Parlamento holandês muda posição do país sobre patentes de software. Reabertura da discussão está nas mãos do governo português.
João Miguel Neves
joao.neves ansol.org
Sexta-Feira, 2 de Julho de 2004 - 00:24:41 WEST
PRESS RELEASE ANSOL -- [ Europa / economia / TCI ]
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02/07/04: Parlamento Holandês força Ministro Brinkhorst a retirar o
apoio à proposta de directiva de patentes de software.
Reabertura da discussão está nas mãos do governo português.
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Há algumas horas atrás, o Parlamento Holandês decidiu ordenar ao Ministro
Brinkhorst e ao Secretário de Estado van Gennip (Assuntos Económicos) que
retirem o apoio Holandês ao texto do Conselho de Ministros para uma Directiva
de Patentes de Software, votado em 28 de Maio de 2004. Esta é a primeira vez
na história da UE que tal medida foi tomada.
A ideia de permitir patentes sobre software tem sido fortemente criticada por
PMEs, cientistas e organizações de consumidores. Inibem os investimentos em
Investigação e Desenvolvimento e contribuem para preços mais altos. Os
comentadores também receiam o surgir de um "paraÃso para advogados" na Europa
tal como se encontra hoje nos EUA, onde programadores são constantemente
ameaçados com processos judiciais.
Este acto representa uma crÃtica incisiva à s tentativas do Conselho Europeu de
Ministros de tentar introduzir a patenteabilidade geral do software.
O Ministro Brinkhorst, representando a Holanda, apoiou a proposta actual do
Conselho, que não só reiterava os termos da fortemente criticada primeira
proposta da Comissão, como foi mais além descartanto directamente a posição
claramente assumida pelo Parlamento Europeu, que votou para que fossem
acrescentadas várias emendas que tornaram claro como a categoria de algoritmos
genéricos deve ser tratada.
A versão do Parlamento Europeu definiu que as patentes só seriam válidas para
invenções industriais (por exemplo, máquinas de lavar roupa) e não seriam
possÃvel para software puro. Todas estas adaptações foram removidas na
controversa versão do Conselho de Ministros.
Anteriormente, Brinkhorst descreveu ao Parlamento Holandês a proposta do
Conselho como sendo um compromisso com o Parlamento Europeu. Em debates
legislativos recentes, Van Gennip foi forçado a admitir que esta informação
era incorrecta e atribuiu a responsabilidade a "um erro do processador de
texto".
O Parlamento Holandês rejeitou esta explicação e atingiu hoje uma decisão
histórica abrindo um precedente, ordenando ao Ministro Brinkhorst e a Van
Gennip que retirem o voto de apoio da Holanda no Conselho Europeu e que o
convertam numa abstenção. Esta medida é possÃvel porque de momento apenas
existe um "acordo polÃtico" e que o "voto formal" só pode ser tomado quando o
texto for traduzido nas 20 lÃnguas Europeias. Um travão de emergência como
este é um procedimento nunca antes exercido.
Com esta decisão, o Parlamento Holandês demonstrou o interesse activo que a
sua audiência tem pelo debate sobre patentes de software, e o seu
reconhecimento e apreço pelas adaptações introduzidas pelo Parlamento Europeu.
Dieter Van Uytvanck, porta-voz da FFII Holanda, reforça a importância desta
decisão:
Este sinal polÃtico vai muito mais além do que apenas a Holanda. Esperamos
que outros paÃses Europeus, que tenham dúvidas a respeito da
proposta do Conselho, retirem também o seu apoio, de forma a que a
proposta actual deixe de ter uma maioria. O precedente histórico foi assim
aberto.
Que isto seja uma lição aos legisladores em Bruxelas: os cidadãos Europeus
observam-vos atentamente. É muito melhor terem isto em conta desde o
inÃcio para evitarem problemas mais tarde.
Neste momento se mais 5 votos do Conselho de Ministros da União Europeia se
afastarem da posição do "acordo polÃtico", a discussão sobre a patenteabilidade
do software é reaberta dentro do Conselho. Esta situação abriria a possibilidade
de corrigir alguns dos problemas actuais do documento: a não definição de
"tecnologia" que permite que qualquer coisa seja patenteável desde que um gabinete
patentes nacional ou europeu o decida; a não protecção da liberdade de publicação;
possibilita a patenteabilidade de processamento de dados; não protecção da
interoperabilidade entre programas concorrentes.
João Neves, presidente da ANSOL, comenta o papel do governo português:
Na semana passada, numa reunião com a ANSOL e a ASSOFT, o Ministério da Economia
mostrou a sua preocupação sobre a situação actual e os perigos das patentes para
o tecido empresarial português. Esta decisão no parlamento holandês possibilita
a Portugal a hipótese de intervir neste assunto a nÃvel europeu.
Os 5 votos que Portugal detem no Conselho bastam para reabrir a discussão no
Conselho de Ministros da União Europeia. O governo português pode, assim, fazer
algo pelo mercado nacional de tecnologias de informação, pedindo uma nova
votação e exigindo as melhorias necessárias para garantir a sobrevivência de um
mercado dependente de pequenas, médias e micro empresas.
Relatórios dos debates anteriores estão disponÃveis em:
* http://kwiki.ffii.org/index.cgi?NlParlDebate0426En
* http://kwiki.ffii.org/?NlGovLttrResp0422En
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João Miguel Neves
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