[ANSOL-geral] João Pedro Pereira neste momento já deve ter emprego nas RP da mico$oft portugal
José Sebrosa
sebrosa artenumerica.com
Terça-Feira, 6 de Março de 2012 - 02:33:53 WET
On 03/05/2012 09:05 PM, Rui Maciel wrote:
> On 03/05/2012 04:42 AM, José Sebrosa wrote:
>> On 03/04/2012 11:38 AM, paula simoes wrote:
>>> On Saturday, March 3, 2012 at 6:15 AM, José Sebrosa wrote:
>>>> On 03/02/2012 10:40 AM, paula simoes wrote:
>>>>
>>>> Ele está a fazer afirmações que são manifestamente invulgares.
>>> Não. Nesta entrevista, o Stallman está a fazer afirmações que sempre
>>> faz e sempre fez.
>>
>> Ele faz e sempre fez afirmações invulgares. O facto de as repetir não
>> as vulgariza, principalmente perante quem na minha opinião importa mais
>> na entrevista: A audiência.
>>
>> Penso que concordas que a audiência não considera generalizadamente que
>> a ideia de esperar 50 anos por software livre em vez de o desenvolver
>> proprietário seja "vulgar"...
>
> O que é que há de invulgar em alguém recusar-se a usar um software que é
> licenciado de uma forma específica?
Depende das consequências da recusa. Se a consequência for "não ouço
aquela música", who cares. Se a consequência for "a minha mãe vai
morrer", já é mais invulgar (para usar a tua palavra).
> E o que é que há de invulgar em
> alguém recusar-se a usar software que sabe lá deus o que é que realmente
> faz? E o que é que há de invulgar em alguém recusar-se a usar um
> software específico somente porque alguém faz uma afirmação infundada
> sobre supostas melhorias que poderá ter ou não ter?
E o que é que há de invulgar em haver aldeias alentejanas a rezar para
que chova? Sabes, as pessoas acreditam em coisas por diversas razões,
independentemente de serem lógicas, ou de serem as tuas, ou minhas, ou o
que for.
Seja como for, o ponto é que estas perguntas merecem respostas. Não
merecem um voltar de costas como o que o RMS fez.
> Mais uma vez, creio que estejamos a procurar fabricar polémicas onde não
> existe, nunca existiu nem se poderá esperar que vá existir uma.
Se não houvesse polémica, não havia FSF, nem GPL, nem nada disso, pois
não era preciso. E não havia conferências sobre o assunto, nem
entrevistas, nem nada disso.
En não sei se realizas a dimensão do absurdo que é dizeres que aqui não
há qualquer questão polémica...
>>> O José está a partir do pressuposto do jornalista ir para uma
>>> entrevista fazendo tábua rasa de conhecimentos anteriores, quando
>>> aquilo que deve acontecer é precisamente o contrário: ele deve
>>> preparar a entrevista, ler outras, conhecer bem o entrevistado e pode
>>> até aproveitar o "nariz" (da entrevista, não o seu) para explicar e
>>> preparar o leitor para o que vai ler. E no meio da entrevista, também
>>> pode explicar e neste caso também faz isso na sexta pergunta.
>>> E este jornalista até faz isso e muito bem: prepara logo o leitor
>>> para a "excentricidade" do entrevistado.
>>> E mostra que sabe isto, veja lá que até falou com as pessoas que
>>> receberam o Stallman.
>>> É ao jornalista que cabe contextualizar entrevistado e entrevista ao
>>> leitor.
>>
>> Não se trata do jornalista fazer tábua rasa dos (seus) conhecimentos
>> anteriores. A entrevista é dada a um jornal generalista, onde a maioria
>> dos leitores nunca ouviu ideias tão radicais. Isso justifica que se
>> comece a explicar "do princípio".
>
> Mas o que é que há de radical na ideia de não pretender instalar/usar
> software cuja licença não aprovamos, cujo funcionamento não é possível
> conhecer e cujas supostas melhorias são exclusivamente hipotéticas?
Depende das consequências, como disse acima. E pode depender doutras
coisas, pois as pessoas são criativas e lembram-se de dificuldades que
nem me passam pela cabeça.
O ponto é: Essas questões merecem resposta, e ao não a querer dar o RMS
fez um mau servico.
>>>> Por
>>>> exemplo, dizer que está disposto a esperar 50 anos por melhorias (ainda
>>>> que hipotéticas)
>>>>
>>>>
>>>>
>>> Depois de ter dito o que pensa e explicado porquê, quando o
>>> jornalista lhe faz essa pergunta parece não estar a acreditar na
>>> opinião do Stallman, então este reforça o que disse com a espera dos
>>> 50 anos.
>>> Uma pessoa que termina a dizer que prefere esperar 50 anos para não
>>> ter de usar software proprietário é uma pessoa que claramente não
>>> está disposta a usar software proprietário.
>>> Ou acha que o leitor que ler a entrevista até essa pergunta vai achar
>>> que o Stallman espera 50 anos, mas se tiver de esperar 51 já pode
>>> colocar a hipótese de usar software proprietário?
>>
>> Não, mas acho que é de esperar uma escalada de radicalização de valores
>> na mente dos leitores, escalada essa materializada em testes sucessivos
>> aos limites da defesa do software livre -- chegando eventualmente a
>> confrontos como "software livre contra direito à vida" (em casos
>> práticos em que exista software proprietário que possa salvar vidas e
>> que não seja substituível por software livre em tempo útil), ou
>> "software livre contra outras liberdades", como por exemplo a liberdade
>> de fazer software proprietário.
>
> O José Sebrosa está a arrastar a discussão para o domínio do ridículo
> com essa tentativa de criar uma relação entre apoiar a ideia de software
> livre e colocar a vida de alguém em risco.
Não, não estou. Estou é a desafiar-te a sair tua zona de conforto, e a
reparares que há neste domínio problemas que são difíceis de resolver.
(Ou seja, err..., "polémicos"...)
>>>> em troca da liberdade (da forma como ele a vê)
>>>>
>>>>
>>>>
>>> Da forma como ele a vê, ou seja, como está na lei?
>>
>> Não: Da forma como ele a vê, ou seja, da forma como ele a vê. No
>> concreto: Decerto interessa aos leitores saber em que ponto da escala
>> de valores está a liberdade associada ao software livre.
>
> Em que medida é que a importância prática, económica, estratégica e
> ética de se valorizar o uso de software livre para o público em geral
> depende da "escala de valores" de um único indivíduo no mundo?
Bem, era ele que estava a ser entrevistado, e o assunto era o software
livre, e os valores a ele associados (nomeadamente a liberdade). A
(minha) questão é que ele recusou desenvolver o assunto.
O assunto dos valores (nomeadamente da liberdade) no software livre não
é meramente "relevante". É *central*. Portanto devia ser especialmente
desenvolvido.
>>> Aquilo que o Stallman diz não é mais do que o princípio subjacente à
>> lei. Repare que a lei diz que o direito de propriedade do autor pela sua
>> obra não se pode sobrepor a direitos fundamentais, que se consideram
>> mais importantes, mais pesados: o direito à privacidade, à liberdade de
>> expressão, à educação, ao conhecimento, etc.
>
> Eu creio que o José Sebrosa não compreende que o uso do software livre,
> nem mesmo qualquer apelo de gente como o rms, reduz ou ataca aquilo que
> o José Sebrosa definiu como "direito de propriedade do autor". O máximo
> que poderá acontecer é que a procura por software licenciado de uma
> forma particularmente restritiva e tecnicamente limitado venha a
> reduzir. Como vivemos numa sociedade livre e como o mercado de software
> é livre, não se pode argumentar que isso é um drama: é apenas a natureza
> das coisas.
Hã!? Eu defini como "direito de propriedade do autor" o quê? Onde?
Isso deve vir doutro thread que eu nem li...
>>>> Demitir-se de explicar e
>>>> virar as costas ao debate e ao confronto de valores é realmente muito
>>>> fraco.
>>>>
>>>>
>>>>
>>> O José continua a ver isto como um debate. Uma entrevista não é um
>>> debate. Para isto ser um debate era preciso haver mais uma pessoa.
>>
>> Não quero que a definição técnica de "debate" ou "entrevista" me afaste
>> do assunto central: As ideias do RMS são polémicas e o público
>> generalista d'O Público merecia ser exposto a elas em maior
>> profundidade. E o RMS não se deu ao trabalho de aprofundar a exposição.
>
> Não basta que o José Sebrosa declare que as ideias do rms são polémicas
> para que elas passem a sê-lo.
E não basta que tu declares que não são para que não sejam.
E não tens o direito de mandar calar quem queira discutí-las.
E não tens o dever de as discutir.
MAS:
Se fores o RMS, presidente da FSF, e estiveres a ser entrevistado neste
âmbito, farás um mau trabalho se te recusares a comentar estes temas.
Foi o que o RMS fez: Um mau trabalho.
> Para não repetir outros pontos, basta
> apontar o seguinte: nós, num mercado livre, temos completa liberdade de
> escolha. Essa liberdade de escolha inclui o direito de decidir o que
> comprar e, sobretudo, o que não comprar. Nós também temos total
> liberdade em escolher quais os critérios de avaliação que nós,
> pessoalmente, aplicamos na escolha de um produto.
>
> Ora, se a liberdade do mercado não é polémica e se a liberdade de
> escolher os critérios de avaliação não é polémica,
Então não é?! Há inúmeras ideologias contrárias à liberdade de mercado!
Isso não torna o tema polémico?
> porque razão é que o
> José Sebrosa tenta acusar de ser polémico a liberdade de um
> indivíduo em
Acusar? Mas espera: Ser polémico não é um insulto! Ser polémico quer
apenas dizer que há opiniões divergentes...
> particular de escolher os critérios que usa para eleger, num mercado
> livre, quais os produtos que pretende adquirir? E, mais estranho que
> isso, porquê este indivíduo em particular e mais ninguém senão ele?
O RMS não é um qualquer, é presidente da FSF, e não está num acto
privado de natureza lúdica e casual, está numa entrevista...
>>>> Ele faz um comentário que é uma evidência: Diz que se vai perder alguma
>>>> coisa no processo de espera.
>>>>
>>>>
>>>>
>>> Antes, o Stallman já tinha dito:
>>> "Não faz diferença. De que vale ter software tecnicamente melhor, se
>>> não respeita a liberdade?"
>>> "Não interessa o quão bom é tecnicamente…"
>>> "Não abdico dessa liberdade por nenhum benefício."
>>> "nem sequer se pode confiar num programa que não seja livre."
>>>
>>> Chega?
>>
>> Não. Por exemplo, falta confronto com casos realmente duros. Casos de
>> vida ou morte. Digo que falta, pois pode bem ficar no espírito de
>> leitores a dúvida sobre onde é que o "não abdico dessa liberdade por
>> nenhum benefício" pára, ou se não pára nunca e vai de facto até ao
>> sacrifício da vida.
>
> O José Sebrosa foi a primeira e única pessoa que alguma vez vi a tentar
> insinuar que ser adepto do software livre poderá em risco a vida de
> pessoas.
Ok. Se calhar é apenas fantasia minha. Mas parece-me que, dada a
importância que o software tem no mundo de hoje, pode facilmente
encontrar-se casos em que a decisão de esperar por software livre
implica a consequência de perda de vidas.
Há casos em que um atraso causa vítimas.
> Entretanto, esquecemos de casos em que a violação/desrespeito dessas
> liberdades está relacionado com a morte de pessoas, como por exemplo o
> seguinte caso:
>
> http://en.wikipedia.org/wiki/Therac-25
Compreendo: Queres mudar de assunto.
Não.
Não esquecemos coisa nenhuma do que dizes, pois não é esse o assunto.
O assunto é: O RMS fez um mau trabalho como entrevistado porque se
recusou a apresentar desenvolvidamente as suas ideias na entrevista.
Casos como o que referes podiam bem ter sido referidos pelo RMS. Fazer
isso teria contribuído para um bom trabalho. Mas tal não sucedeu.
> Note-se que um dos contributos para a série de mortes causada pelo mau
> funcionamento dessa máquina foi justamente a impossibilidade de analisar
> o código-fonte da máquina por partes independentes do fabricante e de
> distribuir versões modificadas do software. Ou seja, uma das causas das
> mortes foi não terem respeitado um par das liberdades defendidas pelo
> rms, e que o José Sebrosa procura acusar de serem polémicas.
Novamente: Dizer que algo é polémico não é uma ofensa, nem acusação...
Sebrosa
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