[ANSOL-geral]Busca de projectos open-source portugueses...

J M Cerqueira Esteves jmce arroba artenumerica.com
Tue, 8 Jan 2002 11:45:39 +0000


* Vasco Figueira <figueira arroba europe.com> [2002-01-07 20:46 +0000]:
> Nós (defensores do software Livre) não podemos ter a presunção de dizer 
> às pessoas o que elas devem fazer! 

Se se defende alguma coisa, então porque não dizê-lo?  Quem define as
licenças são... pessoas.  Se não se diz às pessoas o que achamos que
deviam fazer, resta o quê para dizer a quem?  Não se trata de forçar
ninguém violentamente.

> Claro que também eu gostaria que todos os programas fossem
> licenciados sob a GPL, mas faço figura de otário se me virar para
> alguém e lhe disser que não aceito que ele licencie algo *dele* como

Esse "*dele*", sublinhado e tudo, é muito caro a quem promove
regularmente expressões como "propriedade intelectual", mas não
é apoiado por nenhum (supõe-se) direito de origem divina nem (espera-se)
por uma equivalência legal com a propriedade de objectos físicos.
Otários seremos se nos deixarmos enganar pela confusão de conceitos
que está a ter tanto sucesso.  As licenças de que não gostamos
"aceitam-se" quando muito no sentido de não podermos "forçar" directamente
os outros a agir de outra forma e no sentido de não as violarmos
tendo em conta a lei em vigor.  Isso não nos obriga a "aceitá-las"
de outras formas, nomeadamente aceitando que ao abrigo da noção
de "propriedade" sejam dados por via legal poderes ilimitados de restrição
de uso aos detentores de "propriedade intelectual" .

> proprietário. O tipo ri-se na minha cara e com razão...

E em alguns casos poderá rir-se sem razão.  Quando se pensa de forma diferente
e se age de acordo com isso, é bom estar preparado para o inevitável
riso alheio, sem necessariamente ele se dever a acções disparatadas da
nossa parte.  A vergonha paralisa.

> Assim penso que a posição oficial da ANSOL (caso venha a existir) deverá 
> ser de uma preferência pelo software livre (GPL, LGPL, ...), mas 
> aceitando que outros não concordem connosco.

Admitindo que não vamos queimar ninguém em fogueiras ou reagir
violentamente de outra forma, claro que se aceita que outros não
concordem.  Pode viver-se em paz e boa vizinhança com quem achar
que 2+2==5.  Mas para isso não é preciso embarcar em relativismo
envergonhado e politicamente correcto ("todos os pontos de vista
são igualmente válidos", etc etc) nem desistir de tentar convencer
(pacificamente) os outros daquilo que achamos mais correcto.