[ANSOL-geral]Re: [ANSOL-geral]Re: [ANSOL-geral]Entrevista para a r
evista Visão
Jaime E. Villate
villate arroba gnu.org
Mon, 25 Mar 2002 19:14:07 +0000
On Mon, Mar 25, 2002 at 05:24:05PM +0000, Jose' Sebrosa wrote:
> Ao ler isto acabei de tropecar num problema filosofico interessante: Os
> autores cedem os direitos `as grandes editoras porque desejam ter acess=
o `as
> vantagens de ser publicado por uma grande casa, com muitos canais de
> distribuicao, com melhores hipoteses de exposicao da obra, etc..
Até aqui estamos de acordo.
> O autor poderia escolher uma editora menor, ou mesmo investir uma edica=
o de
> autor, mas essa nao costuma ser a primeira opcao. A internet podia ser=
uma
> alternativa que permitia ao autor individual concorrer com a multinacio=
nal
> -- ou simplesmente ameacar isso para obter vantagens ao negociar as
> condicoes em que a grande casa vai publicar a obra. Podia, mas para o =
ser
> falta-lhe uma coisa: Um mecanismo eficaz de proteccao de copia.
Aí já deixamos de estar de acordo, como aliás discutimos no fim da reunião em
Lisboa.
Falo por mim próprio e pela minha experiência com alguns autores, na área de
engenharia, com quem tenho trabalhado na minha qualidade de director editorial
da colecção manuais da editorial da FEUP e membro do conselho editorial de uma
revista internacional. Não estamos preocupados com a protecção de copia; até é
bom que as pessoas possam copiar facilmente as nossas obras porque assim
tornam-se mais conhecidas e temos maiores hipóteses de serem reconhecidas como
obras importantes no momento dos nossos currículos serem avaliados.
O que faz com que um autor se submeta ao processo complicado de aprovação para
publicação por uma editora importante, com todos os problemas associados à
cedência dos direitos de autor, é principalmente pelo prestígio associado ao
facto de ter publicado por essa via.
Se um sistema de "printing on demand" ou um sistema de publicação via internet
chegar a ter suficiente prestígio (principalmente por parte da própria
comunidade científica que avalia as nossas obras), tenho a certeza que os
autores vão preferir esse método de publicação e as grandes editoras
tradicionais não poderão competir com as vantagens e flexibilidade associada a
esses novos métodos de publicação.
O sucesso dos livros da Gulbenkian é um caso a ter em conta. Os autores não
são parceiros da Editora num negocio de venda de livros, com uma percentagem
dos lucros, mas recebem uma recompensa ou subsídio pelo seu trabalho de terem
escrito (ou traduzido) o livro. A editora está claramente interessada na
difusão da cultura e não em quantos livros vão vender ou quanto lucro vão
receber. Têm conseguido atingir um bom nível de qualidade e de prestígio. Não
está melhor é pela falta de autores portugueses e pela falta de interesse
pelos livros portugueses (infelizmente muitas pessoas acham que se um livro
técnico é de um autor estrangeiro e está escrito em inglês é melhor).
Cumprimentos,
Jaime