[ANSOL-geral] duvidas e temas para debate

Vasco Figueira figueira arroba europe.com
Thu, 18 Oct 2001 23:18:54 +0100


Viva,

Uma vez que sóme juntei a vós há pouco tempo, tenho algumas dúvidas
sobre a ANSOL.

Passo a expô-las:

A comissão instaladora ainda não foi substituida. Ainda não foram
eleitos os orgãos sociais, certo?

Se sim, então:

1) Deve-se publicitar o mais possível junto da comunidade os eventos na
vida da associação, uma vez que ela pretende ser não só nacional mas
também representativa de toda a comunidade Open-Source Portuguesa.
Assim, penso que seria desejável não proceder às votações/eleições,
aprovações dos estatutos e outras coisas que tais, antes de uma correcta
divulgação e com a presença de todos aqueles que, dentro das
possibilidades, possam estar. Isto é, ter a certeza que só não está quem
não pode ou não quer.

2) Os estatutos, tal como estão hoje não são os definitivos, uma vez que
     ainda têm de ser levados a votação pela comissão instaladora até à 1ª
Assembleia, na qual serão validados. Certo?


Em relação à questão da remuneração dos funcionários da ANSOL, se me
permitem a opinião, acho que se deve manter em aberto a possibilidade de
haver cargos remunerados. Passo a explicar porquê.

1) Crescimento. Devemos ter em conta que a associação pode crescer
significativamente até a um ponto em que uma qualquer secretária, ou
contabilista, ou advogado, ou até o Presidente da direcção tenham que
exercer uma carga horário que não se coaduna com o voluntariado, por
muito bonito que seja.

2) As pessoas eleitas para a ANSOL não se sentirão obrigadas a trabalhar
bem, a fazer "boa figura" pela questão do dinheiro. Não é isso que as
vai obrigar e desempenhar bem as suas funções. O facto de terem sido
eleitas e terem um conjunto de eleitores a quem "devem", isso sim, é que
as motiva. Assim, a remuneração surge apenas como um justo pagamento das
suas contribuições à ANSOL.

3) Não acredito que o RMS ou os trabalhadores da FSF não recebam
dinheiro ao fim do mês... E, sinceramente, se não recebem deviam
receber. Temos de pensar nas coisas "à séria" e não é com carolice que
se fazem coisas grandes. O ideal GNU funciona para muitas coisas, entre
elas o software, mas não necessariamente para tudo.

Outra coisa a meu ver importante, e sobre a qual eu não estou
completamente esclarecido é a separação entre "Associação Nacional para
o Software Livre" e "delegação/filial Portuguesa da FSFE". Na minha
opinião (se me permitem mais uma vez :-) ) a separação deve ser clara.

Uma coisa é a associação que serve e promove o software livre, que
organiza eventos, tem patrocinadores, sócios, estatutos, empregados
(futuramente) e tudo mais, e outra é o braço da FSF em Portugal. São
lógicas de actuação distintas que merecem organizações distintas, a meu ver.

Isto são as minhas dúvidas ou opiniões resultantes da leitura da lista.


Agora as ideias:


Uma Associação Portuguesa de Software Livre não é coisa em que eu nunca
tenha pensado. Desde há alguns anos para cá (3/4?) que tenho vindo a
pensar nisso. Como intelectualóide e perfeccionista que sou, já fiz
muitos rascunhos daquilo que seria uma associação assim.

Tinha ideias para os estatutos, para as funções, para as coisas que se
poderiam fazer, para o regime de rotatividade dos membros da direcção,
algumas medidas anti-takeover (importante, não se trata de elitismos,
atenção), etc...

Assim, vou despejar algumas ideias. Vou tentar ser o mais organizado
neste "brainstorming" para facilitar a compreensão.

<p mode="NMHO">

1) Das funções.

A ANSOL deve:
* Ser uma representação institucional da comunidade open-source.
* Ser uma entidade normalizadora do sector (um pouco como uma ordem).
* Promover o debate, a informação e a divulgação do SL.
* Facilitar o desenvolvimento de software livre e documentação.

Alguns tópicos a desenvolver:

* Identificar e apresentar as empresas que fornecem soluções/serviços
com software livre
* Reconhecer e apresentar programas de formação em software livre.
* Reconhecer e apresentar programas de certificação em software livre.
* Angariar patrocínios e apoios.
* Desenvolver eventos.
* Referenciar correctamente todos os recursos sobre software livre
principalmente em Portugal, mas também no estrangeiro.

2) Do site:

O site é importantíssimo. O site da ANSOL deverá servir de charneira
(odeio estes termos artísticos) entre as várias facções do software
Livre em Portugal. Deverá ser a referência institucional para quem quer
saber algo sobre os vários softwares livres. Deverá ser um site que se
fosse acedido pelo endereço linux.pt (ou qualquer outro so.pt), não
causasse muita estranheza. Got the idea?

Um exemplo do que estaria num hipotético menu do site (explicação mais
abaixo):

1 - Projectos:
	* POLI
	* GIL
	* PLUG
	* GUL
	* Gildot
	* Revista
	* Mostra de Software Livre
	* Simplinux

2 - Software Livre
	* GNU/Linux
	* GNU/Hurd
	* FreeBSD
	* OpenBSD
	* NetBSD

3 - Soluções & Serviços
	* IBM
	[REC]
	* SUN
	[REC]
	* L8/Com2000	[REC]
	* Eurotux	[REC]
	* ArvoreBinária
	* Ethernet	[REC]
	* Etc	(sic)
	* Tecnolink
	* Wnet
	* MrNet
	[REC]
	* Netindex
	* NFSi
	[REC]
	* ...

4 - Formação
	* L8/Com2000	[REC]
	* Digito	[REC]
	* Ass. Juvenil de Ciência
	* Cap Gemini 	[REC]
	* Ciência & Letras
	* Mundisoft

5 - Certificação
	* SAIR Linux & GNU	[REC]
	* Linux Professional Institute
	* Red Hat Certification

6- Apoios
	* IBM
	* SUN
	* Oracle
	* Assoft
	* Com2000
	* NFSi
	* Oninet
	* ...

7 - ANSOL
	* Sócios
	* Fazer-se sócio
	* Calendário
	* A ANSOL
	* Estatutos
	* Contactos

Vamos então à explicação:

Ponto 1: Uma descrição curta dos projectos existentes, com o link. A
revista, a Mostra de SL e o Simplinux são projectos que ou não existem
ou não estão activos hoje em dia. A ideia é estarem aquando do
lançamento "a valer". O POLI está em remodelação.

* A Revista de Linux é algo como a (defunta) revista Linux Manual, feita
pelo POLI e editada pela ciberlandia. Uma revista feita por um grupo de
articulistas competente nem por isso fechada a contribuições exteriores.
Poderia aproveitar-se a equipa da defunta Linux Manual (eu, Mário
Gamito, Ernesto Jardim, João Leitão, Duarte Loreto, José Esteves (jmce),
António Coutinho (ajc), Carlos Baquero Moreno, Frederico Marques,
Ricardo Cerqueira, António Cardoso e Alfredo Palace Carvalho), mais
alguns talentos dos BSDs.

* A Mostra de Linux é um evento idealizado para ser uma (sim,
adivinharam) Mostra onde haveria stands de empresas e grupos,
demonstrações, conferências, LIPs, conversas de corredor... Uma Inforpor
só para SL.

* O Simplinux está idealizado como simplesmente a continuação do
excelente evento que foi. Apenas conferências, mas boas.


O ponto 2 é apenas uma descrição dos principais softwares livres. Não só
os SOs, mas também aplicações grandes em Open-Source. Breve descrição,
links e de preferência CDs para venda, além do mirror nacional de *BSDs.


Ponto 3: Empresas que fornecem soluções e serviços em Portugal, usando
software livre. As reconhecidas (como fazendo um bom trabalho) serão
assinaladas como tal. Os [REC]s que lá estão são isso mesmo, mas
aleatoriamente. [REC] pode significar recomendado ou reconhecido.


Ponto 4: Formação. As várias empresas e instituições que fazem formação
em software livre. Umas reconhecidas, outras não.


Ponto 5: Certificação. Entidades certificadoras reconhecidas.


Ponto 6: Os apoios, com um link para uma página individual onde se
explica em como consiste esse apoio, um logotipo da empresa e link para ela.


Ponto 7: Coisas próprias da ANSOL. Acho que se auto-explicam.


Mais umas coisinhas como uma sondagem, e umas novidades deviam
abrilhantar o site.



3) Dos Estatutos:

Sobre os estatutos, já os li, e gostaria só de colocar à consideração do
grupo a ideia de ter um sistema anti-takeover, assim como discutir
formas porventura menos ortodoxas de organização mas possivelmente
benéficas.

Estive a pensar e cheguei à ideia que numa organização destas talvez
seja preferível ter em vez de uma normalíssima direcção de 5 membros, um
conselho de administração/conselho executivo composto por mais alguns.
De 7 a 11 parece-me um intervalo razoável. A Gnome Foundation funciona
assim.

O que acham?

Outro assunto são as medidas anti-takeover (esqueçam o formalismo legal,
fica só a ideia).

Uma vez que as mais complicadas assentam em acções e financiamentos e
outras coisas que não nos interessam nem fazem parte deste filme, vou
apenas pensar de raíz num cenário onde apenas há poder executivo, não
havendo acções, nem holdings, nem nada disso.

O anti-takeover, na sua essência, baseia-se numa simples ideia:

* Impedir a entrada de poder a mais de uma só vez.

O que transposto para a pragmática em questão seria:

* Eleger menos de metade do poder executivo de cada vez.

As medidas anti-takeover nestes moldes são um equilíbrio entre o
saudável fluxo de poder e a imunidade. Ou seja, se temos uma direcção
com 5 elementos, e eles são eleitos 5 a 5 de n em n anos, temos 100% de
vulnerabilidade. Se temos uma direcção vitalícia, temos 100% de
imunidade, mas 0% de fluxo de poder. Ambas são más.

Se optarmos por um "Board of directors", ou conselho executivo, temos de
pensar como será o esquema segundo o qual o poder se renova.

Alguns principios gerais a respeitar:

1) Eleições de floor(n/2) ou menos membros. (n = num total de membros)
2) Mandatos (fixos) entre 2 e 5 anos inclusivé. (Parece-me bem)
3) Número ímpar de membros.

Idealmente (para as contas baterem certas) a coisa seria assim:

O conselho executivo é composto por 9 membros, um presidente, um
tesoureiro, dois vice-presidentes e 5 membros (como lhes hei-de chamar?)
"simples".

Cada membro da direcção tem um mandato de 3 anos. As assembleias elegem
9 membros em três anos, 3 em cada ano.

Haverá um período de transição de 2 anos em que 3 membros terão um
mandato de apenas 1 ano e outros 3 terão mandatos de apenas 2 anos.
Neste período salvaguarda-se que o presidente tenha um mandato de 3
anos. Assim, entra-se no esquema sem obrigar a que ninguém fique 4 ou 5
anos o que talvez seja demais.

E com outros números?

Vejamos:

1 membro: regra 1 falha.
3 membros: regra 1 e 2 ok. Mas é pouco.
5 membros: Se à primeira eleição elegermos 2, na segunda elegermos 2, à
terceira elegemos só um, o que não contraria 1), mas pode criar alguns
desconfortos. Não me parece boa ideia.
7 membros: 1ª eleição 2, 2ª eleição 3, 3ª eleição 2 membros. Funciona.
Salvaguarda-se apenas que o presidente não pode ser eleito numa de
eleição de três membros (demasiado poder na fornada).
9 membros: Funciona perfeitamente. Eleições de três membros, 3 anos cada um.
11 membros: 3-4-4, também dá, mas é muito.

Com mandatos de dois anos, falha sempre uma vez que 2*n é sempre par e o
nº de membros é sempre ímpar. Com mandatos de um ano, todas funcionam.

Vêem mal numa direcção/conselho de administração grande, isto é, com 7/9
membros? Pessoalmente não, e até acho que para o caso é adequado. Que
acham? O que preferem?
-- 
Cumprimentos,

Vasco Figueira