[ANSOL-geral] Apelo — Pela defesa dos direitos digitais em Portugal
Eduardo Santos
eduardoflsantos hotmail.com
Segunda-Feira, 20 de Junho de 2016 - 21:38:04 WEST
Viva,
Peço desculpa pela intromissão, mas gostaria de divulgar aqui um apelo à criação de uma organização que se dedique à defesa dos direitos digitais, em Portugal.
Essencialmente, procuro quem tenha vontade de iniciar um projecto destes. Agradeço todo o feedback.
Sem mais, o texto:
Apelo — Pela defesa dos direitos digitais em Portugal
Aos activistas nacionais.Viva,
Sei
que não deve ser o primeiro apelo que lêem, sobre o assunto. Nem sequer
o primeiro projecto dedicado a este assunto que tenta passar do papel.
Há
muitos anos que faz falta quem em Portugal se dedique à luta pelos
direitos digitais, de uma forma minimamente organizada e dedicada.
Infelizmente, tentativas anteriores não chegaram a bom porto. Mas a
necessidade de uma tal organização não diminuiu, bem pelo contrário. E a
cada dia torna-se mais urgente debater e trazer para agenda e debate
públicos o tema dos direitos digitais. Porque a imprensa não o fará,
cada um de nós, por si só, também não o conseguirá, e as pouquÃssimas
entidades que têm travado esta batalha, estão sozinhas e sem voz nesta
luta.
Está na altura de nos organizarmos.
Não
era intenção minha ter já à partida um projecto e respectivas áreas de
actuação bem delineados para vos propor, antes prefiro deixar isso para
um momento posterior (e também me escuso a explicitar aqui a importância
do tema dos direitos digitais. Se não compreende a expressão ou não
está familiarizado os temas à sua volta, este apelo, por ora, não se
destina a si — falamos mais tarde!).
Mas
existem áreas que são incontornáveis: O direito à privacidade, a
liberdade de expressão, a neutralidade da rede, a defesa dos direitos e
interesses públicos na regulação dos direitos de autor, a oposição à s
medidas de vigilância massiva dos cidadãos.Nada de original tem esta agenda, para quem conhece a americana EFF ou a europeia EDRi. Precisamos de algo semelhante, por cá.
O ovo e a galinha
Das
vezes que abordei este assunto com alguém, a conversa rapidamente se
direccionava para aspectos como o tipo de organização, liderança,
enquadramento legal, estatutos, quotas, burocracias, custos. Como se um
grupo de pessoas que defende uma ideia tivesse, antes de mais nada, que
se registar num qualquer “registo nacional de grupos de pessoas que
defendem coisasâ€. Como se a parte burocrática é que desse origem ao
elemento pessoal. Como se a organização de uma estrutura fosse mais
importante que o movimento que lhe deu origem. Deixemos tudo isso de
lado, por agora. Todos esses aspectos são ainda meros pormenores. Porque
não existirá nenhuma organização, se não houver pessoas que a apoiem,
se não existir um movimento que lhe dê origem.
O
meu apelo é esse, é à mobilização de pessoas. Sei que existem
variadÃssimas pessoas em Portugal que se interessam e vão escrevendo
sobre estas temáticas, cada uma para seu lado. Sei que existem pessoas
interessadas pelos temas, sei que aos problemas apresentados lhes é
reconhecida relevância e necessidade urgente de respostas, mas ainda não
sei se existirá vontade para dar o passo seguinte: juntar algumas
dessas pessoas para tentar fundar um movimento.
E, posteriormente, existindo, de facto, um movimento, fundar-se então uma organização mais formal.
O
projecto que idealizo seria de natureza civil (por oposição a um
projecto polÃtico-partidário), e seria feito de modo a abranger tanta
gente quanto possÃvel.
Nele
caberiam tanto o maior defensor de software livre, que se recusa a usar
outro tipo de software, como o maior fã da Microsoft, que estivesse
preocupado com questões de privacidade; o membro de um Partido Pirata
que propõe a legalização total da partilha de ficheiros, mas também
aquele que, sendo defensor do direito de autor, propugne antes de mais
pela defesa do interesse público, na balança de interesses a ponderar,
nesta matéria.Um
projecto em que pessoas com os mais variados pensamentos, ideias e
motivações pudessem congregar, no objectivo comum da defesa dos direitos
digitais.
Neste
tipo de coisas, dizem-me, existem dois factores que têm o mau hábito de
minar iniciativas bem intencionadas: Egos e (falta de) dinheiro. Pois
bem, quanto ao primeiro, é inerente à condição humana, não lhe conheço
um antÃdoto, mas é um factor que estará sempre presente em todo o tipo
de organizações, não sendo por isso que elas não avançam. Quanto ao
segundo factor, infelizmente, penso ser de assumir logo à partida que se
deverá contar com orçamento zero (i.e., dependendo somente do trabalho e
contribuições não-monetárias daqueles que estão directamente
envolvidos). Há imensa coisa que se pode fazer com orçamento zero,
nomeadamente o básico de qualquer iniciativa nos dias de hoje: um site
bem estruturado com todas as informações sobre os problemas que
enfrentamos e as ideias que defendemos, explicitados de modo a serem
facilmente apreendidos pelo comum cidadão (é bem mais difÃcil do que
parece). Posteriormente, havendo orçamento, outros vôos seriam
possÃveis. Mas não nos preocupemos com isso hoje.
Hoje,
não discutimos os comos, os quandos, o quanto. Hoje, discutimos se
temos pessoas e vontade. Existindo estes, o resto se seguirá.
Se
for do vosso interesse participar na criação de um projecto como este,
por favor manifestem-se. Medium (comentários), email, Facebook, Reddit…
Agradece-se a partilha.
Link:
https://medium.com/@Edd_S/apelo-pela-defesa-dos-direitos-digitais-em-portugal-cd7462e8dced#.q75hackzz
Grato pela atenção!
Eduardo Santos
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