Re: [ANSOL-geral] estudo sobre impacto pirataria informática e relação com o Software livre e opensource

Ricardo Pinho ricardodepinho gmail.com
Segunda-Feira, 28 de Maio de 2012 - 19:44:16 WEST


Permitam-me que discorde totalmente.

Eu considero a PIRATARIA UM PROBLEMA, e grave, da nossa sociedade e não
tenho qualquer problema em concordar nesse ponto com M$ e companhia!

Tal como a fuga aos impostos, não passar recibos, etc, é tudo uma questão
de seriedade, equidade, respeito e cumprimento das regras. Se não estão de
acordo com as regras então mudem-nas... e não, primeiro as aceitam e depois
desrespeitam-nas.

Pirataria é quebrar um contrato firmado entre as partes, e seja ou não
considerado crime, é uma quebra de confiança e de compromisso. Podem tecer
os maiores devaneios (de direito) sobre esta matéria, mas se não concordas
com os termos de um contrato que te propõem então a atitude certa é não
aceitar o contrato, não comprar e não usar! (esta é a minha visão simplista
da coisa, de Engenheiro).

Quando nas escolas os professores incitam à copia de software com
restrições de cópia e de uso, estão a promover junto dos jovens a ideia de
que a lei pode e deve ser ignorada e violada... é esta a educação de
cidadania que damos às próximas gerações com a pirataria!

Acredito sinceramente, que o software livre só terá futuro quando TODOS
encararmos que "pirataria é um problema" e só o conseguimos combater usando
software livre, aceitando outro tipo de contrato.

Apenas uma opinião, façam como quiserem...

Boa sorte,
Ricardo


No dia 28 de Maio de 2012 07:28, Rui Miguel Silva Seabra <rms  1407.org>escreveu:

> Para dizer coisas dessas era preciso que subscrevessemos a ideia de que
> a pirataria é um problema.
>
> Como não é, não vamos juntar a nossa voz a essas vozes :)
>
> Rui
>
> On Sun, 27 May 2012 23:11:03 +0100
> Ricardo Pinho <ricardodepinho  gmail.com> wrote:
>
> > Caros,
> >
> > Mesmo a ser verdade, histórias complexas de conspiração como essa, não
> > pegam na opinião publica.
> >
> > Pediram sugestões para uma resposta da ANSOL ao estudo em questão.
> > Juntei o meu contributo, pois a questão parece-me importante e
> > assistia a um conjunto de respostas desenquadradas do que se pediu.
> > Os pilares base da resposta que sugiro passa por esclarecer de forma
> > fundamentada:
> >
> > 1. COPIAR SOFTWARE LIVRE NÃO É PIRATARIA. DEVEMOS COMBATER A
> > PIRATARIA, PROMOVENDO E USANDO SOFTWARE LIVRE!
> >
> > 2. CONTINUAR A COMPRAR LICENÇAS APENAS CONTRIBUI PARA MANTER A SAÍDA
> > DE DIVISAS DE PORTUGAL, APROFUNDA A NOSSA DEPENDÊNCIA, IMPEDE O
> > FLORESCIMENTO DO MERCADO DE DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE NACIONAL E
> > MANTÉM A CAUSA DA PIRATARIA!
> >
> > 3. APOSTAR EM SOFTWARE LIVRE LEVA VERDADEIRAMENTE AO DESENVOLVIMENTO
> > ECONÓMICO LOCAL, À CRIAÇÃO DE EMPREGO NACIONAL E AO DESAPARECIMENTO
> > TOTAL DA PIRATARIA!
> >
> >
> > Mas esta é apenas uma mera sugestão de resposta, devem existir
> > concerteza melhores...
> > Ou a ANSOL vai deixar a opinião publica sem contraditório?
> >
> > Cumprimentos,
> > Ricardo
> >
> >
> > No dia 27 de Maio de 2012 21:19, Paula Simoes
> > <paulasimoes  gmail.com>escreveu:
> >
> > > Isso seria assim se o problema desta gente fosse a "pirataria". A
> > > questão é que não é. O problema desta gente é a abundância.
> > >
> > > E a abundância é:
> > > a) Software e conteúdos livres
> > > b) Domínio público
> > > c) Utilizações livres (designadas no CDADC)
> > > d) Resolução do problema das obras órfãs.
> > >
> > > Poderia explicar porque é que estas questões dizem respeito ao
> > > movimento do Software Livre, mas o John Sullivan, da Free Software
> > > Foundation, já deu três razões [1] para o movimento do Software
> > > Livre se preocupar com a "luta anti-pirataria", que se podem
> > > adaptar muito bem a este tipo de estudos:
> > >
> > > 1. O objectivo destes estudos é servirem de base para convencer os
> > > políticos a alterarem a lei de direito de autor no sentido de
> > > forçarem, através da lei, a escassez que permita a estas empresas
> > > continuarem com o seu modelo de negócio.
> > > Isto implica que as mudanças na lei que estas empresas querem são:
> > >
> > > a) acabar com a partilha de software e conteúdos livres (preciso de
> > > dar exemplos de ataques ao software livre e às creative commons?),
> > >
> > > b) acabar com o domínio público (a primeira lei de copyright dava
> > > 14 anos de protecção após a publicação da obra, na Europa vamos em
> > > 70 anos após a morte do autor e nos EUA vamos em 95; este ano, pela
> > > primeira vez na história do copyright, o supremo tribunal americano
> > > retirou centenas de obras que estavam em domínio público e voltou a
> > > colocá-las debaixo de copyright),
> > >
> > > c) acabar com as utilizações livres (não é este o objectivo do
> > > DRM?),
> > >
> > > d) impedir a resolução das obras órfãs (levando a tribunal
> > > consórcios de universidades que tentem resolver este problema).
> > >
> > > 2. É impossível combater a "pirataria" pela força. A única forma de
> > > fazer diminuir ou desaparecer a "pirataria" é convencer as pessoas
> > > de que a partilha é uma coisa má. E é isso que esta gente tem feito
> > > e este estudo prova isso quando considera a maior parte do software
> > > livre como pirataria. Mas no dia em que toda a gente achar que a
> > > partilha é uma coisa má, o software livre deixa de existir.
> > >
> > >
> > > Que ninguém se iluda: o software livre só existe porque, por
> > > enquanto, a lei permite que ele exista.
> > >
> > >
> > > [1] -
> > >
> http://torrentfreak.com/the-war-on-sharing-why-the-fsf-cares-about-riaa-lawsuits-090513/
> > >
> > >
> > > --
> > > Paula Simoes
> > >
> > >
> > > On Sunday, May 27, 2012 at 6:47 PM, Ricardo Pinho wrote:
> > >
> > > > Caro Rui Seabra,
> > > >
> > > > No dia 27 de Maio de 2012 17:33, Rui Miguel Silva Seabra
> > > > <rms  1407.org(mailto:
> > > rms  1407.org)> escreveu:
> > > > > Não faz qualquer sentido apoiar um estudo encomendado pela
> > > > > Microsoft
> > > >
> > > >
> > > > as vitórias nas grandes batalhas da história deveram-se a reações
> > > > que
> > > não faziam sentido (inesperadas), tendo todas elas em comum o
> > > re-direcionamento do impacto de um ataque do exército dominante
> > > sobre ele próprio.
> > > > Talvez esta seja uma dessas oportunidades?!... ;-)
> > > >
> > > > Claro que o segredo da vitória estará na genialidade da redação do
> > > texto, para a qual julgo haver aqui guerreiros à altura.
> > > >
> > > > Cumprimentos,
> > > > Ricardo
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