[ANSOL-geral] João Pedro Pereira neste momento já deve ter emprego nas RP da mico$oft portugal

Marcos Marado mindboosternoori gmail.com
Quinta-Feira, 8 de Março de 2012 - 15:10:55 WET


On Monday 05 March 2012 04:42:35 José Sebrosa wrote:
> Ele faz e sempre fez afirmações invulgares.  O facto de as repetir não
> as vulgariza, principalmente perante quem na minha opinião importa mais
> na entrevista:  A audiência.

Dependendo do que queres dizer com "invulgares", serão vários os comentários 
que se possam tecer a esta tua afirmação. Usas um tom que leva a crer que 
consideras que "afirmações invulgares" são um aspecto negativo, mas - 
genericamente - é a invulgaridade que cria o interesse na existência de uma 
entrevista. Ninguém entrevista o "homem vulgar".

> Penso que concordas que a audiência não considera generalizadamente que
> a ideia de esperar 50 anos por software livre em vez de o desenvolver
> proprietário seja "vulgar"...

A audiência não considera generalizadamente a ideia de esperar por software em 
vez de o desenvolver? Caro, a audiência não é - na sua maioria - quem 
desenvolve software, a audiência é quem usa o que há e não usa o que não há. O 
foco aqui não é o esperar ou não, o foco aqui é o usar ou não software 
proprietário. Podes dizer que o que é invulgar no entrevistado é ele advogar 
que não se deve usar software proprietário. E uma primeira pergunta natural 
numa entrevista a alguém que advoge isso seria um "defende que nunca se deve 
usar software proprietário, porquê?". Em vez disso tivemos: "1) como se 
sentiu?", "2) como se sentia?", "3) como se sente?", "4) afirmação 
(questionavel) e não pergunta", "5) afirmação (questionavel) e não pergunta", 
"6) porque não se pode confiar no software proprietário?", ...
Claro que podes assumir que a pergunta 6 serve de certa forma para colmatar o 
não haver um "porque não se deve usar software proprietário?", mas se assim 
for... a resposta do Stallman parece ter satisfeito o entrevistador, visto que 
a pergunta 7) passou a ser sobre *desenvolver* software. 

> Não se trata do jornalista fazer tábua rasa dos (seus) conhecimentos
> anteriores.  A entrevista é dada a um jornal generalista, onde a maioria
> dos leitores nunca ouviu ideias tão radicais.  Isso justifica que se
> comece a explicar "do princípio".

Podia ser assim, mas então isso não justifica porque é que a entrevista começa 
por saber como é que o entrevistador se sente, fazer um par de afirmações, e a 
primeira pergunta "a sério" para "explicar do princípio" é já a 6ª. E, em vez 
do entrevistador pedir para o Stallman "explicar do princípio", perguntou-lhe 
logo uma questão "não-introdutória". Como se não bastasse a lista de perguntas 
feitas, a própria introdução que se dá à entrevista mostra que o entrevistador 
não está ali a tentar fazer uma "entrevista introdutória", mas sim a dar no 
início as introduções pelas suas palavras, e ir aos "temas profundos" na 
entrevista. 

> Não:  Da forma como ele a vê, ou seja, da forma como ele a vê.  No
> concreto:  Decerto interessa aos leitores saber em que ponto da escala
> de valores está a liberdade associada ao software livre.

Ainda que toda esta afirmação seja discutível (se-lo-ia pelo Stallman e eu 
partilho da visão dele), isso é totalmente irrelevante: estás a dizer que era 
interessante que Stallman respondesse a uma determinada pergunta, depois de 
teres dito que não queres saber do entrevistador, ignorando que o entrevistado 
não responde às perguntas que não lhe são feitas, mas sim às que lhe são 
feitas. 

> > O problema depois é que quem escreve as leis está sujeito a lobbies e é
> > por esta razão que temos leis que até se contradizem no mesmo
> > articulado.
> > 
> > O conceito de liberdade do Stallman não é um conceito estranho inventado
> > por ele, mas é sim o princípio subjacente à nossa lei (e de outros
> > países).
> 
> Se não houvesse nada a dizer sobre o assunto da Liberdade, não se faziam
> conferências como esta:
> 
> http://mises.org/media/5247/What-Ever-Happened-to-the-Constitution

Não ouvi a converência, mas suponho, pela tua afirmação, que é uma que levanta 
uma série de questões relativas à Liberdade. Quais/quantas delas foram 
levantadas pelo entrevistador do Stallman?

> >> Demitir-se de explicar e
> >> virar as costas ao debate e ao confronto de valores é realmente muito
> >> fraco.
> > 
> > O José continua a ver isto como um debate. Uma entrevista não é um
> > debate. Para isto ser um debate era preciso haver mais uma pessoa.
> 
> Não quero que a definição técnica de "debate" ou "entrevista" me afaste
> do assunto central:  As ideias do RMS são polémicas e o público
> generalista d'O Público merecia ser exposto a elas em maior
> profundidade.  E o RMS não se deu ao trabalho de aprofundar a exposição.

O RMS não teve oportunidade para expor seja o que for.

> >> Ele faz um comentário que é uma evidência: Diz que se vai perder alguma
> >> coisa no processo de espera.
> > 
> > Antes, o Stallman já tinha dito:
> > "Não faz diferença. De que vale ter software tecnicamente melhor, se não
> > respeita a liberdade? " "Não interessa o quão bom é tecnicamente…"
> > "Não abdico dessa liberdade por nenhum benefício."
> > "nem sequer se pode confiar num programa que não seja livre."
> > 
> > Chega?
> 
> Não.  Por exemplo, falta confronto com casos realmente duros.  Casos de
> vida ou morte.  Digo que falta, pois pode bem ficar no espírito de
> leitores a dúvida sobre onde é que o "não abdico dessa liberdade por
> nenhum benefício" pára, ou se não pára nunca e vai de facto até ao
> sacrifício da vida.

Achas, portanto, que devia ter havido uma follow-up question que não houve, e 
achas que, por alguma razão, isso não diz respeito ao entrevistador, e que a 
culpa é do entrevistado.

-- 
Marcos Marado



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