[ANSOL-geral][Fwd: [Dicas-L] Mr. Gates e Mr. Da Silva]
Joao Miranda
jmiranda arroba explicacoes.com
Sat Nov 9 10:49:02 2002
-------- Original Message --------
Subject: [Dicas-L] Mr. Gates e Mr. Da Silva
Date: Sat, 9 Nov 2002 00:08:28 -0200 (BRST)
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Uma Maneira Divertida de Aprender Inglês
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Mr. Gates e Mr. Da Silva
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Copyright: No Mínimo (http://www.nominimo.com.br), 4/11/02, Pedro Doria
"A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência mexeu
com os nervos da empresa que está no cerne da revoulção tecnológica:
a Microsoft. O Brasil é um dos maiores mercados sendo explorados pela
companhia fundada por Bill Gates no final dos anos 70 mas, ao longo dos
últimos anos, o PT vem se comprometendo com um projeto de tecnologia
ligado ao software livre - antítese do que representa a Microsoft. Esta
opção está marcada a tinta no programa do próximo governo federal
e vem sendo executada por quase todos os governos importantes do PT,
incluindo-se aí o Rio Grande do Sul, Campinas, Belo Horizonte e, agora,
São Paulo.
O primeiro gesto público de aproximação veio ainda na última semana da
campanha de Lula, quando levados pelo senador petista eleito Cristóvam
Buarque, representantes de Gates fizeram ao então candidato um convite
formal para conhecê-lo. Esta reunião, que incluiria outros altos
executivos de empresas de tecnologia como HP e Sun Microsystems, pode
acontecer ainda antes da posse.
O convite não ficou sem resposta. O grupo petista ligado ao software
livre
está organizando uma reunião paralela. Se Lula encontrar Gates, deverá
encontrar, também nos EUA, gente como Richard Stallmann, presidente
da Fundação do Software Livre e Linus Torvalds, criador do Linux. A
idéia é mostrar que Lula conversa com todos mas não tem compromisso com
ninguém em particular. Se este encontro for no Instituto de Tecnologia
de
Massachussets, onde Stallmann mantém seu escritório, estarão presentes
também meia dúzia de homens que podem colocar em seus currículos a
paternidade da Internet. Serão pesos pesados de ambos os lados.
Vai ser uma dura mudança para a Microsoft. A estatística que circula
pelo Congresso Nacional é que, dado o volume da pirataria de software
no Brasil, o governo representa 80% dos lucros da empresa no país. Vem
sendo uma relação complicada e monopolista. A Microsoft permite a
apenas uma empresa, a TBA de Brasília, as vendas para o governo,
impedindo qualquer licitação por seus produtos. O software livre é,
neste sentido, um competidor árduo, já que sai virtualmente de graça. O
que custa é o treinamento. A experiência dos últimos meses do Serpro,
ligado ao Ministério da Fazenda, parece indicar que este treino, para
o usuário típico, nem é tanto assim.
Embora em seu discurso oficial a empresa que fabrica o Windows banque
horror à pirataria, na prática, desde sua fundação, a relação tem sido
diferente. Ela é discretamente estimulada. No início, usuários são
incentivados a usar os produtos ao máximo até criar o hábito. Então,
quando a base instalada ganha o vulto de milhões, como vem acontecendo
no
Brasil nos últimos anos, campanhas contra pirataria, que incluem pesadas
multas contra empresas que podem levá-las ao fechamento, são movidas. O
objetivo é transformar o monopólio adquirido em lucro. Daí a distorção
em ter no governo seu maior cliente.
Virada estratégica
No último mês, a Microsoft fez uma mudança radical de rumos em sua
estratégia mundial. Colocou o Linux, e com ele todo o movimento do
software livre, como inimigo primordial. A mudança foi representada por
um email enviado pessoalmente por Bill Gates a todos os funcionários da
empresa - na última vez que isso aconteceu, em meados da década de 1990,
Gates cobrava de todos como compromisso prioritário com a Internet.
Nesta nova mensagem, o presidente da Microsoft informou a todos que a
empresa precisava lidar com a questão da segurança. Seus softwares nunca
foram seguros. Têm falhas mil no código que permitem a rápida infecção
por
vírus ou intrusão de hackers. Se isso, no entanto, nunca havia servido
de obstáculo, nos últimos dois, três anos, após prejuízos monumentais,
muitas empresas têm-se voltado para o padrão Linux.
Segundo Gates, entre incluir uma novidade num software e corrigir
um problema, passa-se a priorizar a solução do problema. É uma
mudança radical de cultura. Parte da estratégia da empresa foi sempre
produzir novas versões de seus programas, todas com muitas novidades,
permitindo-lhe vender um Word novo para quem já comprou a toda hora.
Isso,
mesmo que nada das novidades viessem a ser usadas por muita gente.
Em um ou dois anos, isso quer dizer que os softwares da Microsoft
serão melhores - mas não resolve o problema de hoje, nem muitos dos
outros de amanhã. Aí entra a crescente diplomacia à qual a empresa
tem-se dedicado. Depois que no governo democrata de Bill Clinton viu-se
quase condenada à cisão, por conta de práticas que, entendeu na época a
Justiça norte-americana, violavam a legislação anti-truste daquele país,
a empresa passou a investir nos relacionamentos com os governos.
Por conta, seu presidente mundial, Steve Ballmer, vem visitando países e
encontrando-se com governantes. Esteve com o presidente Fernando
Henrique
em 2001. Além disto, em abril último convidou políticos proeminentes de
todo o mundo para uma grande conferência de líderes mundiais em Seattle
a fim de discutir o uso da tecnologia nos governos. Entre os agraciados
com o convite estava Cristóvam.
O uso na educação
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O ex-governador do Distrito Federal esteve a sós com Ballmer
na época, quando conversaram a respeito do uso de tecnologia para
educação. Cristóvam saiu bem impressionado do encontro. Ele, que é um
dos
mais importantes nomes do PT na área da educação, é pai do projeto Bolsa
Escola que foi encampado pelo governo FH. Seu nome, junto com o do
físico
carioca Luiz Pinguelli Rosa, é um dos mais cotados para assumir o MEC.
A relação de informática com educação vem sendo pesadamente questionada
nas últimas semanas, após um estudo israelense indicar que o computador
na sala de aula às vezes até distrai o aluno do real ensino. Há que se
levar em conta, no entanto, a crucial diferença entre Israel - e por
conseqüência a Europa, onde o estudo está sendo levado a sério - com
o Brasil. Lá, as crianças têm computador em casa. Daí volta à tona um
dos mais importantes projetos que se viram frustrados na administração
do ministro Paulo Renato: o do FUST, que pretende levar computadores a
todas as escolas públicas do país.
Na época, no segundo semestre de 2001, o MEC decidiu que os computadores
deveriam rodar, todos, o Windows da Microsoft. O projeto terminou alvo
de
uma investigação por parte do Ministério Público, dado que se as
máquinas
rodassem Linux, poderiam ser compradas em dobro. Os deputados federais
Walter Pinheiro (PT-BA) e Sergio Miranda (PCdoB-MG) terminaram por
aprovar uma emenda que forçava, também e no mínimo, a instalação do
Linux.
Independentemente da óbvia vantagem do preço, a bancada do software
livre
no Congresso, que tem em seus líderes Pinheiro e Miranda, apresenta um
argumento sólido mas de difícil compreensão: o código aberto. Quando
escrito, um programa é literalmente redigido numa linguagem e só no
fim deste processo é que ele é transformado num executável, algo que a
máquina compreenda. Esta primeira versão, compreensível por pessoas, no
caso dos softwares livres, é igualmente pública. No caso da Microsoft,
não, ela é considerada informação privilegiada de domínio privado.
Numa análise geral, isso quer dizer que um técnico nunca sabe exatamente
o que um programa da Microsoft faz. Ele pode - e o caso é real - enviar
informação a respeito do usuário para os computadores da empresa, nos
EUA,
sem que o mesmo usuário jamais desconfie. Um perigo quando se pensa numa
máquina que lida com informações secretas do governo - e um dos motivos
alegados por governos nos quatro cantos do mundo para adotar o Linux.
Mas há uma questão mais sutil. Quando Bill Gates ainda era um menino
maravilhado com tecnologia, no início dos anos 1970, ele aprendeu a
fazer
seus pequenos milagres digitais usando um computador cedido gentilmente
por uma universidade. Neste computador, ele tinha acesso não apenas aos
programas prontos, mas também aos esqueletos deles. Lendo o código
escrito
por outros para os computadores é que entendeu seus processos. Jovens
Bill Gates aparecem em todas as classes sociais - dependem, apenas, de
ter
a mesma oportunidade: acesso a computadores e ao código de seus
programas.
A alegação do MEC era, e continua sendo, que os sistemas da Microsoft
são o padrão do mercado. Alunos educados com seus sistemas, no entanto,
aprendem no máximo a ser operadores de Excell ou PowerPoint - não têm
muito como fuçar as entranhas e descobrir seus segredos, quanto mais
condições de sonhar com vôos altos. O Brasil já cometeu este erro uma
vez.
Veja-se o exemplo da Índia. Enquanto aqui o país jogou no alto os
impostos
dos computadores, nos anos 80, para estimular a produção interna de
máquinas, a Índia jogou para baixo. Taxou caro apenas o software. O
resultado foi uma legião de meninos brilhantes que hoje ocupam cargos
entre os altos executivos de, sem exceção, todas as grandes empresas de
tecnologia. Incluindo a própria Microsoft.
O encontro com Bill Gates
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Não serão poucas as pressões que o presidente-eleito Lula vai enfrentar
para lidar com a chaga da exclusão digital, que ameaça, a cada turma
formada, mais uma geração de brasileiros. Aprende-se a lidar
profundamente
com computador ainda criança, não depois. O Brasil precisará de todos
os parceiros com os quais pode contar. E Bill Gates, não apenas através
da Microsoft, mas também de sua Fundação, é um parceiro precioso.
Lula confirma, apenas, sua viagem à Argentina. Mas dentro do PT já se
lida
abertamente com a possibilidade de uma viagem aos EUA anterior à posse,
para o encontro com o presidente George W. Bush. Além de um gesto de boa
vizinhança, é uma maneira discreta de reiterar que ele não é um ditador
como Fidel Castrou ou, a seu modo, Hugo Chávez.
Aproveitar a passagem para visitar Gates e os outros líderes da
indústria
digital, na análise do PT, produzirá boas fotos para o consumo interno
de
Wall Street - distanciando-o da maneira como Castro, por exemplo, lida
com
Internet. O outro encontro, com os principais líderes do software livre,
também não fará nada feio. Ambos formam um compromisso com tecnologia
e reiteram o interesse do Brasil.
E, se Cristóvam está ligado à Microsoft, Pinguelli comandou no governo
de
Benedita da Silva, no Rio, o início da mudança para o software livre. O
mercado de capitais pode estar de olho em quem ocupará a Fazenda e o
BC. O de tecnologia está louco para saber quem ficará com o MEC."
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