[ANSOL-geral]Logotipo e design

J M Cerqueira Esteves jmce arroba artenumerica.com
Fri, 8 Feb 2002 02:51:07 +0000


* Lopo de Almeida <lopo.almeida arroba sitaar.pt> [2002-02-08 00:24 +0000]:
> É bom não limitarmos as opções. E é importante não usar? Porque não
> devem os browsers com capacidade para ter algumas coisas que o
> javascript pode dar, usá-lo? Usar DHTML é mau? Então para que hão-de
> os browsers tê-lo?

Bigger, better, explanation: http://www.arsdigita.com/books/panda/html,
começando na secção "It's Hard to Mess Up a Simple Page" e passando
pela secção "Why Graphic Designers Just Don't Get It".

Smaller, poorer, explanation:

A melhor estratégia, do meu ponto de vista é: usar quando há
alguma razão para usar, não "porque a capacidade está lá".  Frames, Java,
Javascript, Flash (e até o velhinho <blink>!), DHTML, tudo isso pode ser
útil em certas circunstâncias, e já vi excelentes usos de todos,
desde sítios académicos a sítios promovendo produtos comerciais,
passando por interfaces de administração via browser.
Mas a esmagadora maioria dos sítios que vi usar qualquer deles:
- não precisava desses meios para nada;
- tinha limitações de acessibilidade motivados pelo uso ou mau uso
  dessas técnicas;
- tinha acesso mais lento;
- tinha HTML mau.
Já para não falar da ausência de conteúdo (que por vezes se tenta
remendar com "visual" chamando os designers gráficos para fazer os bonecos).

Virtuosismo (a não ser num web-novo-riquismo ainda muito popular em
Portugal mas que aparentemente algumas empresas grandes já aprenderam
a não querer para os seus servicos WWW) não é usar todas as técnicas só
porque se conhecem (e por vezes nem as conhecendo bem) e porque os
browsers (todos ou alguns) as suportam.  A Optimus teve em tempos um
sítio WWW excelente: pelo que vi, bonito num browser gráfico,
impecável em browsers de texto (até no lynx), e sem terem de fazer N
versões diferentes para suportar tudo; simplesmente HTML bem escrito
bastava.  Das última vezes que vi aquilo, a presença da Optimus na WWW
estava um destroço, sob todos os pontos de vista, e a culpa não era
só dos browsers que uso (e uso uma boa variedade deles).

> Se o javascript fôr problema é só dizer, ok. O pessoal do Melting
> Pot não é comichoso e se fizer um design com menos "mariquices" se
> calhar até é melhor para eles.

Se for assim, é bom sinal.  De facto, optar pela simplicidade pode dar
menos trabalho, por evitar problemas desnecessários.  A vida já é
complicada com esta coisa horrorosa e remendada que é o HTML (+CSS +
w3atever) e com a história dos vários browsers; o "ponto" é não
complicar mais do que for necessário.  Ser trabalho voluntário é mais
um argumento a favor da simplicidade (a não ser que a simplicidade
seja o que exige mais esforço).

> > Ser preciso recomendar aos designers uma visita ao acessibilidade.net
> > já é mau presságio...
> 
> Pois! Eu sou programador e já ando nisto dos Websites há seis anos e
> digo-te que, para a maioria dos webdesigners é bom avisar.

Pois, eu sei.  Por isso é que digo que é mau sinal quando se tem de avisar.
Um "web designer" supostamente sabe fazer design para a web, o que é muito mais
do que apenas design gráfico (sem falta de respeito por este).

> Já agora, não sei porque criticas. O vosso site passa no HTML 4.0,
> mas chumba no teste "W3C WCAG 1.0".

[nota: não tenho nada a ver com a elaboração da página actual, embora logo
 que possa tente dar algumas sugestões concretas]

> "This page does not yet meet the requirements for Bobby AAA Approved
> status. To be Bobby AAA Approved, a page must pass all of the Priority
> 1,2 and 3 accessibility checkpoints established in W3C Web Content
[...]
> 

Este é um dos campos onde muita coisa não é detectável de forma
automática, embora o Bobby possa dar uma ajuda (frequentemente com
falsos alarmes, dada a dificuldade de automatizar).  Por outro lado, um
ou outro dos requisitos para "AAA aproval" parece-me até
contraproducente, por exemplo "allow[ing] users to customize their
experience of the web page" (confronte-se o requisito com a discussão
em http://www.useit.com/alertbox/981004.html).

> Isso é perfeitamente perdoável numa empresa mas numa associação acho
> que não.

Numa empresa será perdoável visto de fora por quem não é cliente: se a
empresa tiver menos acessos, problema dela.  Mas do ponto de vista da
empresa, em geral, não me parece inócuo que se mande a acessibilidade
às urtigas.

> Uma das questões que se devia levantar é se a ANSOL devia ser
> parceira da ANASOFT (Aliança Nacional para a Acessibilidade do
> Software). Essa questão coloquei noutro email.

Há alguns interesses em comum... As questões ligadas à WWW são bons exemplos.

> > E as ferramentas? Creio que havia a ideia de usar software livre.
> 

> Bom! Aí é que estamos mal. Se nos pomos com exigências dessas a um
> pessoal que está a fazer as coisas de borla e que costuma cobrar
> centenas de contos... não sei se estás a vêr bem o filme. Nós
> acreditamos no Software Livre... eles acreditam nas ferramentas que
> funcionam.

Eu também acredito nas ferramentas que funcionam (das poucas vezes que
usei Windows senti-me preso num brinquedo defeituoso), e normalmente
as que uso de software livre funcionam muito bem.  Faltam infelizmente
algumas (felizmente não para quase tudo o que faço), e acredito que
para muito do que eles fazem não existam soluções livres (o software
livre de OCR, por exemplo, é ainda muito limitado por comparação com
os produtos fechados).

E sei que por causa da "propriedade intelectual" problemas não faltam
a quem quiser trabalhar em certos campos apenas com software livre.
Por exemplo, especificar cores de forma rigorosa: a Pantone parece ser
a Grande Dona das Cores e por agora não podemos (que eu saiba) ter
suporte para códigos Pantone em software livre...

Mas ninguém exigiu nada ao "outro lado" em termos de ferramentas; no
limite podemos sempre partir de uma solução encontrada por eles e
reimplementá-la com software livre em formatos abertos; eles terão
na mesma o mérito de ter criado o design.

> Não vos entendo muito bem, realmente. Dá-se-vos as coisas de borla
> e só sabem reclamar. Já estou um bocado arrependido de lhes ter
> pedido alguma coisa :-(

Eu sou portuguesmente rápido a dizer mal, às vezes injustamente (e não
conheço praticamente nada do trabalho deles para poder formar uma
opinião fundamentada), mas nunca deixei de dizer o que pensava por
causa de borlas, por mais ofensivo que isso possa parecer; em
compensação, quando dei borlas a outros também não vi que isso me
desse direito de dizer mal do "cliente" ou a ficar acima de críticas
sobre a qualidade da borla.  Não tenho a presunção de saber grande
coisa sobre design gráfico, e nenhum desprezo pelo valor das artes e
das técnicas envolvidas, mas tenho algumas más experiências de
"diálogo" e do produto de trabalho de alguns designers gráficos mais
arrogantes e "asciizóidofóbicos" (a expressão "asciizóide" veio da
WIZ, como retribuição "simpática" num dia em que um colega lhes
escreveu informando-os que a página de entrada deles (Flash puro)
crashava browsers :-) ).

Mas calma, não falo em nome da ANSOL... 

> > Seria interessante até usar um tipo de letra também livre,
> > mesmo que alguns potencialmente interessantes não o sejam.

> Todas as fontes que vêm com o sistema têm licença. 

Licenças que podem ser variadas.  Aqui no meu Linux tenho algumas livres que
vieram na distribuição Debian e outras não livres que instalei à parte
(normalmente tipos True Type incluídos em software para Windows
que vem com algum hardware).

> Normalmente
> usa-se Arial ou sans-serif que apanha a primeira sans-serif do
> sistema. True-Type, claro. Mas na web se a font não fôr encontrada o
> browser substitui pela default. É, portanto, uma questão sem
> significado.

Claro que eu não falava dos tipos de letra nas páginas WWW, mas sim do
logotipo.

Já agora, como fait divers, a propósito de Arial: Aparentemente o
Arial é um dos casos que alguns artistas que desenham tipos chamam
"pirataria", num sentido específico que tem a ver com cópias ou
adaptações defeituosas feitas de alguns tipos por outras empresas
e vendidos mais baratos, em muitos casos com conseguências negativas sobre 
a qualidade tipográfica. A Adobe queria guardar a tecnologia "Tipo 1"
apenas para si... e o resto da história está em 
http://www.ms-studio.com/articles.html  (The scourge of Arial).

TTFN
                                 JM