[ANSOL-geral] EMI diz não a DRM

Marcos Marado Marcos.Marado sonae.com
Terça-Feira, 3 de Abril de 2007 - 16:16:00 WEST


Boa tarde,

On Tuesday 03 April 2007 12:41, Bruno Rodrigues wrote:
> On Apr 3, 2007, at 12:41 , Marcos Marado wrote:
> > 1) O problema é que se está a instituir o DRM como o "formato por
> > omissão".
> > 2) Não está ~tudo~ mal, tal como nunca tudo pode estar, nem mal nem
> > bem.
> > 3) Não somos uns coitadinhos, bem pelo contrário - somos os
> > consumidores,
> > somos os artistas e somos os amantes de música. Ou seja, somos
> > todas as
> > partes necessárias para o negócio da indústria discográfica. Somos
> > nós que
> > temos a faca e o queijo na mão, somos nós que podemos mudar a
> > indústria
> > discográfica para onde quisermos. Mas para isso temos de estar todos a
> > caminhar na mesma direcção, em vez de aceitar confortavelmente o
> > que "nos
> > oferecerem". Roubam-nos uma quantidade de liberdades e substituem-
> > nas por um
> > produto que, se quiseres comprar (e pagar por ela) podes voltar a ter,
> > potencialmente, essa liberdade. Na sua essência, tiraram-te algo
> > para depois
> > to venderem. É engraçado, compras uma casa, depois pagas mais 30% para
> > poderes ter as chaves, e achas que tudo está bem.
>
> Uma casa CD normal custa 'x'.  Uma casa DRM custa 'y'. Agora estão-te
> a vender a casa DRM, sem DRM, por 'y' + 30. Passas de duas opções
> para três opções. Ninguem te obrigou a nada. Ficas a ganhar. E ficas
> ainda a ganhar mais porque a terceira opção é um passo em frente para
> acabar com a opção 2. Queres melhor? Faz por isso.

Não podes (não deves?) comparar um CD com as suas faixas em formato digital. 
Além do CD te dar mais uma quantidade de coisas (artwork, por exemplo), 
também ele pode estar com DRM. 

Considerarei que dissesses:
>  Uma casa DRM custa 'y'. Agora estão-te
> a vender a casa DRM, sem DRM, por 'y' + 30. Passas de duas opções
> para três opções. Ninguem te obrigou a nada. Ficas a ganhar. E ficas
> ainda a ganhar mais porque a nova opção é um passo em frente para
> acabar com a opção anterior. Queres melhor? Faz por isso.

Isto é falacioso. O que deverias dizer era "uma casa para habitação mas sem 
licensa de habitabilidade custa 'x'. Agora dão-te uma opção que é comprares a 
casa com licensa de habitabilidade, mas passa a custar (x * 1,30)."

O que eu faço? Digo a esse vendedor "vai roubar outro" e compro a vendedores 
cujas casas tenham a licensa e que não me façam pagar mais por isso. Quero 
melhor? Sim. Faço por isso? Sim.

> > Não só li as notícias e os comentários, como ambos os press-
> > releases e assisti
> > ao webcast.
>
> O teu post foi concentrado a queixumes que as musicas custavam 30%
> mais para não ter DRM. Não falaste nada acerca desses 30% tambem
> incluirem melhor qualidade. Só pude assumir que não tinhas lido tudo,
> ou não estavas a contar a estoria toda no teu post.

Vê mail anterior, onde cito o press-release da Apple.

> >> E que te deu (a ti, consumidor) a opção de DRM-Free foi o carissimo
> >> Steve.
> >
> > O Steve não me deu nada. O Steve TIROU-ME direitos e agora está a
> > tentar
> > vender-mos.
>
> Não meu caro, as labels tiraram-te os direitos. O Steve só cumpriu as
> regras deles. 

Por favor, dá-me um link (que não da Apple) para justificar essa citação. 
Vamos acabar de uma vez por todas com essa idiotice de que quem impôs o DRM 
foram as labels. Aconselho, por exemplo, a leitura deste artigo:
http://blogs.eff.org/deeplinks/archives/001557.php

> E mesmo assim contornou as regras de forma a que tu, 
> como consumidor, pudesses facilmente contornar os DRM's, e alem disso
> permite-te usar qualquer musica não drm no iPod. 

Só o vejo a tentar contornar as regras dos países Europeus que estão ameaçar a 
sua posição na indústria discográfica.

> Pessoalmente, eu não 
> me sinto com menos direitos ao usar hardware da Apple - continuo a
> ouvir as mesmas musicas que antigamente, no laptop, no ipod e no
> telemovel, em formato MP3 ou AAC. Limitei-me a ignorar a iTunes store
> e a não comprar nenhuma musica DRM, o que não me afectou.

É irrelevante para o caso. Poderia entrar nessa discussão, mas o que critico 
aqui e neste caso é a iTunes Music Store, e não o hardware Apple. 

> Quem me tirou direitos foram as labels, quando tentaram meter DRM's
> nos CDs. 

1) Eles não tentaram, eles meteram;
2) A ideia do DRM não é das labels;
3) Não são as labels as maiores beneficiadas com o DRM (em termos monetários);
4) Sim, sou contra as major labels (as quatro a favor do DRM). Isso não impede 
que não seja também contra a Apple. E seria contra a EMI mesmo que este 
movimento fosse diferente, porque continuariam a vender CD's com DRM.

> Essas são as culpadas disto. 

Umas das culpadas, sim.

> (como extra, quem me faz sentir a perder os meus direitos é a
> Microsoft, visto que com esses (com ou sem DRM) ficaria limitado a
> sistemas windows e a determinados players de musica)

Usando as tuas palavras, "faz algo contra isso". Sim, tal como boicoto a Apple 
também boicoto a Microsoft.

> > Era bom que o DRM estivesse morto. Infelismente está longe. A tua
> > amiga EMI
> > continua a vender CD's com DRM, o teu amigo Steve continua a vender
> > com DRM
> > faixas de indies que NÃO QUEREM o DRM, e vai vender os seus
> > filmezinhos da
> > Pixar na sua lojinha iTunes COM DRM. Gostava de ter esse optimismo
> > à minha
> > frente, mas não tenho.
>
> Está longe, mas um bocadinho mais perto com este passo. 

Veremos. É perigosamente possível que seja o inverso que esteja a acontecer.

> E vai ler 
> porque é que as faixas indies têm DRM, e talvez percebas porque é que
> irão deixar de ter DRM muito em breve. 

Explica lá, porque estou farto de ler sobre esse assunto, e a conclusão a que 
chego é sempre que "as indies choram para não ter DRM há anos, e a Apple até 
agora ainda não as deixou". Talvez tenhas lido algo diferente... Por favor 
indica uma referência.

> Em relação aos videos, bem, 
> isso é uma estoria muito mais complicada.

Desculpa, mas não. Quanto aos videos a história é bem mais simples. Tens da 
mesma artistas, consumidores, editoras e lojas. A simplicidade aqui é que o 
dono da loja em questão é também o maior shareholder de uma das editoras.

> A Apple poder ter poder 
> suficiente para combater as labels de musica, mas não o tem para
> combater hollywood. 

Engraçado, o argumento até ontem era exactamente o inverso. Não, desculpa mas 
não. A Apple começou na música com a EMI apesar de já poder ter feito isso há 
muito tempo antes com as Indies. Da mesma forma, no campo do vídeo pode 
começar (pode mesmo, o Jobs tem posição suficiente em ambas as empresas para 
o decidir, sozinho) pela Disney/Pixar. Mas não o vai fazer.

> Até podemos assumir que não o irá fazer, pois tem 
> interesses pessoais na Disney e na Pixar. Mas é uma estoria à parte!

É a mesma história: é a mesma loja.

-- 
Marcos Marado
Sonaecom IT



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