[ANSOL-geral] João Pedro Pereira neste momento já deve ter emprego nas RP da mico$oft portugal

José Sebrosa sebrosa artenumerica.com
Sexta-Feira, 9 de Março de 2012 - 05:13:59 WET


On 03/06/2012 10:38 AM, paula simoes wrote:
> On Monday, March 5, 2012 at 4:42 AM, José Sebrosa wrote:
>> Não se trata do jornalista fazer tábua rasa dos (seus) conhecimentos
>> anteriores. A entrevista é dada a um jornal generalista, onde a maioria
>> dos leitores nunca ouviu ideias tão radicais. Isso justifica que se
>> comece a explicar "do princípio".
> 
> 
> Não é a primeira (nem a segunda, nem a terceira, nem a quarta...)
> vez que o Público fala em Software Livre. O seu argumento de começar
> a explicar "do princípio" não faz qualquer sentido: se fosse esse o
> entendimento do jornalista, a primeira pergunta da entrevista tinha
> sido "o que é o Movimento do Software Livre'" e não um "como se
> sente?"


Pontos a notar:

1- O Público é um jornal e não um livro.  O facto de já ter falado de
Software Livre não significa (ao contrário do que dizes) que seja
despropositado explicar do início.  Publicações anteriores não são
equiparáveis a "capítulos de livros" que, esses sim, de facto não faz
sentido repetir.

2- O Público é generalista e não especializado.  Mais sentido ainda faz
que as notícias possam ser dirigidas a quem nunca ouviu falar do
assunto.  Sem dúvida que também há lugar para artigos mais
especializados.  Mas o facto é que (ao contrário do que dizes) faz
sentido começar a explicar do princípio.  Decerto não é obrigatório, mas
igualmente decerto é disparate dizer que não faz sentido.  Faz mais
sentido do que o oposto --- que seria pressupor uma audiência especializada.

3- O meu foco continua a ser o trabalho do Stallman.  Não dou grande
importância ao facto da entrevista começar por "como se sentiu quando
etc e tal".  De facto não tenho grande coisa, boa ou má, a dizer sobre o
entrevistador.


>> Contiuamos a focar a atenção em pontos distintos. Eu não estou
>> interessado em analisar a qualidade do trabalho do jornalista. Esse
>> trabalho não me parece assinalável em nenhum aspecto, seja bou ou mau,
>> mas isso pouco me importa. O que me preocupa é a (má) qualidade do
>> trabalho feito pelo RMS na entrevista.
>>  
>> Mas tens todo o direito de centrar a tua atenção noutro assunto, claro.
> 
>
> Uma análise imparcial de uma entrevista terá sempre de focar o papel
> do entrevistador. É o entrevistador que escolhe fazer as perguntas e
> não o entrevistado, é o entrevistador que escolhe a ordem das
> perguntas e não o entrevistado, é o entrevistador que tem o poder de
> cortar ou não o que lhe interessa e não o entrevistado, é o
> entrevistador que conhece a audiência do meio de comunicação para o
> qual trabalha e não o entrevistado, etc, etc.  Repito: são
> raríssimas as vezes em que uma entrevista corre mal por causa do
> entrevistado.  Um jornalista teve formação para fazer entrevistas,
> um entrevistado não teve formação para dar entrevistas. Um
> jornalista faz entrevistas quase todos os dias, um entrevistado dá
> entrevistas de vez em quando, etc, etc.


Salvaguardando o caso em que possa haver material omitido e não
estejamos de posse de toda a informação relevante, não vejo no trabalho
deste jornalista nesta entrevista nada digno de nota, boa ou má.  É
apenas isto que tenho a dizer sobre o entrevistador.

Quanto ao entrevistado, que me interessa muito mais, o que tenho a dizer
é que vejo ali um mau trabalho dele.

É difícil encontrar exemplos de entrevistados com tão mau comportamento.
 Por outro lado, é fácil encontrar entrevistados que não têm qualquer
dificuldade em encontrar na entrevista caminho para dizerem o que têm a
dizer.  E nem preciso de ir buscar o exemplo do Álvaro Cunhal...

Eu não tenho experiência em entrevistas, portanto apenas posso avaliar
aquela pela comparação com outros exemplos.  E na comparação com a
"entrevista média", o Stallman fica francamente mal.

Se o Stallman foi um bom entrevistado, não há maus entrevistados...


>> como por exemplo a liberdade
>> de fazer software proprietário.
> 
> 
> A "liberdade de fazer software proprietário" é um eufemismo que o
> José está a usar para dizer "garantir o monopólio de forma a fazer o
> máximo dinheiro possível". Dito assim não parece tão bonito, pois
> não? Mas o José não se acanhe: todos nós gostamos do vil metal. Não


Não posso deixar de assinalar o quão enternecedor é ler isto...

Estou confuso:  Estas palavras foram escritas pela mesma pessoa que
abaixo se queixa de eu fazer "insinuações" "indelicadas"?


> há mal nenhum em querer fazer dinheiro com software. É claro que já
> não se pode dizer o mesmo daqueles que tentam fazer dinheiro à custa
> da restrição de direitos fundamentais dos cidadãos.  Porque é aqui
> que reside todo o problema.
>
> Existe um conjunto de direitos fundamentais que são mais importantes
> e mais pesados do que outros. Nenhum direito de propriedade se pode
> sobrepor a direitos como a liberdade de expressão, a privacidade, o
> direito à educação e ao conhecimento científico, ao acesso à
> cultura, etc. Eu não sou radical: acredito que os autores podem
> fazer dinheiro com as suas obras sem restringirem os direitos
> fundamentais dos cidadãos.  Mas sou radicalizável: se tiver de
> escolher entre um autor fazer dinheiro com a sua obra ou um cidadão
> ter direito à liberdade de expressão, privacidade, educação, etc não
> terei nenhuma hesitação em escolher a segunda (se um autor não
> conseguir fazer dinheiro com a sua obra, pode fazer dinheiro de
> outra maneira, tem alternativas, mas se um cidadão deixar de ter os
> direitos fundamentais que eu referi não tem alternativas).  E esta
> ideia não tem nada de radical, a não ser que o José esteja preparado
> para defender aqui que a Declaração Universal dos Direitos do Homem
> seja um radicalismo...


>> Não: Da forma como ele a vê, ou seja, da forma como ele a vê.  
> A forma como ele vê a Liberdade é o princípio subjacente a qualquer lei num Estado de Direito.


Pareces bem informada sobre a forma como ele vê a Liberdade.  Mas não me
consta que sejas porta-voz dele, portanto se não te importas eu preferia
ler a versão dele.  Na entrevista.

Mas infelizmente ele baldou-se a dá-la.


>> Se não houvesse nada a dizer sobre o assunto da Liberdade,  
> 
> É muito indelicado da sua parte insinuar que eu disse coisas que eu não disse: eu nunca disse que a Liberdade é um assunto fechado.
> O que eu disse é que a Liberdade é um direito fundamental e, portanto, mais pesado do que outros direitos.


Óptimo.

Deduzo então concordas que o Stallman fez um mau trabalho ao escusar-se
a desenvolver o assunto da Liberdade numa entrevista sobre Software Livre.

É que é apenas esse o meu ponto...


>>  o público
>> generalista d'O Público merecia ser exposto a elas em maior
>> profundidade.  
>>  
>>  
>>  
> 
> Concordo. O jornalista devia ter pensado mais nos leitores, afinal é para isso que precisamos de jornalistas: para fazer as perguntas que nós não podemos e queremos fazer.


O jornalista não pôs fim à conversa.  O Stallman sim.

O jornalista não foi indelicado nem fez a conversa descarrilar.  O
Stallman sim.


>> Não. Por exemplo, falta confronto com casos realmente duros.
>   
> O jornalista não confrontou o entrevistado com casos.


Certo.


> Repito que não precisamos de jornalistas para pôr um gravador à frente dos entrevistados para eles dizerem o que lhes apetece: qualquer pessoa poderia fazer isso.
> Precisamos de jornalistas para fazerem perguntas pertinentes.


E de entrevistados que desenvolvam os assuntos.


>> Casos de
>> vida ou morte. Digo que falta, pois pode bem ficar no espírito de
>> leitores a dúvida sobre onde é que o "não abdico dessa liberdade por
>> nenhum benefício" pára, ou se não pára nunca e vai de facto até ao
>> sacrifício da vida.
>>  
>>  
>>  
> 
> O jornalista nem perto disto andou.


Certo.


> A pergunta final, que na verdade é um comentário foi "Mas vai-se perder algo no processo de espera".
> "Algo", alguma coisa. O jornalista não podia estar a falar de nada muito importante….


Não vejo assim.  "Algo" designa qualquer coisa indefinida.  E qualquer
coisa é qualquer coisa.  Pode ser pouco importante e pode ser muito
importante.

Como penso que são os exemplos de grande importância que servem para
definir bem os princípios e as posições, é a eles que recorro para
construir questões.

Quase me sinto ridiculo por explicar isto...


Cumpriemntos,
Sebrosa


> Entretanto, no mesmo jornal:
> http://p3.publico.pt/actualidade/media/2369/richard-stallman-o-hacker-que-respira-software-livre
> 
>   
> Paula  
> 
> 
> 
> 
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