Re: [ANSOL-geral] Precarios Inflexiveis, Blogs e Liberdade de Expressão

José Sebrosa sebrosa artenumerica.com
Quarta-Feira, 23 de Maio de 2012 - 17:36:47 WEST


On 05/23/2012 03:28 PM, Rui Maciel wrote:
> On 05/23/2012 02:30 PM, José Sebrosa wrote:
>> O quê??!??!
>>
>> Enfim.
>>
>> Adiante.
> 
> Exacto.  Contra factos não há argumentos.


Quais factos?


>> "Quando as pessoas têm medo do governo, há tirania.  Quando o governo
>> tem medo das pessoas, há liberdade."
> 
> A citação pode ser muito bonita, mas....  onde é que o governo ou as
> pessoas entram nesta história?  Pois, não entram.  Mas a citação é bonita.


Ainda bem que gostas.  Nem tudo está perdido.

Uma dica sobre onde entram as pessoas e o governo:

Mais abaixo, tu próprio falas à brava de pessoas, de Estado e de
tribunais.  Usa a ocasião em que pensaste nesses casos para apicar a
ideia traduzido pela citação.


>> Para pensares:
>> Se não puderes manifestar em público a tua opinião sobre a conduta duma
>> empresa, por teres medo de a ofender e por causa disso depois apanhares
>> com o tribunal em cima, quem é que "tem realmente algo a perder"?
> 
> O José Sebrosa com certeza não pensou no caso.


Deve ser isso. Ajuda-me lá, então.


> Para começar, ninguém foi proibido de manifestar a opinião sobre a
> empresa.  Não é por nada que depois da decisão do tribunal a notícia foi
> coberta por meia dúzia de jornais nacionais, cada um com a sua secção de
> comentários cheia de comentários do mesmo tom.


É cómico que digas que ninguém foi proibido de manifestar a opinião,
quando existe uma decisão no sentido dos comentários serem retirados.

Mas é interessante observar a pressa que tens em te colocar ao lado da
parte que quer forçar a remoção dos comentários.

Coerentemente, também aceitarás que a mesma parte processe os autores
dos comentários e os responsáveis pelo meio em que eles foram
publicados, alegando prejuízos monetários e exigindo a sua indemnização.

E claro, coerentemente, dirás de tudo isto que ninguém foi proibido de
manifestar a opinião.

Deve ser isso.  Deve ser por eu não ter pensado no assunto.


> Depois, o José Sebrosa não tem o privilégio de denegrir a imagem de
> ninguém a seu bel-prazer, nem isso pode alguma vez ser confundido com um
> direito.


A técnica de deturpar factos e discursos é conhecida.  Mas não pega.

Ora então, diz lá onde é que eu disse que o José Sebrosa deve ter o
privilégio de denegrir a imagem de alguém a seu bel-prazer, se fazes
favor...


> Depois, se o José Sebrosa realmente tivesse esse privilégio então
> qualquer pessoa também teria o direito de fazer o mesmo ao José Sebrosa.
>  Já se pensou nas implicações disso?  Não creio.


Realmente ninguém tinha pensado nisso.  Obrigado, ó portador da Luz!
Obrigado, obrigado, obrigado!


> Por fim, pessoalmente eu não creio que seja razoável incluir nesta
> limitação da liberdade de expressão a informação puramente factual e
> devidamente corroborada.  Contudo, é fácil de imaginar a consequência
> dos abusos que adviriam disso.  Imagine-se o que é ter uma empresa de
> relações públicas dedicadas a publicar e difundir informação pessoal e
> confidencial sobre pessoas como o José Sebrosa em jeito de repercussão,
> e imagine-se um tribunal declarar que o José Sebrosa não se pode queixar
> pois não estariam a fazer nada de mal.


Ainda bem que tens imaginação.  Imagina então os abusos decorrentes dum
generalizado "direito ao bom nome" à disposição de qualquer entidade que
queira calar quem diz o que não lhe convém.

Vou contar-te uma história:

Há uns anitos, alguém disse que o Sporting tinha dívidas à Segurança
Social.  O Sporting dizia que não, e processou o autor da afirmação.
Mas tinha, e havia documentos que o comprovavam.  Mesmo assim, o autor
foi condenado a pagar indemnização por ter manchado a reputação do
clube.  E pagou.  Mais tarde a decisão foi alterada.

http://www.jornalistas.eu/?n=8428&imprimir

Faz as contas com os números e as datas que aparecem no texto acima, e
vê lá se entendes o significado material, concreto, de "ter medo de falar".


>> Para pensares:
>> Só é preciso haver liberdade (qualquer liberdade, de expressão ou outra)
>> para as outras pessoas fazerem coisas de que eu*não*  gosto.  Como é
>> óbvio, quando é para os outros fazerem coisas de que eu gosto não é
>> preciso haver liberdade, pois eu deixo-os fazê-lo com prazer.
> 
> O José Sebrosa de certeza que não pensou no que disse, visto que
> manifesta alguma confusão.  Vejamos.


Ah!, bom.  Mas felizmente a Luz Penetrante está prestes a iluminar as
espessas sombras da minha ignorância.


> Os direitos são expressamente definidos para que os outros, e não apenas
> nós, possamos ser protegidos.  Isto precisamente pois só podemos começar
> a ter direitos se efectivamente formos capazes de defender os direitos
> de terceiros, sobretudo quando não nos são particularmente convenientes.


Ainda bem que te agrada a ideia de defender o direito de expressão de
outros mesmo para dizer coisas que não te convêm.

"Detesto o que dizes, mas defenderei com a vida o teu direio a dizê-lo."

(Oops!, mais uma citação que não vais entender!)


>  Nós não temos um estado de direito se apenas olharmos para o nosso
> umbigo, em particular se a nossa visão for tão míope ao ponto de
> prejudicarmos a médio e longo prazo os nossos interesses, e apenas para
> termos uma pequena conveniência a curto prazo.


O Estado de Direito tem pouco a ver com umbigos.  O Estado de Direito
caracteriza-se em especial por o Estado estar, ele próprio, obrigado a
agir de acordo com a Lei.


> Neste caso, o José Sebrosa até pode acreditar que não teria qualquer
> problema se uma empresa como a Ambição Internacional Marketing se
> dedicasse a manter um blog com todo o tipo de acusações dirigidas ao
> José Sebrosa.  Mas apesar do José Sebrosa não ter qualquer problema com
> isso, essa ideia pode não ser partilhada por toda a gente.  Poderá muito
> bem haver pessoas que não gostem da ideia de ver a sua reputação a ser
> atacada.


Ora cá está.  E como não gostam, a gente proíbe de fazer, e persegue
quem faz.  É isso que queres?  Boa!


> Felizmente para essas pessoas, elas tem o direito de não ser sujeitas a
> esse tipo de abuso.  E felizemnte para essas pessoas, se metessem um
> processo em tribunal elas poderiam contar com um desfecho igual ao que
> foi dado a este caso.  É esse o significado de se viver num estado de
> direito.


Outro disparate (novamente).

Defendes que um incómodo (ai jesus, disseram mal de mim) deve ser
evitado através do atropelo dum direito fundamental (não falarás sem ter
medo do que disseres).  E dizes que isso é o significado de viver num
estado de direito.

A tua argumentação é indestrutível.  Retiro-me (novamente).


Cumprimentos e boa saúde.
José Sebrosa



> Ao certo, o que é que há de errado nisso?
> 
> 
> Rui Maciel



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