[ANSOL-geral] Re: [Ansol-socios] Software Livre no Parlamento

Manuel Silva msilva portolinux.net
Terça-Feira, 2 de Outubro de 2007 - 15:59:44 WEST


Olá João!

Não vou responder por ordem, espero que isso não incomode ninguém.

> Em relação à carta, só tenho pena do reaproveitamento do texto. Para mim
> não há qualquer problema em existirem várias entidades a contactar os
> grupos parlamentares. Só é chato ter de escrever outra carta.

As pessoas que estavam comigo e leram o conteúdo da carta que se
encontra no Wiki da ANSOL consideraram-na, entre outras coisas,
desapropriada e agressiva. Eu próprio disse a pessoas da minha família
que não ia ao Parlamento entregar os CDs por não me rever na carta.
Foi então que a Leonor me chamou a atenção de a comunidade Ubuntu-PT
ter andado a fazer pedidos especiais à Canonical para este efeito e de
eu ter andado empenhado no transporte dos CDs para Lisboa e, portanto,
a não-entrega seria uma enorme falta de respeito para com a comunidade
Ubuntu-PT. Foi então que propus que refizéssemos a carta, obviamente
mantendo o porquê de estarmos a enviar um CD e o que podem encontrar
no mesmo e adicionando as referências às comunidades de cidadãos que
possibilitaram tal entrega.

> Em relação ao que dizes, algumas chamadas de atenção:
>  1.1) É preciso reforçar sobre que é a proposta, uma vez que está a ser
> discutido como implementação de software livre no parlamento português.
> Não é. É uma proposta de análise de uma possível migração. Em termos de
> compromisso político a diferença é gigantesca.

A diferença é grande mas não compete a mim, nem à ANSOL, nem às
comunidades de Software Livre fazer qualquer juízo a esse respeito. Tu
mesmo dizes que não somos políticos(*), daí apenas referir o nome do
Projecto de Resolução e passar logo para a explicação do CD que têm à
frente.

>  1.2) Apelar ao voto numa proposta que concordas não é faccioso. Não o
> fazer porque a proposta vem de X ou Y é uma lógica situacionista e, na
> minha opinião idiota. Se a proposta é boa deve ser aprovada, se não for,
> não deve. Deixemos os jogos políticos para os políticos. Não o somos,
> nem nos devemos assumir como tal.

O facto de apelar ao voto numa proposta que concordo é sempre
faccioso; apelar ao voto em algo que não concordo é igualmente
faccioso e acresce a agravante de ser hipócrita. Faccioso vem de tomar
posição.
Eu venho de uma família muito activa na vida politico-partidária e
aprendi muito com isso: uma das coisas que aprendi é, ao contrário da
política pura e dura, na vida politico-partidária olha-se para que
partido esteve na origem das coisas e fazem-se logo "pré-conceitos" em
torno disso e eu não quero que o CD e a carta ganhem imediatamente um
lugar no caixote do lixo.
Eu não devo dizer o que os partidos nos dizem a nós... Os partidos é
que estão sempre com "vota <nome do partido aqui>". Eu devo dizer
"está aqui um produto de software livre, pode contar com o apoio
destas comunidades" e os Srs. Deputados analisam se quiserem, tiram as
conclusões que quiserem e votam em concordância com o que lhes parecer
mais correcto.

(*) Eu não concordo com o "não somos políticos"... A partir do momento
em que tens uma opinião formada acerca de algo e ages activamente para
a dar a conhecer e, de alguma forma, influenciar a sociedade, então
estás necessariamente a fazer política.

>  1.3) A promoção de normas abertas é mais aceitável politicamente que a
> utilização de software livre IMNSHO.

E certamente a vasta maioria estará de acordo com esse ponto de
vista... Aliás, até a Microsoft e parceiros concordam contigo, visto
que eles consideram o OOXML um formato aberto. Mas, neste caso, o
debate não é em torno de formatos de documentos ou qualquer outro
assunto, é em torno da adopção de software livre na actividade
parlamentar e, como tal, é à questão de software livre que devemos dar
enfoque.
Estar a meter ao barulho o OpenDocument Format e dizer que se apoia
esse formato em detrimento de outros é acrescentar ruído à questão:
para a maioria dos Deputados isto não diz nada e, quem for pesquisar
(cidadão comum, sem conhecimentos de informática), vai ser confrontado
com o facto de não ser usado pela Microsoft na sua ferramenta de
produtividade, o que poderá fazer com que considerem à partida um
formato "inferior" (e, consequentemente, também o Software Livre ser
considerado "inferior" porque usa um formato que não é usado "pela
grande empresa de software do Mundo").

> Se alguém for descobrindo entretanto, quem são os 6 deputados que iram
> falar no debate, envie email que eu farei o mesmo. Normalmente é 1 por
> grupo parlamentar (BE,PEV,PCP,PS,PSD,PP).

Pelo PCP suponho que seja Exmo. Sr. Deputado Bruno Dias, uma vez que
foi a pessoa que me respondeu à mensagem que enviei para agendar a
entrega dos CDs.

Cumprimentos,

Manuel Silva



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