[ANSOL-geral]Sobre palavras "tabu" e anti-corpos e a caravana a
pisar-nos
Jose' Sebrosa
sebrosa arroba artenumerica.com
Thu Dec 5 12:27:02 2002
On Wed, 2002-12-04 at 22:20, J M Cerqueira Esteves wrote:
> On Wed, 2002-12-04 at 20:29, Rui Miguel Seabra wrote:
> > Esta pergunta e muito facil de responder. Depende do caso concreto.
>
> E até está respondida, na prática. Não é preciso recorrer ao e=
xemplo
> de vida ou morte no hospital.
Dizes que "esta' respondida na pratica" mas na pratica apagas a
resposta. Eu reponho aqui a parte que me interessa:
> Provavelmente se o caso concreto poder provocar a morte
> (ou um mal maior) a outra pessoa, em particular mas nao
> exclusivamente a alguem querido, a escolha sera certamente
> dificil, e seria desumano colocar essa questao.
> Acho que ninguem poderia de mente sa dizer imediatamente
> que sim.
O problema e' que eu ***nao*** acho que a escolha neste caso seja
dificil; pelo contrario, acho que deve ser imediata, instintiva e nao
deve levantar qualquer duvida.
O problema e' que eu nao concluo dizendo que "Acho que ninguem poderia
de mente sa dizer imediatamente que sim", mas dizendo:
***Acho que ninguem de mente sa poderia evitar dizer imediatamente que
nao.*** (ou seja, que nao recusa usar o software proprietario ou o que
for preciso).
Eu vejo aqui problemas. E, na tua resposta desculpabilizadora destes
problemas, vejo outro problema.
> Acho que podemos encurtar esta discussão mostrando como nenhum
> participante desta lista coloca de facto um qualquer princípio de
> liberdade de software ao nível de um "não matarás".
Eu tambem ***achava*** ate' ter ***visto*** mensagens a defender
software livre como dogma acima de coisas `as quais dou muito mais
importancia, como sejam outras liberdades que considero mais
fundamentais. Como parece que as memorias andam fracas (ou selectivas),
quando tiver tempo faco uma coleccao de links. Nuunca fiz, pois nunca
esperei ter que chgar a este ponto, muito menos para este assunto...!
Quando comeco a ver coisas dessas, so' posso pensar que ou 1) estao a
gozar comigo, ou 2) estou a falar com putos, ou 3) nao ha' inteligencia
do outro lado do fio. Ainda estou com esperanca de um dia entrar numa
sala escura, as luzes se acenderem de repente e a malta saltar toda a
rir da minha cara e a dizer que tem estado sempre a gozar comigo, mas a
esperanca vai-se perdendo.
O exemplo de vida ou morte e' o prototipo de exemplo estupido a que
recorro em desespero, porque nao tenho outra maneira de expor a
***estupidez*** das posicoes radicais software-livre-ou-nada que
***infectam*** a inteligencia (?) destas discussoes.
> Se as nossas mensagens passam por aqui, estamos todos a usar a Internet.
> Com um probabilidade razoável, há uns routers Cisco (ou outros sem
> software livre) pelo caminho.
>
> Basta isso, mas não faltam mais exemplos hoje em dia triviais na nossa
> vida diária.
"Basta", nao: Devia bastar. Ha' uma diferenca. Diria mesmo que ha' um
fosso de diferencas.
> Pode-se argumentar que são distintas as máquinas sob o nosso controle
> imediato das que não controlamos embora usemos mais ou menos
> directamente; dizer-se que quanto aos Cisco dos ISPs não temos controle
> directo da situação para os podermos substituir por outro material e
> software, como não temos grande controle sobre o software dos nossos
> telefones ou electrodomésticos.
>
> Mas se o que estivesse em causa fosse um princípio ao nível do
> respeito pela vida ou outros um pouco menos fundamentais,
> o argumento de "não controlamos, portanto não conta e podemos usufrui=
r"
> seria difícil de aceitar. Alguém preocupado com o respeito
> integral pelo princípio desligaria as máquinas e iria viver tão lon=
ge
> quanto possível da tecnologia.
>
> E até agora nenhum de nós fez isso, certo? Até o próprio softwar=
e
> do projecto GNU teve muitos anos de vida sobre sistemas Unix
> proprietários.
Mais uma razao para nos livrarmos duma vez das filosofias mais papistas
que o papa. Esses detritos intelectuais te^em que ser 1) denunciados
vigorosamente, e 2) despejados no recipiente proprio.
***Nao devem de todo*** ser "desculpados", como me parece ler na
tendencia geral desta tua mensagem -- que e', antes de mais, uma critica
`a critica da coisa em vez de ser uma critica `a coisa.
> Independentemente do grau em que cada um quer promover
> o software livre, estamos *todos* condicionados por fazer o que podemos
> com o que temos, com mais ou menos esforço de cada um para ir mudando o
> ambiente na sua vizinhança imediata.
Tens toda a razao: estamos condicionados. De facto, e' necessaria
alguma sabedoria para ter consciencia disso. Quando nao se tem essa
sabedoria, e' facil cair em situacoes de "entrada de leao, saida de
sendeiro", pois os condicionalismos sao, por definicao, incontornaveis e
acabam por se impor.
> Assim, "impuros" ou "fanáticos" somos todos mais ou menos um pouco,
> dependendo do lado de onde estão a olhar para nós. So what. News at 1=
1.
So what, apresenta os teus argumentos quando vires exibicoes de
estupidez militante... em vez de esperares pelas denuncias dessa
estupidez para argumentares semi-contra essas denuncias.
Cumps.,
Sebrosa