[ANSOL-geral] João Pedro Pereira neste momento já deve ter emprego nas RP da mico$oft portugal

paula simoes paulasimoes gmail.com
Terça-Feira, 6 de Março de 2012 - 10:38:08 WET


On Monday, March 5, 2012 at 4:42 AM, José Sebrosa wrote:
> Não se trata do jornalista fazer tábua rasa dos (seus) conhecimentos
> anteriores. A entrevista é dada a um jornal generalista, onde a maioria
> dos leitores nunca ouviu ideias tão radicais. Isso justifica que se
> comece a explicar "do princípio".
>  
>  
>  


Não é a primeira (nem a segunda, nem a terceira, nem a quarta...) vez que o Público fala em Software Livre. O seu argumento de começar a explicar "do princípio" não faz qualquer sentido: se fosse esse o entendimento do jornalista, a primeira pergunta da entrevista tinha sido "o que é o Movimento do Software Livre'" e não um "como se sente?"

> Contiuamos a focar a atenção em pontos distintos. Eu não estou
> interessado em analisar a qualidade do trabalho do jornalista. Esse
> trabalho não me parece assinalável em nenhum aspecto, seja bou ou mau,
> mas isso pouco me importa. O que me preocupa é a (má) qualidade do
> trabalho feito pelo RMS na entrevista.
>  
> Mas tens todo o direito de centrar a tua atenção noutro assunto, claro.

Uma análise imparcial de uma entrevista terá sempre de focar o papel do entrevistador. É o entrevistador que escolhe fazer as perguntas e não o entrevistado, é o entrevistador que escolhe a ordem das perguntas e não o entrevistado, é o entrevistador que tem o poder de cortar ou não o que lhe interessa e não o entrevistado, é o entrevistador que conhece a audiência do meio de comunicação para o qual trabalha e não o entrevistado, etc, etc.
Repito: são raríssimas as vezes em que uma entrevista corre mal por causa do entrevistado.
Um jornalista teve formação para fazer entrevistas, um entrevistado não teve formação para dar entrevistas. Um jornalista faz entrevistas quase todos os dias, um entrevistado dá entrevistas de vez em quando, etc, etc.

  
> como por exemplo a liberdade
> de fazer software proprietário.
>  
>  
>  


A "liberdade de fazer software proprietário" é um eufemismo que o José está a usar para dizer "garantir o monopólio de forma a fazer o máximo dinheiro possível". Dito assim não parece tão bonito, pois não? Mas o José não se acanhe: todos nós gostamos do vil metal. Não há mal nenhum em querer fazer dinheiro com software. É claro que já não se pode dizer o mesmo daqueles que tentam fazer dinheiro à custa da restrição de direitos fundamentais dos cidadãos.
Porque é aqui que reside todo o problema.
Existe um conjunto de direitos fundamentais que são mais importantes e mais pesados do que outros. Nenhum direito de propriedade se pode sobrepor a direitos como a liberdade de expressão, a privacidade, o direito à educação e ao conhecimento científico, ao acesso à cultura, etc.
Eu não sou radical: acredito que os autores podem fazer dinheiro com as suas obras sem restringirem os direitos fundamentais dos cidadãos.
Mas sou radicalizável: se tiver de escolher entre um autor fazer dinheiro com a sua obra ou um cidadão ter direito à liberdade de expressão, privacidade, educação, etc não terei nenhuma hesitação em escolher a segunda (se um autor não conseguir fazer dinheiro com a sua obra, pode fazer dinheiro de outra maneira, tem alternativas, mas se um cidadão deixar de ter os direitos fundamentais que eu referi não tem alternativas).
E esta ideia não tem nada de radical, a não ser que o José esteja preparado para defender aqui que a Declaração Universal dos Direitos do Homem seja um radicalismo...

> Não: Da forma como ele a vê, ou seja, da forma como ele a vê.  
A forma como ele vê a Liberdade é o princípio subjacente a qualquer lei num Estado de Direito.

>  
> Se não houvesse nada a dizer sobre o assunto da Liberdade,  

É muito indelicado da sua parte insinuar que eu disse coisas que eu não disse: eu nunca disse que a Liberdade é um assunto fechado.
O que eu disse é que a Liberdade é um direito fundamental e, portanto, mais pesado do que outros direitos.

>  o público
> generalista d'O Público merecia ser exposto a elas em maior
> profundidade.  
>  
>  
>  

Concordo. O jornalista devia ter pensado mais nos leitores, afinal é para isso que precisamos de jornalistas: para fazer as perguntas que nós não podemos e queremos fazer.

>  
> Não. Por exemplo, falta confronto com casos realmente duros.
  
O jornalista não confrontou o entrevistado com casos. Repito que não precisamos de jornalistas para pôr um gravador à frente dos entrevistados para eles dizerem o que lhes apetece: qualquer pessoa poderia fazer isso.
Precisamos de jornalistas para fazerem perguntas pertinentes.

  
> Casos de
> vida ou morte. Digo que falta, pois pode bem ficar no espírito de
> leitores a dúvida sobre onde é que o "não abdico dessa liberdade por
> nenhum benefício" pára, ou se não pára nunca e vai de facto até ao
> sacrifício da vida.
>  
>  
>  

O jornalista nem perto disto andou. A pergunta final, que na verdade é um comentário foi "Mas vai-se perder algo no processo de espera".
"Algo", alguma coisa. O jornalista não podia estar a falar de nada muito importante….

Entretanto, no mesmo jornal:
http://p3.publico.pt/actualidade/media/2369/richard-stallman-o-hacker-que-respira-software-livre

  
Paula  
-------------- próxima parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
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