[ANSOL-geral]Perguntas sobre a GPL

Jaime E. Villate villate arroba gnu.org
Thu, 17 Jan 2002 12:46:54 +0000


On Thu, Jan 17, 2002 at 10:19:24AM +0000, RP wrote:
> Penso que o programador sou eu e a biblioteca é a AgentAPI 
> (http://nms.estig.ipb.pt/)... :)
Ah, Bragança. Estive para ir para à Estig no ano passado mas não me
autorizaram.

> Calha bem que o assunto "veio à baila" porque tenho mais algumas ques=
tões a 
> colocar, sem querer abusar... ;)
> 
> 1. Desde que o código seja produzido única e e excusivamente por mi=
m, 
> posso, em qualquer altura modificar a licensa?
Claro que sim.

> No caso de haver contribuições por parte de outros programadores, s=
erá
> lícito modificar a licensa sem expressa autorização daqueles?
Não. Por isso é recomendável que fiquem claros os termos em que são feitas as
contribuições desde o início. Para contribuições pequenas, normalmente pede-se
ao autor que as entregue como domínio público, que permite ao responsável do
pacote modificar a licença a vontade; o autor de uma pequena contribuição não
pode pretender controlar o pacote completo. Para contribuições mais
significativas convém ter um acordo prévio com os autores e respeitar esse
acordo; é sempre possível separar o projecto em subprojectos, que podem ser
distribuidos com liceças difrentes.
Recomendo vivamente o guia para responsáveis por pacotes GNU
(http://www.gnu.org/prep/maintain_toc.html) que explica como é feito no caso
dos pacotes GNU. 

> 2. Sendo eu professor (em exclusividade) não posso, pessoalmente, cob=
rar 
> qualquer tipo de $$$ pelo trabalho desenvolvido
Uf, um professor que leva a sério o regulamento sobre exclussividade!!

> Por este motivo, 
> enveredei, desde início pelo GPL (e não pelo LGPL). Posso, no entan=
to, 
> conceder versões LGPL a algumas empresas com quem possa negociar 
> "contrapartidas"? Desta forma vou estar a assegurar a continuação d=
a 
> biblioteca como open e conseguindo um meio de apoio extra GPL... isto 
> parece, no entanto, um pouco rebuscado relativamente à opinião do S=
tallman:
> "Proprietary software developers have the advantage of money; free soft=
ware 
> developers need to make advantages for each other. Using the ordinary G=
PL 
> for a library gives free software developers an advantage over propriet=
ary 
> developers: a library that they can use, while proprietary developers 
> cannot use it. "

Este é um ponto muito importante porque tem muito a ver com a nossa eterna
discussão nesta lista. A posição da FSF de oposição ao software proprietário, e
recomendação o uso preferencial da GPL sobre a LGPL não implicam uma total
proibição a que os autores usem LGPL ou até licenças proprietárias. Sempre que
esse uso não seja visto como uma ameaça para o Software Livre (podes fumar
sempre que eu não tenha que respirar o teu fumo).

Existe um pacote GNU que é também distribuido com licença proprietária. É
um dos pacotes absolutamente essenciais em GNU/Linux. Estou a falar do "GNU
Ghostscript" (http://www.gnu.org/directory/ghostscript.html). A Aladdin
distribui a sua versão mais recente com uma licença proprietária
(http://www.cs.wisc.edu/~ghost/). Quando lançam uma nova versão, a versão
anterior passa para o projecto GNU. A política da Aladdin não é vista como uma
ameaça ao software libre.

Não acontece o mesmo por exemplo com o JDK da Sun; a Sun tenta sempre fazer
com que a versão mais recente seja incompatível com versões anteriores para
obrigar os utilizadores a actualizar e até ignora compromisos assumidos com
colaboradores voluntários, que foi o que fizeram com a versão Blackdown do JDK
(e que suspeito irão fazer com o OpenOffice). O JDK da Sun sim está a empatar
o desenvolvimento do software livre.

> Ele defende que, se o mundo idealmente, seguisse a corrente de 
> desenvolvimento open source, o que aconteceria seria uma exagerada 
> peoliferação de "vendedores" em detrimento de programadores... Eu 
> desenvolvo um produto, que coloco à venda com a licensa GPL. O meu 
> concorrente obtém as sources e adiciona funcionalidade, eu faço, de=
 seguida 
> o mesmo... portanto, vai estar a ser comercializado um produto igual po=
r 
> n++ concorrentes, que terão de fazer algo para ganhar a vida - vender=
 da 
> melhor maneira possível, uma vez que o produto é o mesmo... o que a=
cham?

Eu comparo a situação ao caso da ciência, em particular a física que é a
que melhor conheço. Existe UMA electrodinâmica; cada autor vai aumentando mais
um bocado que faz com que a teoria continue a crescer. Os físicos não ganhamos
a vida a vender diferentes teorias da electrodinâmica: "Electrodinâmica 3
Standard Edition", "Star electrodynamics 4.0 Deluxe Edition", etc; no entanto
conseguimos ganhar a vida (e até viver muito bem :-).

> 4. Na minha instituição de ensino, é hábito realizar uma semana=
 dedicada às 
> engenharias, sendo um dos dias dedicado à Engenharia Informática. C=
omo 
> estou a organizar este evento juntamente com outras pessoas, gostaria d=
e 
> saber qual é a viabilidade de ter algum representante da ANSOL para f=
azer 
> uma pequena palestra de esclarecimento e sensibilização para o sw l=
ivre no 
> seio dos nossos alunos. Em princípio, esta semana será em Maio.
Desde já ponho-me a disposição; sempre gostei de ir passear a Tras-os-montes.

Jaime