[ANSOL-geral] As Organizacoes Colectivas e a ANSOL

J M Cerqueira Esteves jmce arroba artenumerica.com
Thu, 14 Feb 2002 18:38:00 +0000


Oi

Para começar quero dizer que em toda esta discussão não tenho ainda
uma opinião bem definida a favor ou contra a admissão de empresas como
membros.  O abaixo é apenas algum "pensar (ruminar?) em voz alta".
Talvez ajudasse saber um pouco mais (porque pouco conheço da situação)
como se processa a participação de empresas como membros de outras
associações não necessariamente apenas de software livre, mas de
outros tipos, como por exemplo:
- associações em torno de actividades profissionais (engenharias,
  arquitectura, medicina, ciência, computação, ...);
- associações de defesa de direitos dos mais variados tipos, defesa do
  ambiente, defesa do consumidor, ...;
- entidades promotoras de educação e cultura;
- grupos que definem normas (na ISO, por exemplo).

Falo desses exemplos porque parecem relevantes para depois se fazer
analogias com uma associação como a ANSOL.  Promover o software livre
tem alguns pontos de contacto com os exemplos por ter a ver com:
- defender interesses de actividades profissionais ligadas
  ao software, relacionados com:
    - liberdades no uso de ferramentas;
    - liberdade de programar (com fins comerciais, científicos ou quaisquer 
      outros) sem restrições como as impostas por regimes de patentes de 
      software;
    - associado ao item anterior, favorecer a manutenção de um regime de 
      competição saudável, dada a forma como certas modalidades de "propriedade
      intelectual" têm sido usadas para promover monopólios e criar barreiras
      à entrada (maior dificuldade técnica e económica em "programar com 
      advogado", concentração maciça de patentes em algumas multinacionais).
    - vantagens técnicas;
    - vantagens estratégicas (prevenção de algumas dependências da evolução
      de outras empresas).
- defender interesses dos consumidores, incluindo os dos consumidores 

  enquanto profissionais (relacionado com o acima), sejam indivíduos 
  ou organizações, empresas incluídas;
- promover na educação uma atitude mais ligada ao "ensinar" (que inclui ajudar 
  a perceber os conceitos mais importantes e a ganhar flexibilidade e 
  autonomia) por oposição ao "treinar" (formar os estudantes enquanto simples 
  consumidores de produtos muito específicos ao sabor de interesses
  comerciais);
- promover a formação de e o recurso a recursos humanos locais (ao mesmo tempo
  que reduz custos hoje ligados à compra maciça de licenças para 
  "pacotes fechados");
- promover a adopção de normas abertas (falando não apenas de normas 
  "decretadas" por organismos normativos mas também das "normas de facto"
  vindas do uso diário).

Provavelmente haverá nesta lista gente com experiência de algumas das tais
associações, que nos poderá ajudar a perceber algumas alternativas.
Como é?  As eventuais empresas sócias pagam mais? Têm direitos especiais?
Restrições especiais? Mais poder de voto? Menos poder de voto? 
São autorizadas a referir-se ao papel de membros da associação
no âmbito da sua publicidade? 

> > Porque e que e grave para a credibilidade da ANSOL?
> É grave porque se põe logo à partida um rótulo de desconfiança sobre
> as empresas que se dedicam ou querem dedicar-se ao SL 

Parece-me simplista ver aí rótulos de desconfiança.  Uma organização
pode, por alguma razão, preferir afirmar-se como independente de
empresas ou outros tipos de organizações e tentar reforçar a imagem
e/ou proteger a prática escolhendo não aceitar essas organizações
enquanto sócios.  Para mim isso não equivale a uma declaração de que empresas 
são automaticamente organizações perversas de que se desconfia.
A DECO, por exemplo, aceita como associados "pessoas singulares e
pessoas colectivas de fins não lucrativos" 
(http://www.deco.proteste.pt/Deco/deco_associacao/estatutos.asp ).

Pensemos na questão da "defesa do consumidor", até porque esse é um dos
campos com que se relaciona a actividade da ANSOL.
À partida parece que faz todo o sentido uma empresa (portanto,
organização com fins lucrativos) fazer parte de uma associação como a
DECO:
- também é consumidora: como sócio de uma empresa também não gosto
  de ser lesado quando compro um produto que vamos usar (especialmente
  se as repercussões acabarem por atingir também os clientes e depois
  eu tiver que aturar as legítimas queixas);
- se tiver algum cuidado com a qualidade dos seus produtos também
  não gosta de ser rasteirada por concorrentes com menos escrúpulos
  que vivam de aldrabar o cliente.
Mas compreendo que pelo menos por princípio a imagem de independência
de uma associação de defesa do consumidor poderia sofrer ao admitir
empresas.  E talvez mais ainda ao aceitar apoios monetários de empresas
mesmo sem serem sócias.

Exemplo: não participei na associação Fronteira Electrónica, mas se
tivesse participado não tinha apoiado o alojamento gratuito dos
servidores deles na FCCN.  Isto não por considerar a FCCN
*automaticamente* má (apesar de alguns disparates, mas enfim...),
mas para: 
- ficar mais à vontade para criticar no futuro algum acto da FCCN;
- não lançar a suspeita, caso nunca viesse a criticar nada na FCCN,
  de que o silêncio se destinava a proteger os apoios.
IMHO, uma associação dita "da fronteira electrónica" devia em primeiríssimo
lugar ser capaz de alojar os seus serviços ou servidores
apenas com as contribuições dos sócios...

Claro que na realidade as coisas não são simples, e mesmo os grupos
com a maior imagem de integridade nos regulamentos podem sofrer
as influências mais dissimuladas e adoptar os comportamentos menos 
éticos.   Mais uma vez, não se trata aqui de achar ingenuamente que 
"indivíduos são bons, empresas são más, e o lucro é a raíz do mal".

A DECO não aceita empresas como sócios e impede as empresas
de citarem avaliações favoráveis de produtos na respectiva publicidade,
mas lá fez:
- as... "estampilhas" Web Trader com direito a entrada numa 
  lista (publicidade...): a empresa não a pode usar como sinal
  de reconhecimento da qualidade dos produtos ou serviços, mas lá
  o pode ostentar como pseudo-atestado de qualidade do processo de venda
  (as coisas que a UE financia...), e os incautos que vêem um logotipo
  que diz "ProTeste/DECO/Web Trader" são supostos achar o quê?
- com o Deutsche Bank, o negócio do crédito à habitação, 
  "exclusivo para associados"; e promete continuar com "a negociação para os 
  seus associados de produtos e serviços com condições vantajosas"
  (http://www.deco.proteste.pt/Deco/novas_iniciativas/novasiniciativas.asp );
  que independência terá a DECO para criticar produtos e serviços
  das empresas que tiverem visto o arranjinho como forma de "pagar 
  protecção"?  Não tenho dados para julgar a integridade de quem 
  dirige a DECO, mas por mais íntegraos que sejam devem perceber o que 
  arriscam em credibilidade:  passar a parecer um "clube" com privilégios 
  para membros negociados com base no poder mediático das suas críticas.

> e isso irá, seguramente, afectá-las e à credibilidade de todo o movimento.

Não é óbvio para mim que afecte as empresas ou a credibilidade do movimento.
E credibilidade perante quem?  Há *várias* credibilidades em jogo, perante:
- o público em geral;
- organismos governamentais;
- outras empresas e associações.
Dependendo do destinatário, a credibilidade pode ter a ver com
- independência perante fins lucrativos: em certos âmbitos, podemos ser vistos
  mais favoravelmente se excluirmos qualquer indício de que a ANSOL
  se pudesse tratar de mais um agrupamento essencialmente corporativo 
  disfarçado de defensor de causas importantes;
- representatitividade de "actores do palco empresarial": esta pode
  por exemplo ser importante a nível europeu quando se trata
  de defender certas questões importantes para a ANSOL, como as patentes.
  Por vezes tenta-se ouvir (quando não se finge apenas ouvir) 
  a opinião dos profissionais antes de adoptar certa legislação,
  e a introdução de patentes de software na Europa contará certamente com
  o apoio das multinacionais com maiores colecções de patentes, que 
  não devem andar a dormir: directamente ou através de outras associações
  devem andar a fazer o seu trabalho de casa junto dos organismos de poder
  da UE. Ora nestes dias em que tantas vzes a empresa é raínha e o indivíduo
  é secundário, várias instâncias parecem menos sensíveis a questões
  de liberdade individual do que a argumentos de origem empresarial
  e suposto impacto económico.
  E há vozes de empresas (que acham que mais facilmente serão esgamadas
  no âmbito de um regime em que tudo está patenteado) para serem ouvidas.
  Resta saber se a melhor opção será usar as associações de software livre 
  como representantes directas das empresas nesta questão (quero dizer,
  com "membership" directa das empresas a reforçar a posição), ou se essas 
  associações devem agir como entidades independentes a reforçar e justificar
  a posição dessas empresas, eventalmente também associadas noutras
  organizações essas sim estritamente empresariais.

Os dois lados da questão são relevantes: 
- Por um lado (em termos estritos, o fundamental) a ANSOL promove o software 
  livre em âmbitos individuais, científicos mas também empresariais, e por 
  isso não é estritamente uma "associação profissional" como outras são, 
  mas uma "associação que envolve profissionais".  
- Ao mesmo tempo, na prática há um lado que talvez se possa chamar
  "corporativo" da questão: há várias empresas que por razões 
  ideológicas dos fundadores ou por razões técnicas ou por razões
  estratégicas apenas usam/produzem ou pelo menos preferem usar/produzir
  (mesmo que não consigam agora) software livre. Na defesa desse
  interesse, a ANSOL acaba por funcionar para elas como uma organização
  "corporativa": queremos ter liberdade para usar aquilo de que
  gostamos, queremos poder competir sem limitações imbecis com empresas
  ancoradas em software proprietário, e gostaríamos de partilhar
  esforços para resolver alguns problemas comuns.

> Presumes, portanto, que eu sou um mentiroso e estou desde já mais habilitado
> à mentira do que qualquer outro/a sócio/a da ANSOL, como se fosse uma 
> característica genética. Não acredito que seja essa a tua verdadeira opinião?

Não posso responder por ele, mas do que conheço, longe dele alegar (e
quem o fizer é melhor fazê-lo longe dele) que as empresas são coisas
intrinsecamente perversas e que os empresários são humanos intrinsecamente
perversos.  :-)

> A primeira já tinha sido má mas esta foi um bocado dura e ofendeu-me mesmo.

Calma antes de entrar pela sensação de ofensa... Senão a escalada
vai por aí fora, e outros podem sentir-se ofendidos por estarem a ser 
etiquetados como 'amadores/ingénuos/"académicos"/meninos ricos que não sabem 
o que é a realidade da vida e das empresas', etc etc etc...

> 1. Quanto mais não seja para poder ter voz e poder realmente impedir 
>     este tipo de discurso anti-empresarial que é um pouco vigente nesta 
>     associação, e que em nada a favorece ou enaltece. 

Acho que estás a ver discurso anti-empresarial onde ele não existe.
Cuidado com uma posição típica (usada por alguns detractores do
software livre) de atacar na perspectiva
"more-professional-than-thou".  Todos vimos já chover etiquetas de ingénuo,
anti-empresarial, comunista, idealista, fundamentalista, (.*)ista.
Não tenho qualquer presunção de ter jeito para negócios, mas sou sócio
de uma empresa (por mais pico-empresa que possa ser) e ganho a vida
com o meu trabalho, não a cantar canções de liberdade ou à custa de
uma família rica ou subsídios "for the boys". Se eu dissesse que as
empresas são "O Mal" seria hipócrita.

Na minha escala de valores há coisas bem mais importantes do que
empresas, mas mesmo quando tiro o chapéu de empresário não olho para
as empresas como algo intrinsecamente bom ou mau.  Olho para as
empresas como algo onde a métrica que orienta a acção é essencialmente
o lucro (sem intenção aqui de denegrir o lucro).  Partindo dessa
métrica e da realidade humana de quem, sujeito a ela, dirige as
empresas, muita coisa pode acontecer, desde os actos mais simpáticos
para a sociedade até à fome e à guerra, e em último caso a tal métrica
é talvez a base mais segura com que podemos olhar para empresas a
longo prazo, mais do que as posições de quem as dirige em cada
momento.

(Em meta-discussões recorrentes entre mim e o Sebrosa, ele vai repetindo
que também as empresas são pessoas e eu vou repetindo que não são...).

> 2. Para efeitos de marketing concerteza e porque não. Porque se
> há-de ter vergonha de juntar o útil ao agradável. 

Percebo o argumento, mas mais uma vez, é preciso ter em conta que há
várias credibilidades em jogo.

> Excesso de moralidade não é virtude nenhuma, antes pelo contrário.

Excesso é o que está a mais, e o que está a mais para uns pode
não estar para outros.  E o que não é virtude pode ser pernicioso.
Pernicioso para quem?  Pois, depende da métrica.  
Por outro lado, "todas as generalizações são falsas". Ou é apenas uma
frase da moda?  8-)

> Se houver para aí algum advogado na lista que nos esclareça ;-)  

Bolas, também não conheço nenhum.  Onde andam eles todos?
Bem falta faziam. Evita-se imensa meta-discussão, mesmo que não pareça.

> Penso que está nos estatutos que os sócios se obrigam a cumprir os
> objectivos da Associação (promover o SL, etc). A um mecenas não se
> pode obrigar nada, a não ser dar dinheiro e receber o respectivo
> recibo (nós seremos, quando e se tivermos capacidade financeira para
> tal, uma coisa não invalida a outra).

Por acaso em questões de alguma da tal credibilidade, aceitar dinheiro
de um mecenas pode não ser mais favorável à imagem do que aceitá-lo
como sócio.  Se alguém quiser colocar a questão da independência da
associação perante certos interesses, também o pode fazer se nos caír
dinheiro vindo de mecenas.

> Se alguma empresa achar que não é importante ser sócio (e não mecenas) 
> das Associações que vão ao encontro dos seus interesses estratégicos, então
> tem um espirito empresarial que não entendo.

Há a empresa e há o empresário.  Enquanto empresário, ele poderá achar
importante (especialmente a curto prazo) integrar essa associação.
Como pessoa-não-apenas-empresário, ele pode olhar para a associação de
uma perspectiva mais global e preferir (por convicções próprias mais
fortes do que a da métrica da empresa ou eventualmente por achar que
no fim até é melhor para defender o que interessa à empresa) que
a associação resulta melhor não integrando empresas.
Estando nessa posição agora, repito que ainda não me decidi...

> 7. É triste que se continue a pensar que o lucro é mau. 

Not again...

> Achas realmente que se não tivesse havido gente que achasse que o
> Linux daria lucro existiria hoje esta força do sistema
> OpenSource. Não sejas ingénuo.

As empresas fizeram muito trabalho e acho que ninguém despreza o seu
papel, muito pelo contrário. Merecem todo o encorajamento.  Mas convém
não esquecer que muito antes da mediatização e das empresas achando
lucro no Linux (ou mesmo na Internet) já havia software livre e já
vários de nós o usávamos alegremente.

Eu proponho um sintoma diferente de ingenuidade, quiça sintoma de
newbieness típico de algum jornalismo: achar que essas empresas são o
lado *mais* importante da questão, mais importante do que as ideias
fortes e trabalho persistente como os da FSF e muitos outros ao redor
do mundo que fomentaram o software livre escrevendo bom código e
difundindo ideias.  Como receita de marketing, não me admiro, é
perfeitamente natural e muito visto:

  "Ao software XYZ, feito e usado por milhares de entusiastas ao redor
   do mundo e cada vez mais popular, faltava no entanto qualquer coisa
   para ser adoptado pela sua Empresa-de-Sucesso.  Mas agora nós, GHI,
   entrámos em jogo. Transformámos o que era uma boa-ideia num produto-sólido,
   fault-tolerant, business-ready, industrial-strength, buzzword-compliant, 
   fornecido-em-caixas-vistosas blah blah blah."

Mas quem seguiu mais do que os folhetos coloridos percebe que empresas
nascem e morrem, consórcios entre multinacioais para desenvolver
produtos aparecem e desaparecem, e o software livre tem ficado.  A
comparação das duas questões é algo disparatada, mas por vezes apetece
perguntar, com todo o respeito pelas empresas e pelo que elas
contribuíram, se o software livre não foi afinal mais importante para
as empresas do que as empresas para o software livre.  Muito
provavelmente a minha não se teria chegado a formar sem ele.  No
mínimo eu até me tinha concentrado mais noutra actividade e virado
muito menos para o lado computacional.  Não vale citar os casos de
empresas falhadas que esperaram milagres em troca de pronunciar "open
source" como um mantra à porta da bolsa.

> 8. Para falar de um exemplo nacional. A Caixa Mágica vai ter de ter
> capital (logo capitalista) numa qualquer sociedade para que o
> produto avance e se possa divulgar.

A propósito da Caixa Mágica...  Não tenho acompanhado o projecto
decentemente, nem é dos méritos dele e de quem trabalha nele que vou
falar, mas há uma relação aparente o lançamento original e a defesa do
software livre que me causou alguma impressão e em que penso quando se
fala da ANSOL e de empresas.  Refiro à iniciativa P3M.  Apareceu a
iniciativa, falou-se um pouco da questão na sociedade, os autores da
iniciativa tiveram todo o mérito em FAZER alguma coisa para dar
visibilidade à questão, tanto a bem do software livre por si como de
quem está envolvido com ele profissional e comercialmente.  Pouco
depois apareceu a Caixa Mágica.  E o P3M lá ficou.  Se é verdade que
em Portugal abunda a má-língua e a inveja por quem *faz* coisas,
também não pude deixar de sentir que a coisa podia ter decorrido de
forma mais transparente.  Não querendo julgar as pessoas, convém
chamar a atenção para que algo assim corre o risco de ser visto (nem
que injustamente) como exploração do interesse colectivo pelo software
livre para enquadrar um lançamento comercial não revelado antes.

>     Pelo facto de serem uma empresa capitalista e com objectivo de
>     lucrar deixam automáticamente de ser pessoas de bem e de
>     confiança?

De forma alguma.  

> O Paulo Querido, com todas as criticas que lhe possam fazer, é mais
> conhecido que o Paulo Trezentos, e tem feito imenso para promover o
> SL.  

Tem? 

> É assim a vida. ;-)

Na cama com?

O que não quer dizer que se ceda a isso.  A tentação de "making
friends with journalists" por causa das causas que defendemos ou por
causa dos negócios é compreensível.  Afinal, como um amigo meu dizia,
parte de uma receita para o sucesso é descobrir uma causa qualquer,
ter uns jornalistas amigos ou em alternativa algum dinheiro para
distribuir, aparecer na rádio tv e pasquins e essa visibiliade dar um
ar de importância à coisa.  Eventualmente alguns políticos (também
convém ter alguns amigos por lá) acham a causa relevante para dizer
umas tretas sobre ela (e sobre como os políticos das outras cores a
negligenciaram).  Eventualmente acaba tudo com mais uma
comissão-para-estudar-o-problema e uma colecção de tachos novinhos em
folha.

Por mais de uma vez, do seu pedestal de jornalista o Paulo Querido
(outro dos que conhecem o "mundo real" por oposição aos "idealistas
amadores") ofendeu em bloco os participantes do Gildot e deu aos
editores conselhos paternalistas sobre como tratar das criancinhas.
No fim de uma discussão no fórum, convidou-me para acabar a conversa em
torno de algumas cervejas.  Alguns amigos mais "sensatos"
business-wise talvez me tivessem dito para não desperdiçar a
oportunidade.  Pessoalmente senti-me melhor em deixá-lo tomar sozinho
as cervejas.  Mau jornalismo é mau jornalismo, e pode continuar a
sê-lo mesmo quando fala bem de nós.  Mas é fácil pensar que quando
está do nosso lado a imprensa se tornou de repente mais íntegra...

> Eu tenho dado razões lógicas para defender a causa da não exclusão de
> nenhum tipo de entidade sem razão lógica. Gostava de vêr razões lógicas e 
> estruturadas, até com argumentos legais se possível fosse, do contrário.

E de preferência com os tais exemplos do que se passa em outras associações
para pensarmos menos em circuito fechado.

> ESTE E-MAIL FOI CERTIFICADO COM ANTI-VIRUS :)
> This e-mail was certified with an anti-virus :)

ESTE NÃO. :)
This one wasn't. :)

TTFN
                                 JM