[ANSOL-geral]O que a ANSOL defende
Antonio Jose Coutinho
ajc arroba eurotux.com
Wed, 16 Jan 2002 22:45:50 +0000 (GMT)
On 16 Jan 2002, João Miguel Neves wrote:
> Há pontos de vista diferentes dentro da ANSOL ? Sim, e sempre haverá.
> Essa será a nossa força e a nossa fraqueza. O que importa é se
> conseguimos arranjar um ponto em comum que nos permita trabalhar em
> conjunto. É possível e desejável.
>
Confesso que tenho algum temor que não seja bem assim.
No espaço de poucos dias já vimos aqui pessoas serem
convidadas "a repensar se as suas ideias se enquadram na ANSOL"
ou a "formar outra associação", só por exprimirem ideias...
Gostaria que os fundadores da ANSOL respondessem a uma questão:
quais são os princípios _dogmáticos_ da ANSOL?
Acho que é importante delimitar desde já o que é dogma e o que
não o é.
Um exemplo religioso: um católico pode dizer que não acredita que
Nossa Senhora apareceu em Fátima, e continuar a ser católico.
Não interessa se o Papa acredita e todos os cardeais e 99.9% dos católicos
acreditam. Como não é dogma da igreja até um bispo pode não acreditar e
continuar bispo... Um contra exemplo: quem não acreditar que Cristo
ressuscitou , não pode ser católico, nem cristão, A ressureição
faz parte do dogma.
Então pergunto aos fundadores da ANSOL: qual é o dogma?
Reconheço-lhes o pleno direito de estabelecer o dogma, mas devem faze-lo
já para que as pessoas possam imediatamente saber se podem ou não pertencer
a esta religião.
Voltando às nossas questões: será que uma pessoa tem o direito de
escrever software proprietário?
Admito que o Stallman ache que não, que todos os membros da FSF achem que
não e que 99.9% dos membros da ANSOL achem que não. Mas a pergunta que
faço é a seguinte: poderá alguém achar que sim e mesmo assim pertencer
à ANSOL? É dogma?
É que se for, claramente não posso ser aceite aqui...
Hé uma frase erradamente atribuida a Voltaire (e que obviamente
devia ser em francês), que acho adequada aqui:
"I disapprove of what you say, but I will defend to the death your right to
say it."
Do mesmo modo, não concordo com o sofware proprietário, mas defendo "até à
morte" o direito de alguém o produzir e vender.
Digam-me os profetas se, sendo assim, posso continuar a pertencer à vossa
igreja.
ajc
P.S.
Esta terminologia religiosa é apenas a sequência do exemplo sobre Fátima,
não estou a gozar com ninguém...
P.P.S
Agora a brincar: já pensaram que, se em vez de uma associação, fundassemos
uma religião, teríamos muitos mais direitos segundo a lei portuguesa.
Por exemplo: se nos recusássemos a ler documentos Word por motivos
religiosos, é possível que, ao abrigo das leis da igualdade religiosa,
as instituições fossem obrigadas a respeitar a nossa vontade.
Também teria vantagens fiscais :)