[ANSOL-geral]Proposta de criação de Grupo de Trabalho

Jose' Sebrosa sebrosa arroba artenumerica.com
Tue Apr 30 02:13:01 2002


J M Cerqueira Esteves wrote:
> 
> * Jose' Sebrosa <sebrosa arroba artenumerica.com> [2002-04-29 19:56 +0000]:
> > O *objectivo principal* é a divulgação de software alternativo =
ao dominante e
> > "mais livre" do que ele.  Um objectivo secundário é a divulgaçã=
o de software
> > "absolutamente" livre.  É importante ter presente esta ordem de pri=
oridades:  A
> > primeira prioridade não deve ser prejudicada em favor da segunda.
> 
> Tens um problema imediato com algum software eventualmente "mais
> livre" mas que não é software livre: tem que ser pelo menos
> "suficientemente livre" para poder ser distribuído como propões a
> seguir...


A *única* restricao é a de o software estar disponível sob uma licença que
permite uma cópia e distribuição como a descrita no resto.  Se por acaso se
verificar que, em cada caso analisado, respeitar esta restrição coincide com
respeitar GPL, porreiro.  Mas será uma coincidência.

Importa *muito* definir claramente o que é o objectivo, e distingui-lo das
coisas que podem acontecer por acaso.

O objectivo *não é* divulgar software que respeite as 4 liberdades.  O
objectivo é cativar pessoas para o uso de bom software, "mais" livre do que o
que elas iriam usar, e que é suficientemente bom para o substituir.

Por exemplo, imagina que há um "office" que respeita as 4 liberdades e, ao
lado, outro que é melhor, que não as respeita todas mas que permite a
distribuição e cópia como a necessária.  É inaceitável "enganar" o utilizador
fornecendo-lhe um produto pior só porque respeita as 4 liberdades, até porque
os utilizadores em que estou a pensar se estão nas tintas para algumas dessas
liberdades -- ele quer é usar o software, está-se nas tintas para a source e se
calhar até ia recorrer a cópias piratas!

O que é importante é que o *utilizador* fique *bem servido*.  O *crucial* é que
o utilizador *adopte* o CD e o passe aos amigos.  Isso será o que se chama "uma
lança em África":  coloca-se mais uma pessoa em contacto com aquilo que nos
interessa.  O resto virá mais tarde.

Insisto:  O que é crucial é que o *utilizador* fique bem servido.  Talvez (numa
prespectiva excessivamente reducionista) a ANSOL ache que fica, ela, mais bem
servida se apenas fornecer software que respeita as 4 liberdades.  Este
parágrafo de insistência serve para sublinhar que o que importa mais é servir
bem *o utilizador*.  O que importa mais *a seguir* é servir bem a ANSOL.  Ter
noção de que esta *é* a ordem de importância é *vital*.

Colocando a coisa noutros termos:  Se a ANSOL fizer um CD cegamente restrito às
4 liberdades e "eu" (um gajo qualquer) ao lado fizer um CD em que algum
software é substituído por outro *melhor*, e se um utilizador tiver
possibilidade de escolher entre eles, o que é que ele escolhe?  Escolhe o
"meu", claro!

Entender isto é importantíssimo, pois o utilizador já vai estar à partida a
comparar o CD que receber com as outras alternativas que tem, frequentemente
incorporadas no próprio sistema operativo que usa.  Se nós nos colocamos na
posição de prescindir de armas à partida, nem vale a pena ir à guerra.  Neste
caso, "armas" é equivalente a "o melhor software disponível".


> No fim, talvez o mais simples seja mesmo restringir a
> software livre para evitar as complicações legais e múltiplos
> contactos com cada autor/empresa... E por outro lado também porque a
> ser iniciativa com "etiqueta" da ANSOL seria estranho aparecer, por
> exemplo, material shareware (e, especialmente irritante, shareware do
> género crippleware ou annoyware, se é que ainda há shareware sem =
ser
> deste...).


Crippleware é aceitável desde que a parte funcional seja *melhor* que as
alternativas.  Annoyware é inaceitável porque, por definição, não tem
qualidade.  A não ser que não haja nada para o substituir.   São tudo coisas a
ver caso a caso.

Seja como fôr (e esta é a parte mais importante), se se tiver *bem presente* o
objectivo principal, as decisões são fáceis de tomar *caso a caso*.


> Lembro-me por exemplo do Kermit (não sei como é agora a licença);
> se me lembro bem, podia ser copiado livremente desde que não se
> cobrasse nada ao passá-lo a outra pessoa.  Isso impedia a inclusão =
em
> qualquer CD que se vendesse... e na Debian acabava por ter de ir parar
> ao conjunto "non-free".
> 
> De qualquer forma, suponho que há uma dose de goodies livres livres
> q.b. para captar o interesse de alguns utilizadores Windows.


Espero que sim, mas como não conheço a maioria dos casos concretos, salvaguardo
a hipótese de não haver neste on naquele caso.  É para essas situações
nebulosas que é *vital* saber-se bem o que é que se quer (ie, saber bem qual é
o *objectivo*), para que as decisões sejam tomadas com a orientação geral
correcta.


Sebrosa