Re: [ANSOL-geral] Magalhães na Venezuela é diferente do Português

Manuel Silva msilva portolinux.net
Quinta-Feira, 25 de Setembro de 2008 - 23:57:06 WEST


Olá Rui.
Sim, penso que foi aqui na lista da ANSOL que alguém disse, inclusive,
qual era a distribuição que estava a ser adaptada para o Magalhães
venezuelano.

Nós por cá vamo-nos contentando com a versão dual-boot... À partida
não me parece mal mas depois temos coisas como a Diciopédia (que está
incluída, pelo que li um destes dias), a própria aplicação que
converte o Windows numa máquina "children-friendly", etc., que são
mais-valias a favor da utilização do Windows. Se assim for, a opção
por omissão ser o Caixa Mágica poderá ter o efeito contrário ao
desejado, ou seja, criar "Linux-haters" porque querem usar o Windows
e, por distracção, "a máquina carrega a porcaria do Linux" (como uma
vez me disse um amigo de outra área, que não sabia que eu era
pró-software livre - e, por particularização, pró-Linux - e sim,
ajudei-o a mudar o GRUB para arrancar o Windows tal como ele queria).

O GNU/Linux tem muito para dar no primeiro computador das crianças -
pode ser "bullet-proof" (no sentido de podermos ter um sistema que o
miúdo pode explorar sem deixar a máquina inoperante), pode ser
visualmente estimulante (se pusermos uma simbologia "kiddie" no
ambientes para "netbooks" como o do eeePC e inúmeros clones, quase que
nem é preciso fazer mais nada para ser totalmente usável) e pode ser
enriquecedor (o número de aplicações de acesso ao conhecimento
disponíveis sem custos para o utilizador é enorme) mas, por exemplo, a
última vez que olhei para o GCompris este tinha erros aos mais
diversos níveis na versão portuguesa.

Em suma: acho que houve muita pressa em fazer-se um eeePC português e
fazer dele um OLPC e não creio que se tenha investido alguma coisa no
que é realmente importante: olhou-se para o software que já está no
mercado e comprou-se... Teria sido mais interessante apostar-se em
R&D, nem que fosse apresentando propostas para o SAPO Summer Bits, que
certamente colheriam a simpatia e o apoio da Associação Ensino Livre
e, pelo que conheço, do próprio SAPO.
Fiquei com a sensação que esse não será o modus-operandi na Venezuela;
a ideia é investir uma distribuição GNU/Linux venezuelana e garantir a
criação de competências para R&D dentro de portas, evitando a
aquisição de aplicações proprietárias.

Uma coisa é certa: com OLPC, Magalhães português e venezuelano, o
software livre de "edutainment" vai dar um grande salto quer
quantitativo, quer qualitativo. É uma questão de tempo... O meu medo é
que, por cá, devido à pressa política, se crie um preconceito em
relação ao GNU/Linux e ao software livre em geral que não corresponda
à realidade.

Ficam aqui os meus 5 cêntimos.

Cumprimentos,

Manuel

2008/9/25 Rui Az. <ruiazevedo  ensinolivre.pt>:
> Ficam aqui umas notas para reflexão:
>
> A)
> "El proyecto en Portugal usa software propietario y sistema operativo
> Windows, pero se cree que en Venezuela se usará Software Libre."
> Fonte:
> http://www.rnv.gov.ve/noticias/index.php?act=ST&f=14&t=78511
>
> B) DECRETO 3390 Gaceta 38 095 28 de Dezembro de 2004
> Artículo 1. La Administración Pública Nacional empleará prioritariamente
> Software Libre desarrollado con Estándares Abiertos, en sus sistemas,
> proyectos y servicios informáticos. A tales fines, todos los órganos y
> entes de la Administración Pública Nacional iniciarán los procesos de
> migración gradual y progresiva de éstos hacia el Software Libre
> desarrollado con Estándares Abiertos.
> http://www.cenit.gob.ve/cenitcms/servlet/com.mvdcomm.cms.andocasociado?5,64
>
> Relativamente ao Magalhães concordo plenamente com o Diogo. Levanto
> ainda outras questões que ainda não consegui saber em lado nenhum. Não
> estou a criticar ou a apoiar, apenas tenho curiosidade:
> * Um miúdo do 1º ano tem actualizações gratuitas ao software
> proprietário até ao 4º ano "ou para sempre"? Uma falha de segurança
> grave que exista, digamos... daqui a 2 anos.... como é resolvida?
> * Que software de produtividade está instalado no SO proprietári? é o
> Openoffice :-), que usa o standard aberto ODF? Esta questão é muito
> pertinente porque a promoção de standards não interoperáveis é muito
> grave!! Um miúdo que goste de usar Caixa Mágica vai poder trocar
> ficheiros livremente com miúdos que optem por outro sistema operativo no
> qual foi instalada uma suite que não usa standards abertos? Espero que
> não tenha sido mais uma oportunidade perdida para educar os miúdos sobre
> esta temática.
> * Ainda outra questão. Como cidadão gostava de saber quanto do meu
> dinheiro está a ir para cada uma das empresas do projecto. Nenhum? Não
> existem dados públicos sobre isso?:)
>
> Abraço.
>
> Rui Az.
>
>
>
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