[ANSOL] PR ANSOL: Europa subscreve ACTA com implicações negativas para o Software Livre e energias verdes
Rui Miguel Silva Seabra
rms ansol.org
Sexta-Feira, 30 de Setembro de 2011 - 11:23:18 WEST
= PRESS RELEASE ANSOL - Europa subscreve ACTA com implicações negativas
para o Software Livre =
Lisboa, 30 de Setembro de 2011: descobriu-se através do Governo
Japonês[0] que o ACTA vai ser assinado no próximo dia 1 de Outubro,
sábado. O ACTA é um tratado entre a União Europeia, os Estados Unidos,
Suíça, Japão, Austrália, República da Coreia, Nova Zelândia e México,
que ameaça a liberdade dos cidadãos dos países signatários, e em
particular ameaça o Software Livre.
No próximo sábado, dia 1 de Outubro de 2011, o ACTA vai ser assinado.
Este tratado ameaça o Software Livre de várias formas:
1. Torna muito mais difícil e mais caro a distribuição de Software
Livre ao por em risco a partilha de ficheiros e tecnologias P2P como o
BitTorrent.
2. Tornará mais difícil aos utilizadores de Sistemas Operativos livres
tocar média: os consumidores passarão a não poder comprar média sem DRM
-- e média com DRM não pode ser tocado com Software Livre.
3. Aumenta a hipótese de se ver privado dos seus dispositivos:
leitores portáteis de média que suportam formatos livres são menos
comuns que os dispositivos que suportam DRM, como o iPod. Irá isso fazer
deles mais suspeitos para os guardas fronteiriços?
4. Cria uma cultura de vigilância e suspeita, na qual a liberdade que
é necessária para produzir Software Livre é vista como perigosa e
ameaçadora, em vez de criativa, inovadora e excitante.
A inovação verde vai herdar parcialmente estes problemas porque o ACTA:
1. Vai travar efetivamente a inovação verde e a difusão de tecnologia
verde.
2. É incompatível com os instrumentos e standards Europeus
fundamentais para os direitos humanos.
3. Aumenta os riscos e as consequências de buscas, ataques, processos
e outras ações de execução erradas contra fornecedores legítimos de
medicamentos genéricos.
Um estudo feito a pedido do European Parliament International Trade
Committee confirma que vai além da actual lei Europeia e conclui "não
haver nenhum benefício imediato do ACTA para os cidadãos da União Europeia".
O mundo está a encarar grandes desafios: acesso à medicina, difusão de
tecnologia verde necessária para lugar contra as alterações climáticas,
e uma governação balanceada da Internet. Se por um lado é essencial ter
flexibilidade para resolver estas grandes questões, o ACTA fixa
limitações desproporcionais.
Para estimular novas empresas, a situação legal na União Europeia devia
minimizar os riscos de entrada no mercado para os inovadores. Em
mercados digitais, os inovadores são frequentemente confrontados com
campos de minas de patentes. Basta uma mera alegação de infracção de uma
patente e uma companhia pode ser levada a ser excluída do mercado. Com o
ACTA o fosso entre empresas pequenas e grandes aumenta, e tem um efeito
negativo desproporcional para as startups, que tipicamente não têm
bolsos fundos.
Apesar dos Estados Unidos serem o seu principal promotor, o Congresso
dos Estados Unidos não vai ratificar o ACTA, logo não terá força legal
lá, mas terá força legal na União Europeia. Os Estados Unidos podem
propor livremente medidas ainda mais fortes. Enquanto permitir uma parte
do tratado não estar sujeito a ele é um erro negocial,
constitucionalizar isso é uma falha grave no desenho do sistema.
Ainda que houvesse uma hipótese de que assinar este tratado fosse uma
boa ideia - o que, da forma como ele está redigido, já está mais que
provado que não é - essa hipótese devia ser estudada e discutida. Há
tempo para isso: o ACTA está aberto a ser assinada até ao dia 1 de Maio
de 2013. Se a União Europeia fizesse um esforço correcto e democrático
de estudar bem o acordo e debate-lo convenientemente a nível
comunitário, permitindo também a sua discussão em cada um dos países
membros, teria tempo para isso. Em vez disso, temos um processo obscuro,
feito à pressa e muitas vezes de aspecto que aparenta ser irregular, que
penalizará cidadãos e empresas, Portugueses e Europeus.
A ANSOL manter-se-à a par dos desenvolvimentos quanto a esta matéria,
prometendo tomar todas as diligências que julgar necessárias por forma a
proteger os direitos dos cidadãos e das empresas que se encontrarem
agora ameaçados com este novo tratado.
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