[ANSOL-geral] João Pedro Pereira neste momento já deve ter emprego nas RP da mico$oft portugal
paula simoes
paulasimoes gmail.com
Domingo, 4 de Março de 2012 - 11:38:58 WET
On Saturday, March 3, 2012 at 6:15 AM, José Sebrosa wrote:
> On 03/02/2012 10:40 AM, paula simoes wrote:
>
> Ele está a fazer afirmações que são manifestamente invulgares.
Não. Nesta entrevista, o Stallman está a fazer afirmações que sempre faz e sempre fez.
O José está a partir do pressuposto do jornalista ir para uma entrevista fazendo tábua rasa de conhecimentos anteriores, quando aquilo que deve acontecer é precisamente o contrário: ele deve preparar a entrevista, ler outras, conhecer bem o entrevistado e pode até aproveitar o "nariz" (da entrevista, não o seu) para explicar e preparar o leitor para o que vai ler. E no meio da entrevista, também pode explicar e neste caso também faz isso na sexta pergunta.
E este jornalista até faz isso e muito bem: prepara logo o leitor para a "excentricidade" do entrevistado.
E mostra que sabe isto, veja lá que até falou com as pessoas que receberam o Stallman.
É ao jornalista que cabe contextualizar entrevistado e entrevista ao leitor.
Isto só não se aplica se o jornalista estiver a entrevistar uma pessoa que está a dar pela primeira vez uma entrevista à comunicação social.
E nem vou comentar a decisão de queimar três perguntas com os sentimentos do entrevistado logo no inÃcio.
> Por
> exemplo, dizer que está disposto a esperar 50 anos por melhorias (ainda
> que hipotéticas)
>
>
>
Depois de ter dito o que pensa e explicado porquê, quando o jornalista lhe faz essa pergunta parece não estar a acreditar na opinião do Stallman, então este reforça o que disse com a espera dos 50 anos.
Uma pessoa que termina a dizer que prefere esperar 50 anos para não ter de usar software proprietário é uma pessoa que claramente não está disposta a usar software proprietário.
Ou acha que o leitor que ler a entrevista até essa pergunta vai achar que o Stallman espera 50 anos, mas se tiver de esperar 51 já pode colocar a hipótese de usar software proprietário?
> em troca da liberdade (da forma como ele a vê)
>
>
>
Da forma como ele a vê, ou seja, como está na lei? Aquilo que o Stallman diz não é mais do que o princÃpio subjacente à lei. Repare que a lei diz que o direito de propriedade do autor pela sua obra não se pode sobrepor a direitos fundamentais, que se consideram mais importantes, mais pesados: o direito à privacidade, à liberdade de expressão, à educação, ao conhecimento, etc.
O problema depois é que quem escreve as leis está sujeito a lobbies e é por esta razão que temos leis que até se contradizem no mesmo articulado.
O conceito de liberdade do Stallman não é um conceito estranho inventado por ele, mas é sim o princÃpio subjacente à nossa lei (e de outros paÃses).
> Demitir-se de explicar e
> virar as costas ao debate e ao confronto de valores é realmente muito
> fraco.
>
>
>
O José continua a ver isto como um debate. Uma entrevista não é um debate. Para isto ser um debate era preciso haver mais uma pessoa.
>
> Não comento o trabalho do jornalista. Importa-me pouco se o jornalista
> é bom ou mau. Mas preocupa-me ver que o Stallman não esteve à altura do
> que (eu penso que) se esperaria dele.
>
>
>
Na minha opinião, os jornalistas não devem ser pés de microfone (que é a única situação onde tanto dá que o jornalista seja bom ou mau).
>
> Esta é uma coisa.
>
> Outra coisa que me preocupa é a aparente falta de espÃrito crÃtico que
> me parece transparecer nalguns comentários.
>
>
>
Eu confesso que o meu, às vezes, até é demasiado acutilante. E aproveito para pedir desculpa pelos meus longos emails. E a quem se dá ao trabalho de os ler, só tenho a agradecer a paciência.
> Nós devÃamos ser mais
> exigentes do que isto, pois não somos uma mera claque que apenas sabe
> aplaudir o chefe.
>
>
>
Eu só falo por mim: o Stallman não é meu chefe.
> Somos um grupo de pessoas que tem ideias e está
> habituado a discutÃ-las. E temos espÃrito crÃtico. E sabemos
> identificar um mau trabalho quando o vemos.
>
> Está à vista um mau trabalho do Stallman.
Continuo a falar só por mim: o Stallman não trabalha para mim.
Não considero que o trabalho do Stallman seja dar entrevistas ou defender aquilo que *nós achamos* que o movimento de Software Livre deve ser ou a fazer aquilo que *nós achamos* que se deve fazer para ganhar mais pessoas.
Se preferem que o FS tenha um PR, contratem um.
>
> Ele faz um comentário que é uma evidência: Diz que se vai perder alguma
> coisa no processo de espera.
>
>
>
Antes, o Stallman já tinha dito:
"Não faz diferença. De que vale ter software tecnicamente melhor, se não respeita a liberdade? "
"Não interessa o quão bom é tecnicamente…"
"Não abdico dessa liberdade por nenhum benefÃcio."
"nem sequer se pode confiar num programa que não seja livre."
Chega?
Aliás, quando o Stallman responde a porque é que não se pode confiar, a pergunta que isto estava a pedir era "pode especificar, usando alguns exemplos práticos?". Não era olhar para o bloco e fazer a pergunta preparada seguinte. Se havia dúvidas, era logo aqui que se tiravam as dúvidas.
O comentário que o jornalista faz não é nenhuma evidência. Repare: pode sê-lo para si, mas todos sabemos que não o é para toda a gente.
>
> É só a minha opinião. E repito, não comento a qualidade do
> entrevistador, pois estou pouco interessado nele. Preocupo-me sim com
> 1) a qualidade do Stallman enquanto nosso principal porta-voz,
>
>
>
Ok, talvez agora eu esteja a perceber a nossa divergência de opinião.
Eu não sabia que o Stallman era *o nosso* principal porta-voz. Não participei dessa eleição.
Mas se isto é assim e está descontente com a prestação do seu porta-voz, escolha outro :-D
É muito interessante notar que o jornalista diz:
"pode-se argumentar"
"Às vezes abdica-se"
"risco de se esperar"
E o entrevistado responde:
"A conclusão a que [eu] cheguei"
"[eu] não quero nenhum desse software"
"[eu] Não abdico"
"[eu] Não vou usar"
"Eu prefiro"
Agora a sério: eu não percebo este problema com o Stallman. O homem criou um movimento e espalhou a sua mensagem, quem concorda adere, quem concorda assim-assim até faz um "fork" (é assim que se diz em linguagem de informático?)
O homem não tem paciência para conversa da treta? Não é simpático? É excêntrico? Está farto de repetir a mesma coisa a jornalistas que deviam fazer o trabalho de casa? Who cares?
Deixem o homem dizer o que bem lhe apetece sobre o movimento que ele criou. E não exijam do homem uma subserviência aos media, que ele não quer ter.
Paula
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