas de falar de "colaborar" ou "servir o inimigo". 
> 
> Não sou eu quem estabelece fronteiras entre "open source" e "software
> livre" -- é o próprio Stallman quem faz questão de apontar as
> diferenças no ensaio fundamental Why Open Source Misses the Point of
> Free Software.

O Stallman não introduziu a fronteira, foram os promotores iniciais do
movimento Open Source que a introduziram criando uma forma de rejeitar
os conceitos de liberdade do Software Livre numa versão mais apetecível
às empresas proprietárias e ele *reage* a algo que lhe é muito próximo
do que o faz mexer há décadas.

Mas eu não sou o Stallman. Isto não é a minha criação e obra que
deixarei para a humanidade.

Para mim na prática não há diferença prática, apenas diferem
teoricamente na aproximação ao tema e isso não deveria ser motivo de
separação da comunidade.

Na minha opinião não deve haver a promoção da diferença pois a divisão
da comunidade é algo que interessa ao inimigo e este não se coíbe de a
espicaçar em todas as oportunidades.

Na minha opinião tal tem de ser combatido e rejeitado, somos uma
comunidade com muitos pontos de vista e só assim seremos mais fortes.

> A distinção não é neste caso uma mentira abominável, é uma
> necessidade se queremos ser sérios a falar das questões em jogo
> quando se fala de proprietário vs livre, e para enquadrarmos bem a
> realidade de hoje em dia que já está algo longe dos 90's em que os
> campos estavam bem delineados em nós contra eles (GNU vs Microsoft).
> Basta olhar para quem a MS vai colocar no comando do GitHub -- um
> antigo developer do GNOME! -- para evidenciar como a coisa já não é
> tão simples de ler.

A malta de topo no Xamarin sempre foram uns amigalhaços da Microsoft, e
finalmente foram fully integrated into the mothership. Desculpa mas os
créditos de mil novecentos e troca o passo não chega para se chamar
developer do GNOME. Se assim é tb sou developer do AbiWord e do
Enlightenment... :)

> E vivó livre.

Viva :)

Abs,
Rui
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