[ANSOL-geral] A paranóia já começa a dar dinheiro...
J M Cerqueira Esteves
jmce artenumerica.com
Quinta-Feira, 7 de Abril de 2011 - 04:54:07 WEST
Lopo Lencastre de Almeida wrote:
> Acho maravilhoso como consegues deturpar o que eu disse.
Apenas pressenti aquele mote por detrás da pergunta e enumerei posições
que sistematicamente o acompanham. Do mote já vimos. Do resto se
verá---mas costumo preferir que o meu pessimismo se engane.
> Mas eu acho que "quem não deve não teme".
Problema de percepção que a vida consegue por vezes corrigir em menos de
um dia. Até esse dia,
http://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=998565
http://www.schneier.com/essay-114.html
> Para isso é que existem Leis que definem o que pode ser ou não escutado
> e em que situações.
Essas Leis com L são as que algumas visões de Transparência gostam de
castrar a bem da 'eficácia'?
Se eu não fui claro ou se não notou ainda diferença entre vigilância
policial legítima (não confundir com legal), abusos de certas formas de
vigilância e, sobretudo, vigilância por atacado: último parágrafo de
http://www.schneier.com/essay-147.html
Mas este é apenas um ponto. Muitos mais na Statewatch, se não lhe riscar
o prestígio.
> Para isso é que existem (ou deveriam existir) associações civis que não
> perdem de vista os Direitos Fundamentais e o Direito à Privacidade.
Como vai em 2011 a eficácia de 'checks and balances', estatais e
privados, em qualquer que seja o seu país preferido? Em que outros
países (além de Portugal) quem não deve não devia temer?
> Mas a imbecilidade que tu aparentemente propões
[...]
> noção distorcida de Liberdade e de Democracia;
... sendo que a noção não distorcida admite a um estado Democrático o
recurso a meios característicos de tiranias e a "compressão de
liberdades" [citando do preâmbulo a uma infame proposta de lei,
democraticamente aprovada].
Na noção não distorcida, Liberdade é o que a Democracia legitimar a cada
semana. A nossa vigilância, as nossas "compressões", a nossa tortura
serão sempre democráticas, civilizadas, fofinhas, a bem do bem comum ---
nunca comparáveis às do ditador distante em intenções, riscos,
resultados, moralidade.
A nossa é, em europês, "The Area of Freedom, Security and Justice"
http://www.statewatch.org/analyses/no-95-stockholm-action-plan.pdf
Importamos noções não distorcidas e exportamos policy laundering e
toalhas sujas
http://rconversation.blogs.com/rconversation/2009/05/china-calls-for-an-end-to-the-internet-governance-forum.html
``all countries have the right to filter the contents of certain
Internet sites. And I think that this is something that all countries
are in the process of doing''.
> mesmo que esses cidadãos sejam
> criminosos, mesmo que sejam os teus governantes, mesmo que te roubem.
Bom, é que quem não deve não teme...
Ou, num dos maravilhosos raciocínios associados,
1. muitos actos do estado são determinados mais por [inserir aqui as
forças que o leitor considerar dominantes] que pelos direitos e
legítimos interesses dos cidadãos;
2. temos pois que atribuir a vários organismos estatais, com a maior
urgência, vastos poderes adicionais de combate à corrupção, ao
crime; e novas realidades não se compadecem com ultrapassados
fundamentos do Direito.
Assegurar que o Estado é Pessoa de Bem dando-lhe novos e mais agressivos
poderes --- se for este o seu caminho, se confunde agenda de Direito e
Justiça com agenda policial, não lhe faltará companhia de ilustres
nacionais.
Ou, notando que um estado policial optimiza o trabalho de polícia, pode
poupar (e poupar-nos) esforços seus em Portugal seguindo um atalho para
um de vários sistemas estrangeiros menos imbecis. Onde, logicamente, a
corrupção está extinta, o estado é transparente, e os unicórnios
cavalgam em liberdade.
jmce
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