[ANSOL-geral]Sucedāneos de Internet no ensino superior

J M Cerqueira Esteves jmce arroba artenumerica.com
Sat Oct 19 12:33:01 2002


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Content-Transfer-Encoding: quoted-printable

Ol=E1

Uma amiga minha, habituada h=E1 muitos anos a um acesso normal =E0 Internet
(em grande parte desse tempo usando Linux), =E9 agora docente numa
institui=E7=E3o de ensino superior (polit=E9cnico). =20

Recentemente foi l=E1 instalado acesso =E0 Internet (aparentemente PT Prime=
,
com um pequeno bloco de endere=E7os IP atribu=EDdo), mas o resultado para
utilizadores como ela pode na forma mais branda ser descrito como
"suced=E2neo de Internet".  Eu acho mais apropriado chamar-lhe "inferno".=20
Como o relato pode ser interessante para os participantes desta lista e
como fiquei curioso sobre at=E9 que ponto se assiste a condi=E7=F5es destas
noutras institui=E7=F5es de ensino portuguesas, aqui vai...

Sei pouco (e ela tanto como eu) de quem montou o circo por l=E1, mas
o estado da coisa sugere que se trata de MS-artistas na forma mais
destilada, a quem foi adquirido algum "pacote" de servi=E7os t=EDpico de
escrit=F3rio. =20

A casa est=E1 forrada a computadores com Windows 2000 ("sabe, tem de ser
Windows 2000 para funcionar bem na nossa rede", ter=E1 dito uma das
artistas).  Os artistas configuram tudo e t=EAm de ser contactados para
mexer a mais =EDnfima palha nos sistemas, o que pode fazer sentido
nalgumas circunst=E2ncias e para alguns utilizadores mas (note-se que
estou a falar de docentes e investigadores) =E9 estranho n=E3o prever a
possibilidade de algumas m=E1quinas administradas autonomamente.  O email
(com Outlook, pois claro) j=E1 =E9 enviado, mas depois de v=E1rias semanas
ainda n=E3o se pode receber por l=E1.  Aparentemente algu=E9m disse algo so=
bre
"ser preciso alterar qualquer coisa na linha" (?...).

Mas isto =E9 o come=E7o.  A perguntas como "podemos fazer ssh para fora?",
"podemos fazer ao menos telnet?", "podemos fazer ftp?", a
resposta-padr=E3o dos artistas (quase parece ter sido treinada) =E9 um
"n=E3o.", dito de uma forma que apenas consigo descrever como sendo em
min=FAsculas-de-vozinha-aguda e com um pontinho final a indicar que n=E3o
vai haver di=E1logozinho.  Routing para o exterior? Porque precisa disso?

Se n=E3o sabem configurar NAT (o Windows 2000 tem?) ou n=E3o querem, beats
us... Aquilo apareceu assim feito e pronto. Seria interessante saber
quanto custou face ao que pode custar um servi=E7o de NAT + proxy montado
em Linux...

Mas "t=EAm" acesso HTTP (e FTP tamb=E9m, parece).  Eu explico as aspas.  =
=C9
que a minha amiga tem um computador port=E1til daqueles subversivos, com
um pinguim autocolante na tampa, que naturalmente quis ligar na rede
local.  Configurar Linux para uso aqui? "N=E3o sabemos. N=E3o suportamos."

At=E9 o n=FAmero espartano de pontos de liga=E7=E3o num edif=EDcio acabado =
de
construir seria tema de conversa, mas enfim... enquanto os artistas
n=E3o fornecem uns hubs l=E1 se vai desligando o fixo com MS-W2000 e ligand=
o
o port=E1til.  Na sua infinita generosidade, algum MS-servidor l=E1 lhe d=
=E1
os par=E2metros por DHCP (except for a gateway, that unsecure concept).
Vasculhando o outro Windows, descobre-se qual =E9 o endere=E7o do proxy
de HTTP.  S=F3 que o proxy montado pelos artistas =E9 da variedade "segura"=
:
pede autentica=E7=E3o do utilizador (username e password usados na rede
Windows) e pede-a por protocolo NTLM, por sorte um daqueles
propriet=E1rios da MS.

Browsing em Linux? Nope, acesso rejeitado.  Vasculha-se o Google (n=E3o
ali, claro), NTLM aparentemente n=E3o suportado no Mozilla & Friends.
Reboot do port=E1til, entrada em Windows 2000, onde t=EDnhamos instalado
Mozilla para evitar usar o IE.  Browsing em Mozilla em Windows? Nah.
Internet Explorer? Ah, finalmente funciona (como o software MS =E9 bom,
verdade?).

Felizmente algu=E9m j=E1 tinha batido com a cabe=E7a na parede antes,
percebido o protocolo [http://www.innovation.ch/java/ntlm.html ] e feito
um pequeno proxy em Python capaz de falar NTLM
[http://www.geocities.com/rozmanov/ntlm/ ].  Sempre se salva o browsing,
nem que seja com arames.

Impress=E3o a partir de Windows no port=E1til?  Chama-se uma das artistas.
Ela come=E7a o processo standard.  O computador vai ser "integrado"
(as in "you will be assimilated") no dom=EDnio de Windows,=20
o anti-v=EDrus-oficial-da-institui=E7=E3o vai ser instalado... A=ED a minha
amiga manda parar tudo, pergunta se n=E3o podem *s=F3* definir as
impressoras, telefona-me para eu falar com a MS-droid local.
A resposta da droid =E9 um "n=E3o." dos tais.  Depois de uma micro-conversa
n=E3o muito simp=E1tica ao telefone (com mais alguns "n=E3o." e eu a tentar
controlar-me) ela parece um bocado "flexibilizada" e l=E1
configura as impressoras apenas. =20

A minha amiga ainda experimentou perguntar-lhes sobre impress=E3o a partir
de Linux, mas a resposta por esta altura j=E1 devem adivinhar.  Felizmente
o Cups mais as smb-coisas deram rapidamente conta do recado.

Um ambiente destes talvez fa=E7a sentido em certos escrit=F3rios.  Faz muit=
o
menos sentido numa institui=E7=E3o de ensino superior e (espera-se)
investiga=E7=E3o.  Mais preocupante ainda talvez seja que a minha amiga
se sente praticamente isolada na percep=E7=E3o destes problemas. Alguns dos
outros habitantes percebem que h=E1 um problema; a esmagadora maioria
parece n=E3o perceber ou n=E3o se ralar ou ficar muito portuguesmente
caladinho para evitar chatices.

At=E9 que ponto esta situa=E7=E3o ser=E1 comum em Portugal?

Uma das raz=F5es que me leva a relatar isto aqui =E9 precisamente
notar cada vez mais uma falta de percep=E7=E3o at=E9 da mera exist=EAncia d=
e
software livre em alguns meios acad=E9micos, onde eu esperava que essa
percep=E7=E3o n=E3o fosse *t=E3o* m=E1.  Talvez o meio acad=E9mico tenha de=
 ser
"alvejado" com especial aten=E7=E3o pela ANSOL, at=E9 pela riqueza de softw=
are
livre que existe para uso nesse meio por contraste (pelo menos por
agora) com alguns outros.

Ontem =E0 tarde peguei nuns CDs "TeX Live 7" (ver www.tug.org) e estive=20
naquela institui=E7=E3o a apresentar informalmente TeX/LaTeX
a duas colegas da minha amiga, come=E7ando por o instalar nalguns Windows.
Nunca experimentei algumas das "shells" que existem em Windows para
correr TeX (e s=F3 mexo em Windows obrigado ou em casos destes), mas como
h=E1 uns anos tinha posto uma pessoa a come=E7ar a
escrever LaTeX numa tarde, com Emacs sobre Linux, at=E9 experimentei
em Windows essa via supostamente mais "violenta".  Ontem foi s=F3 uma
"tour" muito leve de como se escreve, como se manda processar, como se
pode gerar PostScript, PDF, escrever matem=E1tica, inserir figuras, ...

E fiquei admirado como duas pessoas com forma=E7=E3o matem=E1tica mal tinha=
m
sequer ouvido falar de TeX.  Apesar do natural receio
de quem est=E1 habituado s=F3 a Word e mesmo a=ED n=E3o muito =E0 vontade,
houve "uuu"s e "ah"s ao verem o que o LaTeX conseguia fazer
com um molho de instru=E7=F5es simples, sem se ter de andar a acertar tudo
=E0 pata e a olho.  Enfim, veremos se conseguir=E3o vencer a barreira
inicial.  Passada essa, a maior parte das pessoas que conhe=E7o raramente
volta a outras ferramentas para os trabalhos importantes, a n=E3o ser que
as obriguem.

Depois de ouvir uma conversa sobre licenciamento de SPSS, de que iam
necessitar, lembrei-me de uma package chamada PSPP que est=E1 em
desenvolvimento, provavelmente ainda sem grande parte da funcionalidade
do SPSS mas que lhes poderia interessar.  Parecem ter ficado "pasmadas"
no bom sentido ao saberem que existe um mundo de software *livre* "l=E1
fora" de que quase ningu=E9m lhes tinha falado.

Perante isto, aparece naturalmente a ideia de tentarmos arranjar na
ANSOL um molho de pessoas com experi=EAncia variada em uso de software em
meio acad=E9mico (e deve ser o mais f=E1cil de conseguir entre n=F3s...) pa=
ra
fazer de alguma forma um "tour" promocional em que cada um falaria
das ferramentas a que est=E1 mais habituado.  =C9 especialmente importante
para casas mais enterradas na ignor=E2ncia como aquela, mas mesmo algumas
onde j=E1 h=E1 bastantes utilizadores de software livre podem beneficiar.

That's all...

                         JM


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