A porcaria das patentes era: [ANSOL-geral]Red Hat regista patentes de software...]
André Esteves
aife arroba netvisao.pt
Sun May 26 02:30:02 2002
Em Domingo, 26 de Maio de 2002 00:33, escreveste:
> (ops, enviei isto só para o André ...)
>
> On Sat, May 25, 2002 at 03:11:00PM +0100, André Esteves wrote:
> > Pois é,
> >
> > Isto vai ficar bonito...
> > Ainda bem que a Debian têm um sistema alternativo e independente de
> > packages.
> >
> > Como será que vai ficar o gnome?
>
> Na mesma. Esta patente não tem nada a ver com o gnome.
Pois não senhor... mas a Red Hat e a SUN colaboram no desenvolvimento do
Gnome... e ainda não se escaldaram com a comunidade de desenvolvimento.
Pode-se esperar maus comportamentos por parte desses senhores nos próximos
tempos... Olhem para a SUN com o Open Office e a colocação do Linux nas
máquinas de pequeno desempenho... (eles acreditam que podem controlar o SL
estando dentro dele!)
É por essas e outras que prefiro o KDE. Ao menos a Trolltech já aprendeu a se
comportar...
> > Embedded Protocol Objects, mixture of static and dynamic responses to
> > HTTP requests, as found in TUX.
> [blah blah]
>
> As patentes não são inerentemente más. As patentes estupidas são más.
> Quem leu o texto sabe que esta patente cobre o método usado no tux
> para servir conteúdos e acabada com um patch. Isto significa que algumas
> empresas (cujo nome começa por M e acaba em icrosoft) quando o roubarem em
> vez de serem levadas a tribunal por violação do GPL
> (ah-ah-ah) são levadas a tribunal por violação de patentes, muito
> mais sério no sistema (ah-ah-ah) judicial (ah-ah-ah) americano.
>
> Se o BSD tivesse feito patentes protectivas da stack de TCP/IP por
> esta altura o Windows ainda não tinha TCP/IP. Got it ?
Uaaaaah! (Bocejo)
-----------
Eu sou contra as patentes de software. Cheguei á conclusão que as patentes
fazem mais mal que bem. Destroem a inovação. Se for com átomos, até tolero,
pois o investimento e o risco por parte do inventor é grande. Agora com
software? -> cp * /mnt/floppy Não chames a isto um método de produção, por
favor...
As patentes são inerentemente más. Foram criadas pelo Thomas Jefferson com o
objectivo de proteger o pequeno inventor e proteger a inovação. Só que ele
não contava com o avanço do capitalismo.
Hoje com o licenciamento cruzado e os NDA (acordos de confidencialidade) há
áreas tecnológicas em que ninguém pode investir, porque as empresas que
ganharam as patentes-base controlam tudo o que possa surgir nessa área.
Por exemplo, os monitores de computadores e televisores. Há um conjunto de
patentes, controladas pela Philips, Sony e RCA, que impedem qualquer pessoa
de desenvolver tubos catódicos.
Sabias? Sabias que se quiseres calibrar o teu monitor para o campo magnético
local, não o podes fazer? Se fores como teu monitor para o hemisfério sul,
não podes recalibrá-lo... És obrigado a comprar um novo...
Porque se houver alguém que tente descobrir e ofereça o serviço de
recalibração, vê-se bem lixado nos tribunais...
Queres fazer monitores? Impossível... E fazendo o licenciamento cruzado estes
senhores mantêm tudo no clubinho deles... controlando quem quiser arrancar
com um investimento na área.
Chamas a isto capitalismo? Chamas a isto livre iniciativa? Chamas a isto
liberdade de competição?! É uma treta para os olhos dos ignorantes...
Eu chamo a isto oligarquias e corporativismo de interesses.
É o que dá quando se dá propriedade intelectual a pessoas jurídicas além dos
cidadãos. As patentes deviam se ter mantido ao nível do pequeno inventor. Se
não concordas vai ver o que o inventor do RMN (ressonãncia magnética) diz, o
gajo têm mais de 30 patentes e não anda nada contente com o que as
corporações e multinacionais andam a cozinhar... Não vai ser o criador de
inovação que vai conseguir ganhar com isso. O inventor vai primeiro á
falência pelo dinheiro que têm de gastar para arrancar com a coisa por si
próprio, e essas empresas ficam á espera sorrateiras... depois compram a
patente por tuta e meia, sem nunca arrotarem com um royalty que seja...
Nem imaginas a paciência e desrespeito que essas abominações têm para apanhar
as patentes que lhes interessam dos pequenos inventores...
O problema é que neste país de nabos, nunca se inventou nada, nunca houve um
capitalismo tecnológico e o talento inventivo dos portugueses foi sempre
autorizado e confinado pelas elites ás universidades e empresas da área da
saúde ...
Hoje, que começa a haver um incipiente aparecimento de inovadores, de origem
social mais diversa, eles não sabem lidar correctamente com capital
intelectual, nem têm o capital monetário para poder jogar com as suas ídeias
de uma maneira segura...
Olha o seguinte exemplo: Houve uma gaja na FEUP que inventou um novo sensor
para acelarações utilizando campos magnéticos ( eddy currents ) induzidos num
disco metálico. Fez uma patente nacional. (Gastou um balúrdio de massa e o
processo foi barroco, burocrático e dirigido por ignorantes (quantas patentes
por ano em portugal?)) E apresentou os resultados num congresso internacional.
Bem.. Só que a patente era nacional.. passado 6 meses uma multinacional
japonesa reproduziu o trabalho dela. Fez uma patente mundial...
Ela ficou com o exclusivo nacional da patente.. mas de que lhe serve?!
Mesmo que processe os japoneses, um processo de propriedade intelectual como
patentes demora décadas! Há casos que já têm 40 e tal anos!
E quem achas que vai lucrar no fim desses 40 e tal anos? Quem é que facturou
durante esse tempo?! E quem é que só gastou dinheiro com advogados durante
esse tempo sem uma fonte de rendimentos para o sustentar???
O sistema está a rebentar pelas costuras. E só protege os interesses
instalados. E só os ignorantes o defendem (e claro os interessados..).
Um abraço,
André Esteves