[ANSOL-geral]Sobre palavras "tabu" e anti-corpos e a caravana
a pisar-nos
Rui Miguel Seabra
rms arroba 1407.org
Thu Dec 5 13:15:01 2002
--=-cMXXXmGVc6i1KvYAdhxd
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Content-Transfer-Encoding: quoted-printable
On Thu, 2002-12-05 at 12:26, Jose' Sebrosa wrote:
> On Wed, 2002-12-04 at 22:20, J M Cerqueira Esteves wrote:
> > On Wed, 2002-12-04 at 20:29, Rui Miguel Seabra wrote:
> > Provavelmente se o caso concreto poder provocar a morte=20
> > (ou um mal maior) a outra pessoa, em particular mas nao=20
> > exclusivamente a alguem querido, a escolha sera certamente=20
> > dificil, e seria desumano colocar essa questao.
> > Acho que ninguem poderia de mente sa dizer imediatamente=20
> > que sim.
> O problema e' que eu ***nao*** acho que a escolha neste caso seja
> dificil; pelo contrario, acho que deve ser imediata, instintiva e nao
> deve levantar qualquer duvida.
> O problema e' que eu nao concluo dizendo que "Acho que ninguem poderia
> de mente sa dizer imediatamente que sim", mas dizendo:
> ***Acho que ninguem de mente sa poderia evitar dizer imediatamente que
> nao.*** (ou seja, que nao recusa usar o software proprietario ou o que
> for preciso).
>=20
O imediato =C3=A9 apenas necess=C3=A1rio conforme a celeridade necess=C3=A1=
ria.
O instinto reflecte aus=C3=AAncia de reflex=C3=A3o.
Afinal =C3=A9 um caso concreto, ou j=C3=A1 estamos a falar de 20 ou 900 cas=
os
casos concretos?
> Eu vejo aqui problemas. E, na tua resposta desculpabilizadora destes
> problemas, vejo outro problema.
Eu tamb=C3=A9m vejo problemas. Eu pedi para se reflectir em 4 perguntas
concretas, e sou confrontado com uma pergunta alegando um caso concreto
que agloba um n=C3=BAmero grande e indeterminado de casos, para al=C3=A9m d=
e
envolver por completo situa=C3=A7=C3=B5es onde pode estar em causa o dano f=
=C3=ADsico
ou mental a outras pessoas.
> > Acho que podemos encurtar esta discuss=C3=A3o mostrando como nenhum
> > participante desta lista coloca de facto um qualquer princ=C3=ADpio de
> > liberdade de software ao n=C3=ADvel de um "n=C3=A3o matar=C3=A1s".
> Eu tambem ***achava*** ate' ter ***visto*** mensagens a defender
> software livre como dogma acima de coisas `as quais dou muito mais
> importancia, como sejam outras liberdades que considero mais
> fundamentais. Como parece que as memorias andam fracas (ou selectivas),
> quando tiver tempo faco uma coleccao de links. Nuunca fiz, pois nunca
> esperei ter que chgar a este ponto, muito menos para este assunto...!
=C3=89 bom que os fa=C3=A7as pois est=C3=A1s a lan=C3=A7ar o medo (dogma...=
contexto
normalmente associado a extremismo religioso), a incerteza (outras
coisas... outras liberdades...) e a d=C3=BAvida (existem provas, mas n=C3=
=A3o as
vou apresentar porque).
> Quando comeco a ver coisas dessas, so' posso pensar que ou 1) estao a
> gozar comigo, ou 2) estou a falar com putos, ou 3) nao ha' inteligencia
> do outro lado do fio. Ainda estou com esperanca de um dia entrar numa
> sala escura, as luzes se acenderem de repente e a malta saltar toda a
> rir da minha cara e a dizer que tem estado sempre a gozar comigo, mas a
> esperanca vai-se perdendo.
> O exemplo de vida ou morte e' o prototipo de exemplo estupido a que
> recorro em desespero, porque nao tenho outra maneira de expor a
> ***estupidez*** das posicoes radicais software-livre-ou-nada que
> ***infectam*** a inteligencia (?) destas discussoes.
N=C3=A3o foste tu que recorreste a esse exemplo, mas sim eu, que coloquei n=
o
ar essa quest=C3=A3o como que, de certa maneira logo =C3=A0 partida, demons=
trar
que o teu caso concreto =C3=A9 afinal um caso muito pouco concreto e cheio =
de
ramifica=C3=A7=C3=B5es.
O resto do email parte de diversos pressupostos que apenas reflectem a
aus=C3=AAncia de reflex=C3=A3o (dando o benef=C3=ADcio da d=C3=BAvida):
a) que pretendemos for=C3=A7ar todos a usar software livre, nem que tenham=
os
que criar leis que a isso o obriguem
b) que consideramos m=C3=A1s as pessoas que usam software propriet=C3=A1ri=
o
Quanto a a), qualquer pessoa que reflicta v=C3=AA que isso =C3=A9 absurdo.
Nunca ningu=C3=A9m coagiu algu=C3=A9m a usar exclusivamente software livre,=
sob
pena de algo que se lhe fosse ser feito. O pr=C3=B3prio projecto _do_BE_ n=
=C3=A3o
obriga todos a usar software livre. Apenas a Administra=C3=A7=C3=A3o P=C3=
=BAblica, e
argumenta bem os seus motivos, para al=C3=A9m de incluir um variado rol de
excep=C3=A7=C3=B5es)
Quando a b), s=C3=B3 na l=C3=B3gica, onde a partir do absurdo tudo se pode
derivar, seria poss=C3=ADvel concluir algo assim.
Ao usar-se software propriet=C3=A1rio "porque sim" quando h=C3=A1 maneiras =
livres
de fazer determinada tarefa, n=C3=A3o se est=C3=A1 imediatamente a ser
intencionalmente c=C3=BAmplice de um modelo de neg=C3=B3cio baseado na expl=
ora=C3=A7=C3=A3o
de outros.
Agora quando se passa a saber que h=C3=A1 alternativas, que s=C3=A3o vi=C3=
=A1veis, e se
continua a agir da mesma forma, =C3=A9 natural que a essas pessoas comece a
custar um bocado lidar com o seu sentimento de culpa (porque ao usar o
software propriet=C3=A1rio automaticamente incentivam outras pessoas a us=
=C3=A1-lo
tamb=C3=A9m, seja para troca de documentos, seja porque =C3=A9 um conhecido=
que
entende menos, etc...) e ent=C3=A3o prossigam imediatamente um processo de
auto-desculpabiliza=C3=A7=C3=A3o atacando quem chamou a aten=C3=A7=C3=A3o p=
ara isso (ui,
colocou o dedo na ferida, =C3=A9 de certeza um tipo mau) como sendo
fundamentalistas.
O pr=C3=B3prio projecto GNU ganhou ra=C3=ADzes num meio propriet=C3=A1rio. =
=C3=89 normal as
pessoas desejarem mais a liberdade quando est=C3=A3o por detr=C3=A1s de fri=
as
barras de ferro por onde v=C3=AAm o sol aos quadradinhos, mas posso ser s=
=C3=B3 eu
que penso assim.
Muitos sistemas propriet=C3=A1rios incluem uma quantidade razo=C3=A1vel de
software livre (Sun Solaris, MacOS X, ...). Em muitos deles pode ser
substitu=C3=ADdo muito software por outras vers=C3=B5es livres. Os utilizad=
ores
n=C3=A3o ter=C3=A3o a liberdade toda, mas ser=C3=A1 certamente melhor do qu=
e nenhuma,
se n=C3=A3o for evidente outra hip=C3=B3tese... h=C3=A1 certamente muitas s=
itua=C3=A7=C3=B5es que
escapam por completo ao controlo de uma pessoa.
*Ningu=C3=A9m* recusa isso.
Mas instalar/usar o Microsoft Windows e o Microsoft Office simplesmente
porque as pessoas est=C3=A3o habituadas a trabalhar assim, quais robots, =
=C3=A9
completamente incongruente com o que se deveria esperar de uma esp=C3=A9cie
que foi dotada de intelig=C3=AAncia superior.
Chamar de fundamentalistas a quem n=C3=A3o quer viver assim e que se esfor=
=C3=A7a
saudavelmente por convencer os outros a n=C3=A3o viver assim, =C3=A9, para =
mim, um
grande elogio. J=C3=A1 nos atacam. J=C3=A1 so falta vencer.
Rui
--=20
+ No matter how much you do, you never do enough -- unknown
+ Whatever you do will be insignificant,
| but it is very important that you do it -- Gandhi
+ So let's do it...?
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