[ANSOL-geral]Busca de projectos open-source portugueses...

Luciano Miguel Ferreira Rocha strange arroba nsk.yi.org
Wed, 9 Jan 2002 05:00:31 +0000


On Wed, Jan 09, 2002 at 03:40:38AM +0000, J M Cerqueira Esteves wrote:
>                    The technicians will give us anything we want.
		Will they give us justice? Peace of mind, of spirit, of
		society? Contentment? Life?
		Or the wanting refered is of the kind that men can give:
		destruction, dispair, death?

> A questão central talvez seja porque temos esse direito e até onde
> será preferível ir esse direito. Convém lembrar de que direito es=
tamos
> a falar.  Estamos a falar do direito a limitar o uso do que criamos,
Não, estamos a falar da liberdade (não direito) de escolher uma licença,
e assim do que ofereceremos a mais para além do produto final (o código
fonte e os direitos de *distribuir* esse código e alterações próprias).

A própria limitação está já impedida pela legislação de restringir
liberdades pessoais dos que adquiriram o produto legalmente (até ser
aprovada a EUCD).

> Que eu saiba (e pelo menos por enquanto) o Saramago não me pode
> impedir, por exemplo, de ler um livro dele mais de uma vez sem lhe
> pagar mais direitos, de o ler numa biblioteca, de emprestar o meu
> exemplar a outra pessoa, ou de citar aqui algumas frases.  
> O Saramago tem alguns direitos mas não *todos* sobre o meu uso
> das suas obras.
E o direito de ler um livro do Saramago que não é publicado?

Mas o que se esteve a discutir é se o Saramago tem o direito (ou antes,
a liberdade) de decidir não lhe dar o direito de pegar num livro dele,
alterar o nome da capa, fazer umas correcções de português, adicionar
um episódio +/- interessante, *e publicar esse novo livro*?

E também se tens pessoalmente a liberdade de ler o livro ou não,
dependendo da "licença" com que ele o publicou.

O ponto de vista do RMS é que o Saramago não tem essa liberdade: isso
deixa de ser liberdade pois entra em conflito com a tua (como leitor).

> > Se o produto é necessário, se ninguém produz uma versão livre=
, não
> > vejo porque é que o autor não deva ser incentivado a produzir mai=
s.
> 
> Esse argumento podia ser usado também, por exemplo, para aumentar
> drasticamente os direitos das empresas farmacêuticas sobre os seus
> produtos e os seus clientes.  Escolham-se 2 ou 3 doenças graves e
> pense-se apenas a curto prazo com privilégios excepcionais dados às
> empresas.  Será que mesmo salvando mais algumas vidas teríamos o
> direito de o fazer, pensando a longo prazo? Mesmo com a promessa do
> salvamento de vidas a curto prazo, uma decisão com consequências a
> longo prazo não seria fácil.
Este teu comentário confunde-me um pouco... Usando o exemplo farmacêutico,
o que estaria em causa seria: havendo uma única empresa farmacêutica
que produzisse um medicamento para certa doença, mas de uma forma
proprietária, deveríamos transigir neste caso para salvar a nossa vida?
(Claro que comparar salvar vidas com software é um absurdo, mas não
percebo muito bem o teu comentário pois falas em dar mais privilégios
às empresas, e ao mesmo tempo salvar mais vidas...)

> Ou seja: o software livre apenas funciona enquanto existe
> paralelamente outro tipo de licença com mais restrições aplicadas=
 aos
> utilizadores?  Caricaturando: 
> - Eu uso Linux e ferramentas GNU por alguma birra com a Microsoft e 
>   por reparar que no meio de tanto software caro há uns produtos que =
consigo 
>   de graça (dádivas) de uns autores porreiraços?
Usas Linux e ferramentas GNU porque são mais estáveis e melhores que
as da Microsoft e outros Unixes. Se inicialmente a Microsoft e esses Unixes
fossem obrigados a usar a GPL, haveria necessidade para o Linux e GNU?

> - E os respectivos programadores libertam produtos sob licença GPL pa=
ra 
>   serem "diferentes" e saltarem à vista na paisagem dominada pelo sof=
tware 
>   proprietário, quiçá motivados pela vontade de "dar" e ficar fam=
osos
>   no meio de um mundo egoísta?
É engraçado como misturas objectivos generosos e egoístas...

> - E num mundo só de GPL e afins eu ia achar isto tudo uma treta 
>   e deixaria de reconhecer a (colossal) dádiva do TeX pelo Knuth?
>   Talvez voltar à máquina de escrever e ao ábaco ou (God forbid) =
começar a 
>   usar Windows e Word pela (ouch) superioridade técnica?
Num mundo GPL não serias forçado a usar Windows e Word, excepto porque
num mundo GPL existiria a possiblidade do Windows e Word serem técnicamente
superiores...

>   E o Knuth, deixaria de achar piada à programação?
Antes, conseguiu ele achar piada à programação num mundo não-GNU? Conseguiu
ele desenvolver o melhor sistema de typesetting num mundo não-GNU? Conseguiu
Linus Torvalds desenvolver um dos melhores sistemas operativos num mundo
não-GNU? Conseguiu RMS desenvolver um sistema operativo completo num mundo
não-GNU? Parece que sim, e que afinal, sempre tiveram a liberdade para o
fazer não obstante o software proprietário...

> Nota repetida:  ninguém seria *obrigado" a programar, também.
(Podiamos era obrigar toda a gente a ter um cérebro... *não aplicável a
ninguém nesta lista, mas já que andamos a atirar desejos ao ar...*)

> > agradecendo-lhes. A ideia de que o autor é obrigado a optar por uma
> > licença livre é perniciosa porque elimina muitas das razões que=
 
> > levam os autores a escrever software livre.
> 
> Quais razões?  Alguém conhece um programador que goste agora de GPL=
 e
> deixasse de gostar de programar se fosse obrigado a usar GPL?
Interessaria ele gostar ou não? Importaria isso? Estariamos mais
desenvolvidos? Afinal, muitos dizem que têm sido os bugs do software
da Microsoft que tem impulsionado o desenvolvimento do hardware... :)
(Não comento a veracidade disso, estou cansado demais para isso...)

Nota: Eu apoio o mais possível o software livre, aceito o open source, e
desprezo o proprietário (é pena o Quake3 só ser libertado em GPL daqui a
uns anitos). E sou a favor em falarmos apenas de software livre;
criticarmos o software proprietario e quem o usa; mas não sou a favor
do conceito de que as pessoas não têm a liberdade de escolher a sua
licença.

Cumps.

-- 
Luciano Rocha, strange arroba nsk.yi.org

The trouble with computers is that they do what you tell them, not what
you want.
                -- D. Cohen