[ANSOL-geral] Dia negro para o Software Livre: Microsoft compra Github

Rui Miguel Silva Seabra rms 1407.org
Quarta-Feira, 13 de Junho de 2018 - 20:43:55 WEST


Olá Ricardo,

On Wed, 2018-06-06 at 22:33 +0100, Ricardo Lafuente wrote:
> Não concordo muito com a visão de que a Microsoft ainda é lobo em
> pele de ovelha no que toca ao F/LOSS. É verdade que historicamente
> fizeram imenso para tentar impedir a proliferação do modelo livre,
> sem sucesso.

   1. não deixaram de ser agressores de patentes de software
   2. continuam a registar patentes de software para utilização
agressiva de forma massiva
   3. continuam a perverter e abusar standards ou criar falsos
standards para reforçar o vendor lock-in deles e assim tentar contornar
requisitos legais que surgem em alguns países
   4. continuam a fazer negócios nos bastidores (e se for preciso com
braços de ferro com a ajuda da ASSOFT quando nem eventuais subornos
chegarem) para ter privilégios em negócios com entidades públicas

Desculpa, mas não são peles de cordeiro que fazem estas coisas *que
continuam e são business as usual* desaparecer.

> Mas também é verdade que Google e Facebook mostraram que se pode ser
> amigo do "open source" mantendo modelos extremamente proprietários.

O Google e o Facebook são muito pouco amigos, se formos a ver
concretamente, normalmente cumprem os mínimos olímpicos e no caso do
Android o Google até está a tornar componentes chave do AOSP autênticos
abandon-ware em troca das versões proprietárias que põe no Google Play.

E então sobre standards é melhor nem falar, que até tenho vergonha de
dizer que o iPhoney assenta mais sobre standards abertos que o Android
pois este, sob influência do Google, cada vez mais tem substituídos
normas abertas por versões proprietárias.

No início cheguei a conseguir fazer um hangout call via XMPP a partir
do Pidgin, depois eles fecharam a bridge xmpp.


> E que o "open source" também é uma excelente gateway drug para as
> suas lógicas proprietárias -- veja-se o campo do machine learning e
> como as bibliotecas (Tensorflow, Torch) são abertas; elas são o
> resultado de imenso investimento, mas têm um retorno potencialmente
> maior na forma de novos developers habituados a essas ferramentas, e
> como também sabemos, o verdadeiro $ está agora nos modelos (training
> models), nos dados e nas redes, não no software. Por isso acho que a
> Microsoft não procura ver o modelo "morto", mas sim domesticado como
> indicou o André.

Fui eu que falei em domesticado, domesticado senão morto. É claro que
ficam menos mal na figura se conseguirem convencer a comunidade a ser
domesticada do que se fizerem guerra aberta, é por isso que os
principais problemas da Microsoft contra o software livre se movem nas
sombras e à luz do sol só vês cordeiros.

> Claro que é nestas alturas que importa distinguir entre o "open
> source" (não uso as aspas por acaso) e o software livre -- 

Por favor, não vamos erguer muros de Berlim. Isto é abominável e uma
mentira contra-produtiva. Não colabores com a Microsoft!

> no Google por exemplo, o pessoal é avisado para nem olhar para código
> GPL ou AGPL. O modelo livre sim, eles querem-no bem morto.

MIT é tão software livre como GPL/AGPL, e esta é tão open source como
Apache 2.

Insistir em separações completamente artificiais da comunidade é servir
o inimigo, mesmo que sem o querer fazer.

> Voltando ao Github, asneira foi a de quem confiou num serviço
> proprietário que se diz amigo do software livre, e muita gente caiu
> na tentação da excepcional rede que o Github oferece, e que       não
> tem ainda paralelo.

A comunidade de software livre não fez asneira nenhuma em utilizar o
GitHub exceto no sentido de utilizar um site proprietário. São quem tem
menos a perder com esta compra.

Os donos de software proprietário concorrente da Microsoft que lá
tivessem os seus repositórios privados na cloud é que devem estar em
pânico!

Abraços,
Rui
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