[ANSOL-geral]Busca de projectos open-source portugueses...
Rui Miguel Seabra
rms arroba multicert.com
09 Jan 2002 14:49:11 -0500
--=-pkL39he5PFuD2v99i5Q2
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Content-Transfer-Encoding: quoted-printable
Ok.
On Tue, 2002-01-08 at 22:53, Luciano Miguel Ferreira Rocha wrote:
> Nao concordo com que escolher uma licen=E7a sejua um uso de um poder.
> Para mim, *criar* =E9 uso de poder, escolher a licen=E7a =E9 um direito q=
ue
> me assiste, e =E9 uma forma de dar *mais* direitos =E0s pessoas.
Criar e uso da criatividade.
Por seres o criador e-te atribuido o poder de limitar o uso da tua
criacao.
Assim, ao escolher uma licenca nao livre, estas a exercer o um poder
sobre todos os que possam utilizar a tua criacao.
Como codigo fonte e transmissao de ideias... uma receita por assim
dizer, estas a limitar o livre fluxo de ideias que e um direito
(Liberdade de Expressao)
> Que a licen=E7a d=EA mais ou menos liberdade n=E3o signifique que a remov=
a,
> ou que se imponha sobre os outros. Ali=E1s, as =FAnicas que n=E3o se imp=
=F5em
> s=E3o a BSD e a Public Domain. Nestas sacrificamo-nos incondicionalmente;
> noutras nem sequer fazemos qualquer sacrif=EDcio; e na GPL sacrificamo-no=
s
> condicionalmente (ie na condi=E7=E3o do pr=F3ximo tamb=E9m se sacrificar)=
.
A GPL e mais livre do que a BSD porque impede que se prendam ideias.
Lembra-te que na liberdade podes fazer tudo menos atentar contra a
liberdade (dos outros).
Public Domain e BSD permitem extensoes proprietarias. Embrace and
Extend, lembras-te?
> On Tue, Jan 08, 2002 at 09:45:32PM -0500, Rui Miguel Seabra wrote:
> > Ao criar esta-se a produzir codigo que nao permite o uso das liberdades
> > a que temos direito.
> Nunca tivemos direito. Nunca tivemos direito ao que n=E3o =E9 nosso, e
> nunca tivemos direito ao que nunca foi criado. N=E3o estamos a falar
> de patentes de software, mas como algu=E9m decide distribuir uma cria=E7=
=E3o
> sua.
codigo e discurso. e tirano usufruir do poder que nos e concedido, pela
criacao de um discurso, de uma forma que permita o eventual limitar do
cerebro de outros.
> > Ao usar, esta-se a dar incentivo para se continuar a produzir.
> E =E9 direito dessa pessoa incentivar, se assim quer. Claro que n=E3o dev=
ia,
> e para isso est=E1 c=E1 a ANSOL: para lhes indicar os problemas disso, as
> vantagens do software livre, e as alternativas de que disp=F5e.
E convencer os autores a contribuir para um mundo melhor.
> > Esse e o desejo de muitas companhias (Microsoft e outras) e associacoes
> > (RIAA, MPAA, etc).
> Esse n=E3o =E9 o desejo de muitas companhias, mas o desejo de 99.9% das p=
essoas:
> que as suas vontades e desejos sejam definam as liberdades. As companhias
> apenas desejam ganhar rios de dinheiro e destruir a concorr=EAncia satisf=
azendo
> os desejos reais ou induzidos das pessoas.
A unica maneira de ganhar rios de dinheiro e a exploracao dos outros.
Assim, e desejo das companhias limitar e confinar as liberdades dos
consumidores a pagar pelo uso (nao pela copia como funciona
actualmente). Mas ao mesmo tempo, a forcar-nos a nao ter alternativa
senao usar o que elas nos dao. Dai que se lute contra esse desejo. As
comapanhias sao as pessoas que as gerem, nao sao uma entidade
consciente, mas o que e mais simples de dizer: as pessoas que gerem as
companhias ou as companhias? Dado que toda a gente sabe que uma
companhia nao e uma entidade consciente mas sim o resultado de uma
associacao de pessoas com objectivos comeriais, nao vou falar dos
desejos do Bill Gates, Xpto, Zbr e Chiquito 1-XXX que facam parte da
Microsoft, mas sim da companhia Microsoft. Para citar um exmplo com uma
companhia real.
> > Ha-que lutar contra isso. Felizmente nos EUA ha sempre o ultimo recurso
> > (far west)
> Pois que se lute. Mas o que dizeis =E9 que n=E3o h=E1 nada contra que lut=
ar:
> que as pessoas n=E3o t=EAm a liberdade, logo o direito de escolher que
> software usar ou que licen=E7a usar no seu software. N=E3o lutam pelo Sof=
tware
> Livre, mas pela imposi=E7=E3o do software livre.
Nao. Defendemos que as pessoas devem usar licencas livres e temos
direito de recomendar que passem a usar licencas livres, e o direito de
criticar o uso de licensas nao livres. A unica coisa que nao podemos e
encostar uma pistola a cabeca das pessoas e obriga-las a faze-lo. E a
diferenca entre liberdade de expressao e poder.
Isso e lutar pelo software livre. Se nao o fizermos assim, so resta a
alternativa armada, e ai estariamos a cair na hipocrisia, pois ai sim,
estariamos a usar do uso do poder. Isto so se justificaria como legitima
defesa contra o uso de poder forcado (por exemplo, se caissemos numa
tirania armada militar, nao era certamente apenas por falarmos que
conseguiriamos libertar o pais).
> > Tem a liberdade de usar o software melhor indicado para o seu caso, mas
> > deve-lo-ia fazer com consciencia de que ao faze-lo esta compactuar com
> > todo o mal que vem por detras.
> Ent=E3o tem a liberdade para o fazer ou n=E3o?
Essa pessoa tem de saber se quer compactuar ou se aceita sofrer as
consequencias dos seus actos ou sacrificar outros em prol dos seus
beneficios.
> > E como o caso da Triumph e as equipas
> > femininas de esquiadoras dos jogos olimpicos de inverno. Estas equipas
> > recusaram-se a usar do patrocinio da Triumph por esta cometer grandes
> > males (como copactuar com o regime ditatorial e opressivo da birmania a
> > fim de ter mao de obra barata... ao preco da chuva).
> Isto =E9 um exemplo de pessoas que decidiram usaram da sua liberdade *con=
tra*
> _o mal_. O que pedis =E9 que essas pessoas nem sequer tenham liberdade de=
se
> decidirem pelo patroc=EDnio. E nesse caso, que valor teria essa decis=E3o=
?
Nao, o que pedimos e que as pessoas tenham a consciencia de nao o fazer
porque ao faze-lo estao a prejudicar outros.
E o prejudicar deve ser entendido de uma forma lata. Alguem e
prejudicado por outro usar lingerie triumph? Directamente nao, mas ao
nao o fazer e protestando pelas praticas da triumph esta-se a lutar
contra as mas atitudes da Triumph.
O mesmo acontece com software.
> > Quanto ao poder de escolher uma licenca, rele o que disse e le:
> > Freedom or Power? http://www.gnu.org/philosophy/freedom-or-power.html
> Esse artigo restringe Liberdade aos actos que apenas nos afectam
> individualmente, e define os outros actos, os que afectam n=E3o apenas a =
n=F3s,
> como Poder. Sendo assim, que liberdade existe? N=E3o vivemos em sociedade=
,
> e assim n=E3o afectam todos os nossos actos os ao nosso redor?
Aonde e que restringe? O principal e:
<<However, one so-called freedom that we do not advocate is the "freedom
to choose any license you want for software you write". We reject this
because it is really a form of power, not a freedom.>>
(...)
<<This oft-overlooked distinction is crucial. Freedom is being able to
make decisions that affect mainly you. Power is being able to make
decisions that affect others more than you. If we confuse power with
freedom, we will fail to uphold real freedom.>>
(...)
<<We believe you should decide what to do with the software you use;
however, that is not what today's law says. Current copyright law places
us in the position of power over users of our code, whether we like it
or not. The ethical response to this situation is to proclaim freedom
for each user, just as the Bill of Rights was supposed to exercise
government power by guaranteeing each citizen's freedoms. That is what
the GNU GPL is for: it puts you in control of your usage of the
software, while protecting you from others who would like to take
control of your decisions.
As more and more users realize that code is law, and come to feel that
they too deserve freedom, they will see the importance of the freedoms
we stand for, just as more and more users have come to appreciate the
practical value of the Free Software we have developed.>>
A diferenca e se tu queres que os teus actos possam afectar
negativamente os outros ou nao. Aqui prefere-se que a afectar, que o
seja positivamente.
> > > Afinal, tamb=E9m aceito a liberdade que cada um tem de decidir ser um=
justo
> > > ou um in=EDquo...
> > Eu tambem acho que os neo nazis teem todo o direito de se expressarem
> > num website, em jornais, etc.
> > Ja nao acho e que devam expressar-se com uma maca de guerra na cabeca d=
e
> > alguem que (na sua perspectiva) nao e geneticamente puro.
> Falo em imposi=E7=E3o (de ideais, de escolha), falas em actos (assass=EDn=
io).
> Eu digo que a primeira vai contra a liberdade, dizes que a segunda vai co=
ntra
> a liberdade, e usa-la como exemplo para que a primeira n=E3o v=E1 contra =
a
> liberdade.
Vamos a entender umas coisas:
1) ninguem esta a forcar ninguem
2) esta-se a tentar convencer as pessoas a nao fazerem actos que
restringem as liberdades dos outros. Ainda nao vi ninguem apontar uma
pistola dizendo: liberta em GNU GPL e nao em BSD.
3) se alguem nao se importa de usar software proprietario, esse alguem
nao esta em condicoes para defender o software livre. Pode simpatizar,
mas nao tem capacidade para o defender. Como ja foi dito varias vezes,
nao se pode ser defensor nos dias impares e hipocrita nos dias pares.
4) a primeira nao vai contra a liberdade do individuo. Vai contra a
"liberdade" do individuo oprimir a liberdade de outros individuos. E
isso faz todo o sentido. A partir desse momento a "liberdade"
transformou-se numa forma de poder sobre os outros.
5) eu nao falei de assassinios. falei sobre a diferenca entre eles se
exprimirem, e eles cometerem os actos.
> O direito de que falas dos neo-nazis se expressarem em websites ou em jor=
nais
> =E9 o que eu considero entrar na categoria de escolha de licen=E7a. At=E9=
agora
> ningu=E9m me conseguiu convencer que a escolha de uma licen=E7a, por part=
e de
> algu=E9m, v=E1 contra a minha liberdade. E pelo contr=E1rio, considero mu=
itos
> casos de liberdade de express=E3o como atentados contra a minha liberdade=
.
Nao, ao escolher uma licenca nao livre, esta-se a entregar uma maca de
guerra com a qual se pode matar ou roubar a alguem.
Ao se expresarem num web site, neo-nazis estao a usufruir do seu direito
de se exprimirem e trocarem ideias. Se pelo contrario so podesses
visitar um web site e eles so la colocassem as ideias deles, estariam a
exercer um poder sobre ti, e deixariam de estar a exercer uma liberdade.
> > > N=E3o querer aceitar as consequ=EAncias dos seus actos n=E3o =E9 sin=
=F3mino de lhe
> > > terem pisado a sua liberdade...
> > A consequencia de deixares que te coloquem grilhoes a volta das pernas =
e
> > ficares preso.
> Que inventem grilh=F5es n=E3o me prende as pernas, at=E9 algu=E9m os deci=
dir usar
> para esse fim. Inventarem grilh=F5es e n=E3o divulgarem o meio de os abri=
r sem
> ter a chave =E9 chato para mim, pois terei que ir por tentativas, e =E9 c=
hato
> para os servi=E7os prisionais, pois n=E3o poder=E3o remover essa _funcion=
alidade_.
> Mas neste caso n=E3o =E9 a empresa ou pessoas que inventaram esses grilh=
=F5es
> que me prenderam. (A n=E3o ser que seja de fabrico pr=F3prio...)
La esta. So estas a ver na perspectiva da afectacao directa.
Nao e so a ti que prejudicam, mas a todos. Utilizadores e Programadores.
Os grilhoes tambem podem ser usados para prender os prisioneiros
politicos, ou colocando-os nos pes de um individuo o afogar atirando-o
para um rio profundo.
> > > N=E3o tenho gostado desta conversa, e gostei menos quando o RMS indic=
ou
> > > uma p=E1gina do RMS original em que este dizia que as pessoas n=E3o t=
=EAm o
> > > direito de escolher as suas licen=E7as ou o software que usam.
> > Rele-o. Nao o entendeste. Essa liberdade e na realidade o exercicio de
> > um poder sobre os outros.
> Eu n=E3o os obrigo, nem posso, a usar o produto que criei, como ent=E3o
> exercito poder sobre eles? Por n=E3o lhes dar os meios n=E3o de o alterar=
em
> mas de alterarem o que lhe deu origem?
Nao? E o software medico? Tens alternativa? Quando tiver um bug e alguem
morrer, achas que ha dinheiro que compense a perda do ente querido? E se
a empresa que o fez for a falencia por um caso desses? Acabou o suporte
ao software. Vai-se gastar milhoes novamente para fazer um novo?
Mais uma vez mostras nao estar a ver muito alem da pessoa individual. Ha
mais pessoas no mundo. Ao compactuares com software nao livre, estas
indirectamente a dar apoio a quem causa/pode causar sofrimento a outros.
Nao necessariamente a ti.
> > Agora, o Stallman nao e um policia, e luta
> > dentro das armas disponiveis: a comunicacao e difusao das suas ideias.
> Mas nesse texto ele luta como pol=EDcia. N=E3o tenta difundir a ideia que
> o Software Livre =E9 o mais justo; que oferece partilha de conhecimentos
> e de ideias; que oferece mais liberdade aos que o usam e o criam. Mas
> sim que o Software Livre *=E9* obrigat=F3rio, o =FAnico que respeita a
> liberdade dos cidad=E3os...
Consegues provar que ha outro tipo de software onde isso acontece?
Consegues provar que ha software nao livre que respeita a liverdade dos
cidadaos?
Ele nao luta como policia. Ele luta com as palavras que pode dizer.
Nao sofreu e morreu montes de gente para nos livrar de ditaduras
(nazismo, estalinismo, estado novo, etc) para agora nao se poder
exprimir a opiniao.
> > > E ainda gosto menos quando me lembro que toda esta intransig=EAncia =
=E9
> > > parcialmente hip=F3crita pois os que a apregoam aplicam a sua filosof=
ia
> > > restringida ao universo do "software", ignorando todos os outros em
> > > que este se inclui e depende....
> > Nao e hipocrita. E uma frente de batalha. A AMI, por exemplo, segue
> > outras frentes.
> Deveria ter antes usado o termo "inconscientemente hip=F3crita". E =E9-o
> na mesma frente de batalha: propriedade intelectual, de que o
> conhecimento humano =E9 para ser transmitido e livre. Discrimin=E1-la
> apenas em software ignorando o resto (hardware, etc) adultera a
> filosofia e despe-a de autenticidade.
Quem e que disse que ignora o resto? Ha inclusive diversas transcricoes
de discursos onde o Stallman fala que no hardware para ja ainda nao se
poem essas questoes, mas no dia que isso acontecer (quando existirem
replicadores, por exemplo) ser mais uma batalha a tomar.
Imagina que alguem inventa replicadores de comida (think star trek).
Achas que a McDonalds, a Burger King, as associacoes culinarias
francesas etc vao achar piada a isso?
Ate aposto que vao apoiar a criacao de leis que ilegalizem os
replicadores, embora eles pudessem ser usados para terminar a fome no
mundo.
> > Cada um ajuda no que pode e no que acha que consegue dar a melhor ajuda=
.
> > Assim se desenvolve o software livre, da mesmo forma como se constroi u=
m
> > mundo melhor. Ajudando cada um um bocado... um bocadinho que seja!
> Sim, sim, concordo com isso e esses ideais. Mas em cima n=E3o falas em
> ajudar, em voluntariado, mas em imposi=E7=E3o, obrigatoriedade.
Nao. Fala-se em ajudar e convencer a ajudar. Nunca na vida se pode
defender, entao, na opcao de nao ajudar.
> Continuarei a suportar o software livre, enquanto este for Livre, e n=E3o
> obrigat=F3rio...
O software e livre se tu lhe conferires condicoes para que todos possam
exercer as suas liberdades. A partir do momento em que tu so conferes
certas liberdades, estas a restringi-lo e deixa de ser livre.
O que se quer e convencer as pessoas a nao fazer software nao livre.
Quer-se convencer as pessoas a conscientemente o fazer, e nao porque sao
obrigadas. As pessoas e que teem de reconhecer a posicao moral em que
estao onde, actualmente, existem leis que lhes conferem o poder
ILIMITADO de limitar a liberdade dos outros.
Hugs, rms
--=20
+ No matter how much you do, you never do enough -- unknown
+ Whatever you do will be insignificant,
| but it is very important that you do it -- Ghandi
+ So let's do it...?
--=-pkL39he5PFuD2v99i5Q2
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