[ANSOL-geral] João Pedro Pereira neste momento já deve ter emprego nas RP da mico$oft portugal

Rui Maciel rui.maciel gmail.com
Segunda-Feira, 5 de Março de 2012 - 21:05:02 WET


On 03/05/2012 04:42 AM, José Sebrosa wrote:
> On 03/04/2012 11:38 AM, paula simoes wrote:
>> On Saturday, March 3, 2012 at 6:15 AM, José Sebrosa wrote:
>>> On 03/02/2012 10:40 AM, paula simoes wrote:
>>>
>>> Ele está a fazer afirmações que são manifestamente invulgares.
>> Não. Nesta entrevista, o Stallman está a fazer afirmações que sempre faz e sempre fez.
>
> Ele faz e sempre fez afirmações invulgares.  O facto de as repetir não
> as vulgariza, principalmente perante quem na minha opinião importa mais
> na entrevista:  A audiência.
>
> Penso que concordas que a audiência não considera generalizadamente que
> a ideia de esperar 50 anos por software livre em vez de o desenvolver
> proprietário seja "vulgar"...

O que é que há de invulgar em alguém recusar-se a usar um software que é 
licenciado de uma forma específica? E o que é que há de invulgar em 
alguém recusar-se a usar software que sabe lá deus o que é que realmente 
faz? E o que é que há de invulgar em alguém recusar-se a usar um 
software específico somente porque alguém faz uma afirmação infundada 
sobre supostas melhorias que poderá ter ou não ter?

Mais uma vez, creio que estejamos a procurar fabricar polémicas onde não 
existe, nunca existiu nem se poderá esperar que vá existir uma.


>> O José está a partir do pressuposto do jornalista ir para uma entrevista fazendo tábua rasa de conhecimentos anteriores, quando aquilo que deve acontecer é precisamente o contrário: ele deve preparar a entrevista, ler outras, conhecer bem o entrevistado e pode até aproveitar o "nariz" (da entrevista, não o seu) para explicar e preparar o leitor para o que vai ler. E no meio da entrevista, também pode explicar e neste caso também faz isso na sexta pergunta.
>> E este jornalista até faz isso e muito bem: prepara logo o leitor para a "excentricidade" do entrevistado.
>> E mostra que sabe isto, veja lá que até falou com as pessoas que receberam o Stallman.
>> É ao jornalista que cabe contextualizar entrevistado e entrevista ao leitor.
>
> Não se trata do jornalista fazer tábua rasa dos (seus) conhecimentos
> anteriores.  A entrevista é dada a um jornal generalista, onde a maioria
> dos leitores nunca ouviu ideias tão radicais.  Isso justifica que se
> comece a explicar "do princípio".

Mas o que é que há de radical na ideia de não pretender instalar/usar 
software cuja licença não aprovamos, cujo funcionamento não é possível 
conhecer e cujas supostas melhorias são exclusivamente hipotéticas?


>>> Por
>>> exemplo, dizer que está disposto a esperar 50 anos por melhorias (ainda
>>> que hipotéticas)
>>>
>>>
>>>
>> Depois de ter dito o que pensa e explicado porquê, quando o jornalista lhe faz essa pergunta parece não estar a acreditar na opinião do Stallman, então este reforça o que disse com a espera dos 50 anos.
>> Uma pessoa que termina a dizer que prefere esperar 50 anos para não ter de usar software proprietário é uma pessoa que claramente não está disposta a usar software proprietário.
>> Ou acha que o leitor que ler a entrevista até essa pergunta vai achar que o Stallman espera 50 anos, mas se tiver de esperar 51 já pode colocar a hipótese de usar software proprietário?
>
> Não, mas acho que é de esperar uma escalada de radicalização de valores
> na mente dos leitores, escalada essa materializada em testes sucessivos
> aos limites da defesa do software livre -- chegando eventualmente a
> confrontos como "software livre contra direito à vida" (em casos
> práticos em que exista software proprietário que possa salvar vidas e
> que não seja substituível por software livre em tempo útil), ou
> "software livre contra outras liberdades", como por exemplo a liberdade
> de fazer software proprietário.

O José Sebrosa está a arrastar a discussão para o domínio do ridículo 
com essa tentativa de criar uma relação entre apoiar a ideia de software 
livre e colocar a vida de alguém em risco.


>>> em troca da liberdade (da forma como ele a vê)
>>>
>>>
>>>
>> Da forma como ele a vê, ou seja, como está na lei?
>
> Não:  Da forma como ele a vê, ou seja, da forma como ele a vê.  No
> concreto:  Decerto interessa aos leitores saber em que ponto da escala
> de valores está a liberdade associada ao software livre.

Em que medida é que a importância prática, económica, estratégica e 
ética de se valorizar o uso de software livre para o público em geral 
depende da "escala de valores" de um único indivíduo no mundo?



>> Aquilo que o Stallman diz não é mais do que o princípio subjacente à
> lei. Repare que a lei diz que o direito de propriedade do autor pela sua
> obra não se pode sobrepor a direitos fundamentais, que se consideram
> mais importantes, mais pesados: o direito à privacidade, à liberdade de
> expressão, à educação, ao conhecimento, etc.

Eu creio que o José Sebrosa não compreende que o uso do software livre, 
nem mesmo qualquer apelo de gente como o rms, reduz ou ataca aquilo que 
o José Sebrosa definiu como "direito de propriedade do autor". O máximo 
que poderá acontecer é que a procura por software licenciado de uma 
forma particularmente restritiva e tecnicamente limitado venha a 
reduzir. Como vivemos numa sociedade livre e como o mercado de software 
é livre, não se pode argumentar que isso é um drama: é apenas a natureza 
das coisas.



>>> Demitir-se de explicar e
>>> virar as costas ao debate e ao confronto de valores é realmente muito
>>> fraco.
>>>
>>>
>>>
>> O José continua a ver isto como um debate. Uma entrevista não é um debate. Para isto ser um debate era preciso haver mais uma pessoa.
>
> Não quero que a definição técnica de "debate" ou "entrevista" me afaste
> do assunto central:  As ideias do RMS são polémicas e o público
> generalista d'O Público merecia ser exposto a elas em maior
> profundidade.  E o RMS não se deu ao trabalho de aprofundar a exposição.

Não basta que o José Sebrosa declare que as ideias do rms são polémicas 
para que elas passem a sê-lo. Para não repetir outros pontos, basta 
apontar o seguinte: nós, num mercado livre, temos completa liberdade de 
escolha. Essa liberdade de escolha inclui o direito de decidir o que 
comprar e, sobretudo, o que não comprar. Nós também temos total 
liberdade em escolher quais os critérios de avaliação que nós, 
pessoalmente, aplicamos na escolha de um produto.

Ora, se a liberdade do mercado não é polémica e se a liberdade de 
escolher os critérios de avaliação não é polémica, porque razão é que o 
José Sebrosa tenta acusar de ser polémico a liberdade de um indivíduo em 
particular de escolher os critérios que usa para eleger, num mercado 
livre, quais os produtos que pretende adquirir? E, mais estranho que 
isso, porquê este indivíduo em particular e mais ninguém senão ele?



>>> Ele faz um comentário que é uma evidência: Diz que se vai perder alguma
>>> coisa no processo de espera.
>>>
>>>
>>>
>> Antes, o Stallman já tinha dito:
>> "Não faz diferença. De que vale ter software tecnicamente melhor, se não respeita a liberdade?"
>> "Não interessa o quão bom é tecnicamente…"
>> "Não abdico dessa liberdade por nenhum benefício."
>> "nem sequer se pode confiar num programa que não seja livre."
>>
>> Chega?
>
> Não.  Por exemplo, falta confronto com casos realmente duros.  Casos de
> vida ou morte.  Digo que falta, pois pode bem ficar no espírito de
> leitores a dúvida sobre onde é que o "não abdico dessa liberdade por
> nenhum benefício" pára, ou se não pára nunca e vai de facto até ao
> sacrifício da vida.

O José Sebrosa foi a primeira e única pessoa que alguma vez vi a tentar 
insinuar que ser adepto do software livre poderá em risco a vida de 
pessoas.

Entretanto, esquecemos de casos em que a violação/desrespeito dessas 
liberdades está relacionado com a morte de pessoas, como por exemplo o 
seguinte caso:

http://en.wikipedia.org/wiki/Therac-25

Note-se que um dos contributos para a série de mortes causada pelo mau 
funcionamento dessa máquina foi justamente a impossibilidade de analisar 
o código-fonte da máquina por partes independentes do fabricante e de 
distribuir versões modificadas do software. Ou seja, uma das causas das 
mortes foi não terem respeitado um par das liberdades defendidas pelo 
rms, e que o José Sebrosa procura acusar de serem polémicas.



Rui Maciel




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