[ANSOL-geral] Fwd: [ESOP] - Posição oficial sobre a Lei da Cópia Privada

José Sebrosa sebrosa artenumerica.com
Quarta-Feira, 21 de Março de 2012 - 15:34:01 WET


On 03/21/2012 02:17 PM, Carlos Patrão wrote:
> Em 21-03-2012 13:07, Rui Maciel escreveu:
>> On 03/21/2012 10:39 AM, Carlos Patrão wrote:
>>> Em 20-03-2012 22:22, José Sebrosa escreveu:
>>>> ...
>>>>
>>>> Desculpem o desenvolvimento do off-topic, mas em vésperas duma greve
>>>> geral suicida montada para consumo dos egos dos seus promotores, tenho
>>>> muito muito muito pouca tolerância.
>>>>
>>>
>>> A Greve Geral é um investimento no Futuro.
>>
>> Isso é o chavão de propaganda reiterado pela organização desta greve
>> geral. 
> 
> É tão chavão como dizeres que é Greve Geral é suicida.


A imagem é minha.  Ao ver esta oh!-tão-sábia greve, não consigo evitar
ver a imagem do gajo que entra no banco, aponta uma pistola à própria
cabeça e berra:

"Isto é um assalto!  Entreguem o dinheiro ou eu disparo!"

Querem protestar contra a política do governo português?  Fixe, façam
manifestações em Lisboa.  Querem protestar contra a política Europeia?
Fixe, façam manifestações em todas as capitais da UE e em Bruxelas.
Querem ser mais imaginativos do que meramente fazer manifs?  Fixe,
sejam.  Façam flash mobs, facebook actions, distribuam panfletos
perfumados no Metro, organizem desfiles de porcos vestidos de fraque à
porta do Parlamento.

Mas fazer greve geral num contexto destes é o cúmulo da estupidez.  Ë
como fazer greve ao fornecimento de água no meio dum incêndio.

Porém, tenho pouca esperança.  Infelizmente, é mesmo verdade que
"Contra a estupidez os próprios deuses lutam em vão".

:(


>> Mas será que corresponde à verdade?  Por exemplo, qual é o objectivo
>> concreto desta greve?  Se omitirmos um hipotético exercício de
>> consolidação de poder por parte da nova direcção então não existe mais
>> nenhum objectivo específico para ela.  Até mesmo os chavões são o mais
>> vago possível.
>>
> 
> Já que o Governo nos rouba impunemente, tentamos causar-lhe o maior dano
> possível, bom, bom, era ele cair, ir embora com o rabo entre as pernas
> ou ser derrubado, por mim qualquer das hipóteses é boa, desde que lhe
> ponham ponto final.
> 
> Não gosto de ser roubado, é algo que me chateia mesmo, este Governo
> ultrapassou todas as marcas da decência, vivemos em ditadura, mas há
> quem não se vergue, ainda temos gente que não se verga aos betinhos do
> Governo e aos seus interesses.


Já que referes que não gostas de ser roubado, convido-te à seguinte
reflexão:

Em termos práticos, a greve geral vai (se tiver sucesso, mas faço votos
de que não!) meramente fazer parar transportes e serviços públicos e por
essa via manietar os Portugueses que não podem prescindir de fazer a sua
vida normal.

Esses vão ser, efectivamente, roubados, e não vão poder fazer nada para
o impedir.

Como sugeres que se impeça esse roubo?


>>> Isso é pura propaganda, se não pagarmos os juros usurários que nos estão
>>> a extorquir os nossos problema de tesouraria melhoram muito.
>>
>> Ninguém empresta dinheiro a fundo perdido ou sem ter algo a ganhar.
>> Logo, é perfeitamente irrealista esperar que haja alguém a emprestar
>> dinheiro sem que beneficie algo com isso.
>>
> 
> Se não pagarmos juros usurários não precisamos de pedir dinheiro a
> ninguém para cobrir a tesouraria, a questão que estava a ser discutida
> era apenas essa, por isso quando se diz que não havia dinheiro para
> pagar as pensões e salários sem os empréstimos, é evidente que estamos a
> enviesar a discussão,


Pelo contrário.  A retórica que debitas é que está a enviesar a discussão.


> há uma agenda de direita


Adjectivo.


> conservadora,


Adjectivo.


> ne-liberal


Adjectivo.


> que querem impor a todos custe o que custar


Afirmação não provada, ou seja, gratuita.


> e esta questão da dívida até dá jeito, mesmo que se afunde o país, como é o caso.


Afirmação gratuita que, em todo o caso, deixa espaço para perguntar:

Então e greves gerais não afundam o País?
Será que umas maneiras de afundar o País são más e outras são boas?


> Não resisto a citar
> Napoleão Bonaparte, ele dizia que com as baionetas se pode fazer tudo
> menos sentar em cima delas, esteja certo que o Governo e acólitos se vão
> sentar na cama que andam a tecer.


É isso que queres?  Baionetas?  Isso não afunda o País?!?

Eu não quero baionetas.  Muito menos, baionetas enterradas nos corpos
errados.

O problema da Democracia é este:  Como as escolhas são nossas, é um
bocadinho mais difícil fugir às nossas responsabilidades.  As políticas
que nos levaram a isto resultaram de escolhas nossas.  Escolhemos olhar
para o lado porque dava trabalho.  Escolhemos apreciar e aplaudir os
governos que nos lançavam dinheiro fácil embrulhado em "direitos
adquiridos" porque sabia bem.

Pois bem.  Escolhemos.  Eis agora a factura.

Agora queres que a nossa escolha seja atirar com as culpas para os
outros?  Dizer que a culpa é dos juros?  Mas deves ter reparado que só
há juros porque há empréstimos!

Não.

Alguém falava aqui de Soberania.  É bem verdade que as baionetas
conseguem muita soberania.  Mas não é essa a soberania que eu desejo
ter.  Eu quero ter a soberania dos que sabem fazer escolhas e sabem
assumir responsabilidades por elas.

Sacudir água do capote pode saber bem.  Até pode dar montes de votos.
Mas não é um bom caminho.


Cumprimentos,
José Sebrosa



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