[ANSOL-geral] João Pedro Pereira neste momento já deve ter emprego nas RP da mico$oft portugal

André Esteves aife netvisao.pt
Sábado, 3 de Março de 2012 - 11:54:27 WET


Sebrosa,

A fraqueza, se a há não é do Stallman. Perceber isso, implica tomar 
consciência do quão valioso consideras a tua liberdade...

Há aqui algum choque cultural, como referiu e bem, o Rui: as pessoas não 
têm consciência de quão fortes e radicais são os valores republicanos 
nos americanos e isso influencia a direita e a esquerda americana.

Os valores republicanos portugueses, não passam de um pálido enxerto. 
Somos corruptos.. , moderados por condicionamento, incapazes de resistir 
à autoridade, de pensar criticamente, de usar a razão de forma constante 
e disciplinada, estamos sempre a olhar a manada e a ver para aonde ela 
se dirige, acriticamente e obedientemente...

Não queiras comparar a nossa maneira de ser com o de um born and bred 
individualista americano, por mais distorcido e perverso ele seja.

Como dizia o Richard Feynman, para se fazer alguma coisa de valor:
"What do you care what other people think..."

Se o Stallman manda à merda o jornalista-comissário político do Público 
que o faça.

A vida é demasiado curta para gastá-la com excesso de etiqueta e mesuras 
a quem não lhes dá valor.

1abraço,

André Esteves


On 03-03-2012 06:15, José Sebrosa wrote:
> On 03/02/2012 10:40 AM, paula simoes wrote:
>> Mas o que é que se passa convosco?  Resolveram aderir ao "é cool criticar o Stallman?"
>
> Pessoalmente, não gostei do que a entrevista mostra do comportamento do
> Stallman.  Salvaguardando que a coisa pode estar deturpada pelo que o
> jornalista escreveu ou traduziu, acho o Stallman muito fraco.
>
> Porquê?
>
> Ele está a fazer afirmações que são manifestamente invulgares.  Por
> exemplo, dizer que está disposto a esperar 50 anos por melhorias (ainda
> que hipotéticas) em troca da liberdade (da forma como ele a vê) é
> claramente polémico e suscita questões e debates.  Ora, uma afirmação
> extraordinária carece duma argumentação extraordinária.  Ele tem
> obrigação de saber isso por experiência própria.  E ao ter o papel
> público que tem, deveria (digo eu) lidar com essas situações com mais
> habilidade e classe.  Aquilo é que não é nada.  Demitir-se de explicar e
> virar as costas ao debate e ao confronto de valores é realmente muito
> fraco.  É o exacto oposto do que devia ser.
>
> Não comento o trabalho do jornalista.  Importa-me pouco se o jornalista
> é bom ou mau.  Mas preocupa-me ver que o Stallman não esteve à altura do
> que (eu penso que) se esperaria dele.
>
> Esta é uma coisa.
>
> Outra coisa que me preocupa é a aparente falta de espírito crítico que
> me parece transparecer nalguns comentários.  Nós devíamos ser mais
> exigentes do que isto, pois não somos uma mera claque que apenas sabe
> aplaudir o chefe.  Somos um grupo de pessoas que tem ideias e está
> habituado a discutí-las.  E temos espírito crítico.  E sabemos
> identificar um mau trabalho quando o vemos.
>
> Está à vista um mau trabalho do Stallman.  Também do jornalista?  Eh pá,
> talvez, mas esse é outro assunto...
>
>
>> Reparem: o jornalista fez três perguntas sobre exactamente o mesmo tema, o homem respondeu às três e explicou porquê.
>> Da primeira vez disse que mesmo que o software seja tecnicamente melhor, não vale a pena usar se não respeitar a liberdade.
>> Da segunda, disse claramente que não abdica da liberdade por nenhum benefício.
>> Da terceira, disse que não se importa de esperar 50 anos para usar um software.
>>
>> Explicou claramente porque acha isto. Insistir numa quarta pergunta sobre o mesmo tema, chama-se "bater no ceguinho".
>> Aquilo que vos estou a dizer, já o disse directamente ao João Pedro Pereira e nitidamente na quarta pergunta o jornalista deixou de ser entrevistador para passar a ser oponente.
>> Um entrevistador não é um oponente e uma entrevista não é uma luta.
>
> Ele faz um comentário que é uma evidência:  Diz que se vai perder alguma
> coisa no processo de espera.  Não vejo isto como "bater no ceguinho" mas
> como natural desejo de aprofundar o tema e entender melhor as várias
> implicações.  Aliás, o jornalista deve (penso eu) interpretar as dúvidas
> de quem vai ler a entrevista.  Aquela dúvida passa decerto por muitos
> dos que lerem e entenderem o que está a ser dito pelo Stallman.  Não me
> passa pela cabeça que seja aceitável que este ponha ponto final à
> conversa ali.  E o que vem a seguir é sempre a descer.
>
> É só a minha opinião.  E repito, não comento a qualidade do
> entrevistador, pois estou pouco interessado nele.  Preocupo-me sim com
> 1) a qualidade do Stallman enquanto nosso principal porta-voz, e 2) a
> nossa qualidade enquanto participantes interessados, informados e
> exigentes no movimento do Software Livre.
>
> E nada do eu que disse desvaloriza em nada o muito que o Stallman fez e
> faz em prol do Software Livre.  Não comento nada disso.  Comento apenas
> o desempenho dele na entrevista.
>
>
> Cumprimentos,
> José Sebrosa
>
>
>
>> O João Pedro Pereira argumenta que pretendia aprofundar mais o assunto, mas eu não vejo como. Há casos que justificam um jornalista mais acintoso: quando o entrevistado se contradiz, quando não é claro, quando diz uma coisa diferente do que disse noutras entrevistas, quando diz uma coisa e faz outra, etc.
>> Não é o caso aqui. Aliás, até acho que o Stallman se portou muito bem. E na quarta pergunta, o homem começa a responder, mas a meio deve ter pensado "este gajo já me fez esta pergunta três vezes, já lhe respondi, já expliquei porquê, até lhe disse o que estou disposto a fazer para não usar software proprietário. Este gajo não está interessado numa entrevista. Este gajo está interessado num confronto."
>> Eu não sei se foi isto que o Stallman pensou, mas é esta a conclusão que tiro da análise da entrevista.
>>
>> Eu não defendo um jornalista neutro, mas defendo um jornalista imparcial (exceptuam-se os casos, que não se aplicam aqui, de conflitos entre valores fundamentais: liberdade e escravidão, democracia e ditadura, direitos humanos e pena de morte, etc)
>>
>> É verdade que não tenho anos e anos de prática na profissão, mas tirei uma licenciatura em Jornalismo, fiz estágio no Público, terminei o curso com média de 17 valores e fui uma das melhores alunas do meu curso.
>> (Desculpem, eu sei que não é elegante puxar de galões, mas faço-o para explicar que a opinião que aqui deixo é baseada numa análise do ponto de vista jornalístico.)
>>
>> Apesar disto, também sei que nem sempre cumprimos a teoria na prática. Todos somos humanos e todos podemos errar, mas posso dizer-vos que são raras as vezes em que uma entrevista corre mal por causa do entrevistado. E este caso não é uma dessas vezes.
>> Se estivesse no lugar do João Pedro Pereira, podia-me ter acontecido o mesmo (às deixamos-nos levar), mas nesse caso não teria publicado a entrevista. Teria feito uma notícia.
>> Só publicaria uma entrevista interrompida no caso em que o entrevistador se tivesse recusado a responder a uma pergunta (e porque isso daria informação sobre a posição do entrevistado). O que não foi o caso: o homem respondeu três vezes à mesma coisa, de forma clara e até explicou porquê.
>>
>> --
>> paula simoes
>>
>>
>> On Friday, March 2, 2012 at 12:56 AM, Gustavo Homem wrote:
>>
>>>
>>>
>>> ----- Original Message -----
>>>> From: "André Esteves"<aife  netvisao.pt (mailto:aife  netvisao.pt)>
>>>> To: ansol-geral  listas.ansol.org (mailto:ansol-geral  listas.ansol.org)
>>>> Sent: Thursday, March 1, 2012 11:24:15 PM
>>>> Subject: [ANSOL-geral] João Pedro Pereira neste momento já deve ter emprego nas RP da mico$oft portugal
>>>>
>>>> João Pedro Pereira neste momento já deve ter emprego nas RP da
>>>> mico$oft
>>>> portugal
>>>>
>>>> http://www.publico.pt/Tecnologia/richard-stallman-nao-se-pode-confiar-num-programa-de-software-que-nao-seja-livre-1535800
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>>> Infelizmente ler esta entrevista do Stallman dá uma certa vontade de ir trabalhar para lá :-|
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>>> Se o tipo não se armasse em prima donna as coisas não teriam corrido tão mal. As perguntas que o jornalista fez são perfeitamente legítimas e até me parecem naturais. Impunha-se responder-lhe com classe em vez de fazer uma birra.
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>>> Conclusão a tirar:
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>>> Se não concordas com Stallman ou pelo menos estás na dúvida, não lhe dirijas a palavra.
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