[ANSOL-geral] [UPDATE IMPORTANTE: Governo e Microsoft: mas que casamento é este e porque raio tenho de pagar o copo de água?!?!?!?]

Rui Miguel Silva Seabra rms 1407.org
Terça-Feira, 5 de Junho de 2007 - 23:22:16 WEST


ACTUALIZAÇÃO: na realidade são 240k, apesar do que alguns artigos
noticiosos estão a espalhar, provavelmente graças ao título que aparece
em:

http://www.portugal.gov.pt/Portal/PT/Governos/Governos_Constitucionais/GC17/Ministerios/MOPTC/Comunicacao/Notas_de_Imprensa/20070605_MOPTC_Com_ProgramasE.htm
Computadores e banda larga para meio milhão de portugueses


Com efeito, a Microsoft apenas está envolvida no Programa e-Escola, que
afecta 240 mil alunos.

O Press Release abaixo já tem os dados corrigidos

------ Mensagem Reencaminhada ------
De: João Miguel Neves <joao.neves  ansol.org>
Responder-A: contacto  ansol.org
Para: ansol-imprensa <ansol-imprensa  listas.ansol.org>
Assunto: Governo e Microsoft: mas que casamento é este e porque raio
tenho de pagar o copo de água?!?!?!?

Governo contrata Microsoft sem concurso em projecto milionário, remove
oportunidades à concorrência portuguesa e relega o ensino e
desenvolvimento de competências à mera formação Microsoft.

A parte do "Programa Novas Oportunidades", e-Escola, apresentada hoje pelo
Governo simboliza problemas sérios o nível da transparência nas opções de
investimento público, retira a oportunidade de participação da indústria
de software nacional no mercado livre, retira oportunidade da comunidade
pedagógica do secundário de ser mais que mera formação de produtos
Microsoft, e atrofia as oportunidades de desenvolvimento de competências
portuguesas essenciais à participação na Sociedade da Informação.

Onde está a democraticamente essencial transparência governamental na
opção dos investimentos quando o Ministério das Obras Públicas,
Transportes e Comunicações aloca sem qualquer concurso público os fundos
que dispõe como resultado das obrigações a que vinculou as operadores
portuguesas de telecomunicações UMTS a uma só empresa de software?

Não tendo sequer feito um concurso, o Governo privilegiou
unilateralmente a Microsoft contra a indústria nacional. Optou sem
qualquer justificação por uma empresa condenada por abuso de poder de
monopólio nos EUA e na União Europeia, eventualmente premiando o apoio
da Microsoft à Presidência Portuguesa da União Europeia.

Só em software da Microsoft, 240 mil licenças de Microsoft Windows Vista
e Microsoft Office representam os seguintes custos[1]:
 * 240 mil licenças de Microsoft Windows Vista Home BasicN Português
DVD, 256,57€, resultam em mais de 61 milhões de Euros (61.576.800€)
 * 240 mil licenças de Microsoft Office Home and Student 2007 Português
OEM, 128,51€, resultam em mais de 30 milhões de Euros (30.842.400€)

Mesmo que existisse a oferta do software, seria um presente envenenado
cobrado várias vezes à economia portuguesa no futuro a médio e longo
prazo. Em alternativa, o governo podia simplesmente ter recorrido a
protocolos já existentes para obter um sistema operativo livre e
gratuito (Alinex) e que, em termos de funcionalidades é bastante
superior ao Microsoft Windows, uma vez que inclui milhares de aplicações
gratuitamente. Dessa forma ofereceria o reconhecimento merecido ao
trabalho da Universidade de Évora e todos os que têm construído
aplicações e negócios à volta dela. O mesmo se aplica a outros esforços
nacionais como o projecto Caixa Mágica.

O governo poderia ter optado pela economia nacional e o desenvolvimento
de competências nacionais: a real base de desenvolvimento da Sociedade
de Informação. Não o faz, integrando-o num programa ironicamente chamado
"Novas Oportunidades". Prefere escolher algo que levará a um
desequilíbrio continuado da balança comercial com os exportadores
portugueses a terem de arranjar forma de compensar fluxos de dezenas de
milhões de euros anuais atirados para fora do país.

A adopção de Software Livre pelo Estado permitiria efectuar poupanças
anuais de várias dezenas de milhões de euros, o que permitiria não só
financiar acções de formação tecnológica para os Portugueses, como
reduzir as despesas públicas. A ANSOL propôs-se a colaborar com o
Governo Português no cálculo exacto das poupanças que se poderão
realizar deste modo, mas não teve a oportunidade de ser ouvida como a
Microsoft.

Porque se escolhe o Microsoft Office, que é pago agora, e/ou no futuro
quando os alunos aprenderem a utilizar, e tiverem de comprar novas
versões para o mercado profissional, uma vez que as versões para o
Ensino não podem ser utilizadas com finalidade comercial? Porque não se
optou por alternativas mais baratas, e até nalguns casos mais poderosas?

Porque optou o Governo por relegar as cadeiras de Tecnologias de
Informação e Comunicação a meras agências de formação Microsoft? Termina
aí a responsabilidade do Ensino na Sociedade da Informação?

A opção por Software Livre (com a liberdade para cada utilizador de
aprender como funciona) permitiria aos estudantes a possibilidade de
participação activa no desenvolvimento da Sociedade da Informação,
contudo claramente a preferência foi remover esta oportunidade ao optar
por tecnologias que proíbem a partilha e desenvolvimento de competências
nesta área.

Em Fevereiro de 2006, a ANSOL propôs ao Governo (publicamente e através
de contactos estabelecidos com diversos ministérios) apoio para "Usar o
Software Livre para Ligar os Portugueses" oferecendo colaboração ao
Governo numa acção que eleve o nível tecnológico dos Portugueses, no
espírito do Plano Tecnológico e do programa Ligar Portugal, como por
exemplo a criação e distribuição de um pacote de Software Livre em
Português, pelas Escolas, Câmaras Municipais e Pequenas e Médias
Empresas[2].

Para além do silêncio, só tivemos duas respostas:
 * Carlos Zorrinho, o responsável do Plano Tecnológico, disse no IV
Encontro Nacional de Tecnologia Aberta em 2006 que a ANSOL não poderia
trabalhar ao nível do governo, e para investir apenas em pequenas
iniciativas a níveis mais baixos.
 * A proposta de criação de um CD com Software Livre de apoio ao ensino
foi aceite pelo Ministério da Educação e resultou no CD do projecto
CRIE[3].

Porque não nos querem deixar fazer mais?

[1] http://www.minfo.pt/
[2] http://blog.softwarelivre.sapo.pt/2006/02/01/software-livre-para-ligar-os-portugueses/
[3] http://blog.softwarelivre.sapo.pt/2007/04/15/cd-sl-nas-escolas/

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sem fins lucrativos que tem como fim a divulgação, promoção,
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