[ANSOL-geral] Utilizar ou não Software deCódigo Aberto em Escolas Superiores deTecnologia?
Carlos Patrão
cpatrao moredata.pt
Terça-Feira, 23 de Março de 2004 - 13:03:17 WET
Bom dia,
Não lhe posso responder em nome da ANSOL, porque apesar de membro atento
deste forum e de entusiasta do software livre, não sou membro da ANSOL.
Vou portanto dar a minha opinião pessoal sobre as questões estratégicas
que está a colocar nesta lista de email e sujeitá-la à sua apreciação e
à de todos membros deste forum.
> 1. Deve a direcção de uma Escola Superior de Tecnologia recomendar a adopção
> e/ou o desenvolvimento de software de código aberto para a implementação da
> sua infraestrutura informática?
>
Re: Sim, se tiver recursos humanos para o fazer e se o desenvolvimento
de software estiver dentro dos seus objectivos pedagógicos e de
investigação cientifica.
Penso que fará sentido uma EST desenvolver parte das suas soluções
informáticas para maximizar os investimentos feitos em conhecimento
sobre desenvolvimento de software e para poder demonstrar casos práticos
de tecnologias desenvolvidas ou estudadas no âmbito das suas actividades
cientifico/pedagógicas.
Na fase embrionária em que se encontra o pais, no que diz respeito à
ligação entre o ensino superior (ES) e a sociedade (empresas, institutos
públicos, estado, escolas, etc), muito se terá que fazer ao nivel do ES
para dinamizar a sociedade do conhecimento, parece-me que é o ES o
agente mais vocacionado para assumir a vanguarda da modernização do
país, especialmente na área das TI's.
O software livre será uma excelente oportunidade para o ES cumprir o seu
designio, por várias rasões, especialmente as seguintes:
- É a forma mais barata de aquisição de conhecimento na área das TI's;
- Garante uma maior difusão do conhecimento para a comunidade
tecnológica e a sociedade em geral;
- Garante uma maior independência do país na área das TI's, invertendo o
seu papel de consumidor de tecnologias para produtor;
- O software produzido sob licenciamento GPL/LGPL, normalmente é mais
bem desenhado, e de uma forma geral melhor que o software comercial com
código fechado;
- Moralmente será positivo para a sociedade o incentivo de formas de
partilha do conhecimento, transmitindo valores que contrariem a
mercantilização do conhecimento.
> 2. Deve a direcção de uma Escola Superior de Tecnologia promover activamente a
> adopção de aplicações e infraestruturas de código aberto no ensino e na
> investigação?
>
Sim, pelos seguintes motivos:
- Por o software ter mais qualidade;
- Por ser mais fácil de manter com recursos próprios, que uma escola
terá sempre que possuir por razões cientifico/pedagógicas;
- Para garantir a independência relativamente aos monopólios que existem
na área das TI's;
- Por motivos pedagógicos;
- Por imperativos de ordem moral, não fará muito sentido uma EST
incentivar o uso de software livre por parte dos seus investigadores,
pedagogos e alunos e depois possuir uma infraestruturas de código
fechado no ensino e na investigação;
- Por rasões de segurança;
- Por ser mais fácil de partilhar conhecimento com a comunidade
cientifica mundial;
- Por ser mais fácil transmitir conhecimento no âmbito da cooperação com
paises em vias de desenvolvimento.
> 3. Deve a direcção de uma Escola Superior de Tecnologia promover activamente a
> adopção de aplicações de utilização individual e sistemas de informação
> baseados em software de código aberto na gestão e administração da instituição?
Sim, porque:
- O software tem mais qualdidade;
- Os custos de manutenção são menores;
- Garante maior independência relativamente a fornecedores de serviços
de desenvolvimento de software;
- Os custos com aquisição de licenças de software, nomeadamente sistemas
operativos é substancialmente mais baixo.
mgi98005 fe.up.pt wrote:
>
> Bom dia,
> o meu nome é Adília Isabel Alves e estou a escrever para esta lista de mail
> para pedir a Vossa colaboração num estudo que me encontro a desenvolver
> referente à decisão estratégica de utilização ou não de Software Aberto nas
> Escola Superiores de Tecnologia.
>
> Estou a desenvolver este estudo no âmbito da tese de Mestrado que estou a
> realizar na FEUP.
> O tema da tese é "Opções estratégicas para a adopção de sistemas e tecnologias
> de informação" e a opção estratégica que se pretende estudar é a utilização ou
> não de Software de Código Aberto.
>
> Para tomar uma decisão relativamente à utilização ou não de Software de Código
> Aberto em Escolas Superiores de Tecnologia estamos a utilizar uma ferramenta
> de gestão designada por "Análise de Cenários".
>
> A questão "Deve uma Escola Superior de Tecnologia utilizar/desenvolver
> Software de Código Aberto?" foi dividida em três questões para, de uma forma
> mais precisa, se analisarem várias perspectivas de utilização. As questões são
> as seguintes:
>
> 1. Deve a direcção de uma Escola Superior de Tecnologia recomendar a adopção
> e/ou o desenvolvimento de software de código aberto para a implementação da
> sua infraestrutura informática?
>
> 2. Deve a direcção de uma Escola Superior de Tecnologia promover activamente a
> adopção de aplicações e infraestruturas de código aberto no ensino e na
> investigação?
>
> 3. Deve a direcção de uma Escola Superior de Tecnologia promover activamente a
> adopção de aplicações de utilização individual e sistemas de informação
> baseados em software de código aberto na gestão e administração da instituição?
>
> Com a aplicação da ferramenta de gestão Análise de Cenários, pretende-se tomar
> uma decisão relativamente às questões anteriormente apresentadas procurando
> averiguar a robustez da decisão perante uma variedade de futuros imaginados e
> considerados igualmente plausíveis. Com a aplicação da ferramenta Análise de
> Cenários, pretende-se também tornar perceptíveis sinais do ambiente que
> indiciem qual será, de entre os futuros imaginados, o mais próximo da evolução
> real do ambiente.
>
> Pensar antecipadamente sobre que medidas tomar caso a evolução real do mbiente
> se aproxime de um cenário, torna mais rápida a resposta da organização à
> mudança do ambiente. Uma reacção lenta à mudança do ambiente pode ser fatal à
> organização (neste caso, a uma escola superior de tecnologia).
>
> Como deverão ser construídos os cenários a analisar? Devem ser seguidos uma
> série de passos:
>
> 1.º passo: Encontrar factos sobre clientes, fornecedores, concorrentes ou
> comunidade que determinarão o desempenho (sucesso/insucesso) da decisão a
> tomar. (ex: custos do software (custo com Hardware, custo com Software, Custo
> com pessoal, Custo de serviços em outsourcing, Custos com períodos de
> indospinibilidade do sistema), Necessidade de conhecimento do código,...).
>
> 2.º passo: Encontrar forças do ambiente macro-económico (contextos económico,
> tecnológico, sócio-cultural e político-legal) que influenciam os factos
> referidos no passo anterior (2º passo). (ex: Clima de insegurança,...)
>
> 3.º passo: Ordenar factores por importância e incerteza
> Ordenar factos e forças encontrados no passo anterior em função,
> simultaneamente, da sua incerteza e importância. O objectivo é identificar os
> dois ou três factores que são, simultaneamente, mais importantes e mais
> incertos.
>
> No grupo de factores escolhidos no 4º passo não deverão estar factores
> considerados pré-determinados porque se pretendem apenas os factores mais
> incertos.
>
> Factor pré-determinado é:
>
> - um fenómeno de mudança lenta (ex: crescimento da população);
> - uma restrição (ex: os Japoneses devem (e irão) manter um défice externo
> positivo porque possuem 120 milhões de pessoas que habitam quatro ilhas não
> possuem os recursos para se vestirem, transportarem, ...);
> - uma 'fila' (ex: população adolescente na próxima década);
> - uma colisão inevitavel: (ex: colisão da diminuição de impostos com o aumento
> de benefícios públicos produzem, inevitavelmente, um desiquilibrio orçamental).
>
> Para reunir todas as contribuições referentes a este estudo foi criado um
> forum de discussão.
>
> Pede-se a sua colaboração neste forum. O URL é:
> http://deec.fe.up.pt/cenarios-feup/phorum-3.4.6/
>
> A ferramenta de gestão "Análise de Cenários" já foi anteriormente utilizada no
> Canadá para tomar decisão relativamente ao incentivo ou não do desenvolvimento
> de Software de Código Aberto. http://www.opensourcescenarios.org/projects.html
>
> Agradeço desde já toda a atenção dispensada.
>
> Adília Alves
>
> -------------------------------------------------------
>
> Fases seguintes da aplicação da Ferramantea de Gestão 'Análise de Cenários'
> são:
>
> 5.º passo: Seleccionar a lógica que distingue os Cenários
> No caso de, no passo anterior, serem identificados 1, 2 ou 3 factores como
> sendo, simultaneamente, os mais importantes e decisivos, estes podem ser
> visionados, respectivamente, como valores de um eixo, de uma matriz (com dois
> eixos) ou de um volume (com 3 eixos). O cenário estará basicamente localizado
> nos dois extremos do eixo, nos quatro extremos da matriz ou nos oito vértices
> do volume.
>
> 6.º passo: Reduzir Cenários
> Analisar se em cada cenário definido no passo anterior existem, entre as
> forças localizadas nos eixos, algum tipo de relacionamento ou causalidade.
> Criar uma história para cada cenário. Como poderia o ambiente transformar-se
> em cada cenário?
>
> Que eventos teriam de ocorrer para o ambiente se transformar no que está
> representado em cada cenário?
>
> 7.º passo: Implicações
> Depois de os cenários estarem desenvolvidos com um certo nível de pormenor
> temos de analisar como se comportará a decisão a tomar em cada cenário. Se uma
> decisão parece boa em apenas um de diferentes cenários, então é uma decisão de
> alto risco e não deve ser escolhida.
>
> 8.º passo: Selecção de indicadores e marcas
> É importante saber, o mais cedo possível, qual dos diferentes cenários se
> encontra mais próximo da real evolução do ambiente.
>
> Depois de ter reduzido os cenários (passo 6) e de ter determinado as
> implicações que cada cenário terá para a decisão a tomar (passo 7), é tempo de
> identificar alguns indicadores para monitorizar, de forma contínua, o ambiente.
>
> _______________________________________________
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