[ANSOL-geral] Draf de Artigo à volta do Open Source

Ivo Sousa ivosousa yahoo.com
Quarta-Feira, 27 de Junho de 2007 - 17:41:53 WEST


Olá 

Eu e uma colega da Universidade estamos a escrever um
pequeno artigo à volta do Open Source para o Congresso
Anual das Ordem dos Economistas. Se tiverem alguma
sugestão, obrigado.

Cumprimentos

Ivo Dias de Sousa

Open Source: Contributo ou Alternativa à Economia de
Mercado?


Sumário

Este artigo tem como objectivo apresentar o Open
Source (Fonte Aberta) numa dupla perspectiva. Por um
lado, o Open Source como um contributo à economia de
mercado por a aproximar da visão de concorrência
perfeita de Adam Smith. Por outro lado, o Open Source
é uma alternativa (em pequena escala) à economia de
mercado.

1. Introdução


O Open Source tem crescido de importância com várias
dezenas de milhar de projectos a decorrer (Ljungberg,
_____; ____________,_______; ________________,
_____________). Actualmente, o Open Source é
considerada uma forma eficaz de criar software de
grande qualidade com custos reduzidos como é o caso do
sistema operativo Linux (Ljungberg, ____). Mais, o
âmbito do Open Source ultrapassou o software, sendo
utilizado, nomeadamente, em áreas como livros (como
manuais técnicos, enciclopédias e livros de receitas)
e a descoberta do DNA de vírus e cereais (Goetz,
2003).

A razão do sucesso do Open Source está no facto dos
princípios económicos da informação serem, no
essencial, diferentes dos produtos físicos (Perens,
____; Weber, 2004).O custo de copiar informação (por
exemplo, um programa) é muito pequeno ao contrário do
que sucede com produtos físicos.

“A revolução está no método e não no resultado”
(Goetz, 2003, p. 164). Um projecto Open Source com
sucesso tem um conjunto vasto de colaboradores
(tipicamente voluntários), em que cada contribuição é
realizada sobre as anteriores. O resultado da
colaboração é depois disponibilizado livremente,
podendo ser sujeito a modificações. Isto representa
uma mudança de paradigma – os princípios económicos de
bens privados construídos sobre a escassez de recursos
são substituídos pelos princípios económicos de bens
públicos onde a escassez não existe (Hars e Ou, 2001).

De tal forma, que o Open Source está a reformular o
conceito de propriedade (Weber, 2004). O Open Source é
um “sistema sustentável de criação de valor” que
mantém junta uma “comunidade de produtores à volta da
noção de direitos de propriedade como distribuição”
(p. 1).

Este artigo está dividido, fundamentalmente, em quatro
partes. Primeiro, é apresentado o funcionamento e
evolução do Open Source. Depois, é discutida a
influência do Open Source na economia de mercado. Em
terceiro lugar é discutida em que medida o Open Source
é uma alternativa à economia de mercado. Finalmente,
são apresentadas as principais conclusões do artigo.


2. Open Source


O Open Source está intimamente ligado à crescente
economia em rede (Weber, 2001). Por um lado, é um
produto dela. Tipicamente, os produtos, em geral, e o
software, em particular, Open Source são produzidos
através da colaboração de diversos indivíduos através
da Internet. Por um lado, é uma fonte importante de
inovações organizacionais para essa mesma economia. 

Nas comunidades Open Source (que produzem,
nomeadamente, o sistema operativo Linux) existe uma
hierarquia tal como acontece nas firmas (Weber, 2001).
Porém, a hierarquia é mais difusa. Os participantes
neste processo económico (inovação paralela
distribuída) fazem por razões como (Hars e Ou, 2001;
Weber, 2001):
·	treino facilitado – por exemplo, outras pessoas
envolvidas num determinado projecto de Open Source
tendem a responder a dúvidas colocadas por outros
indivíduos participantes;
·	reconhecimento e satisfação do ego – por exemplo, a
resolução de problemas difíceis de programação leva ao
reconhecimento pelos pares, o que pode gerar
satisfação do ego;
·	resolução de um problema específico de uma pessoa ou
organização – por exemplo, um programador pode
trabalhar num módulo de um projecto Open Source que
tenha a ver com as suas necessidades específicas.

Um projecto Open Source começa, usualmente, com uma
pessoa a resolver um pequeno problema (Ljumberg,
____). O sucesso (ou insucesso) de um projecto Open
Source depende, em muito, da capacidade de atrair
novos colaboradores.

Tipicamente, um projecto Open Source é dirigido por
uma pessoa como um ditador benevolente (Ljumgberg,
_______; __________, ________; _________, ______). O
ditador benevolente é reconhecido pela comunidade como
a pessoa que toma decisões (por exemplo, o que incluir
numa distribuição) e tem a obrigação de destacar
adequadamente quem contribui com o quê. Uma forma
alternativa à gestão de um ditador benevolente é uma
ditadura rotativa como é o caso do desenvolvimento da
linguagem Perl.

As licenças Open Source mudam o paradigma da
propriedade (Weber, 2001; Goetz, 2003; Weber, 2004).
Do ponto de vista dessas licenças, a propriedade é
algo para ser distribuída em vez de ser protegida. “Os
proprietários são mais guardiães do que guardas”
(Goetz, 2003, p. 208). Um qualquer produto para ser
considerado Open Source tem de garantir os seguintes
direitos;
·	poder fazer cópias de produtos e distribuir essas
cópias;
·	acesso à criação (no caso do software, é o acesso ao
código fonte, o que é uma condição necessária para
alterar um programa);
·	poder alterar os produtos.

Um momento chave do Open Source é o aparecimento da
licença GPL (General Public License) em 1984 [Weber
(2001); ______ (____); ________(   )]. O investigador
do MIT Richard Stallman disponibilizou um conjunto de
programas com a inversão do copyright tradicional. A
licença GPL procura “impedir que software ou qualquer
parte de software desenvolvido colectivamente seja
transformado em software proprietário” (Weber, 2001,
p. 9). Dito de outra forma, qualquer pessoa pode
correr, copiar e modificar o software protegido pela
licença GPL. Mais. Qualquer pessoa pode distribuir
versões modificadas. Porém, a licença GPL proíbe
acrescentar restrições – todo o trabalho posterior
acrescentado a um programa GPL, fica também sobre essa
liçenca.

Posteriormente, foram lançadas outras licenças Open
Source visto que a GPL ia contra “a visão utilitária
de muitos programadores que queriam usar pedaços de
código proprietário com código livre quando fizesse
sentido (Weber, 2001, p. 9). Assim, surgiram outras
licenças (como a BSD e MPL) que permitem mais
flexibilidade. Contextualizando, licenças como a BSD e
a MPL permitem não só que os produtos Open Source (por
exemplo, código de software e texto de livros) possam
ser misturados com produtos proprietários como as
modificações se tornem privadas.

Existem, pelo menos, três formas de ganhar dinheiro
com o Open Source [24]:
·	distribuir produtos Open Source como software e
livros;
·	acrescentar valor ao Open Source com produtos
proprietários;
·	relacionar com produtos Open Source de diferentes
formas como bunding ???? com os próprios produtos.

A primeira forma de fazer dinheiro com produtos Open
Source é distribuí-los de uma forma amigável para os
consumidores, acrescentando (se for conveniente,
nomeadamente, manuais, treino e apoio. É o caso da
distribuição Red Hat do sistema operativo Linux.

Uma segunda forma é desenvolver produtos que
acrescentam valor ao Open Source. É o caso na área das
bibliotecas digitais. Existem sistemas de gestão de
bibliotecas digitais em Open Source. As firmas
acrescentam valor ao criarem, nomeadamente,
bibliotecas digitais proprietárias para esses
sistemas.

Na terceira maneira, as organizações apoiam, de
diferentes formas, clientes que já dependem de
produtos Open Source (sobretudo software). Por
exemplo, diversas companhias (como a IBM) fazem
acompanhar as suas distribuições de software
proprietário com programas Open Source aos quais
chegam a prestar apoio técnico.


3. Contributo para a Economia de Mercado


De acordo com Adam Smith (_____), um mercado de
concorrência perfeita é atomizado do lado da oferta e
da procura. Por outras palavras, devem existir muitos
agentes do lado da oferta e da procura, de forma a que
nenhum deles possa influenciar decisivamente o
mercado.

O Open Source contribui para aproximar a economia de
mercado da visão de concorrência perfeita de Adam
Smith?

A resposta é sim. O Open Source, como destacam
diversos autores (Weber, 2001; Perens, ____;
_______,____) contribuir para reduzir as barreiras à
entrada e os custos de transacção nos sectores onde
está presente. Qualquer entidade pode, de um ponto de
vista legal vender e/ou prestar assistência a um
produto Open Source, o que implica preços baixos e
facilita a penetração em novos mercados. Este último
aspecto (a penetração em novos mercados) é ainda
facilitada por qualquer entidade poder realizar
alterações nos produtos Open Source de forma a
alcançar novos clientes.

Do ponto de vista dos clientes dos produtos Open
Source, o fenómeno referido no parágrafo anterior tem
diversas vantagens potenciais.

Uma delas é tender a existirem mais alternativas no
fornecimento de um determinado produto e outra poder
mudar de fornecedor do mesmo visto não existirem
restrições legais à partida. Um exemplo das duas
vantagens anteriores é o Open Office
(www.openoffice.com ????) em relação ao Office da
Microsoft. É possível realizar mesmo, a descarga do
Open Office gratuitamente e legalmente, podendo
instalar e utilizar quantas cópias se desejar.
Naturalmente, se uma determinada organização pretende
assistência em relação ao mesmo, terá de a comprar ao
exterior.

Uma outra vantagem derivada das anteriores, é o custo
de aquisição de um produto Open Source (sobretudo se
for constituído, no essencial, por informação) tender
a ser inferior a produtos proprietários equivalentes.

A influência do Open Source tenderá a ser superior nos
sectores onde os produtos sejam, fundamentalmente,
informação como são os casos do software e livros. Já
nos produtos ??????

? diferenciar os sectores onde a informação é o poder
e onde não é

4. Alternativa para a Economia de Mercado

O Open Source pode ser considerado uma alternativa, em
pequena escala, à economia de mercado de duas formas.
Por um lado, o sistema Open Source permite a
elaboração de produtos sem que existam relações
comerciais (nomeadamente, contratos de trabalho e
pagamentos de prestações de serviços) no sentido
tradicional associado à economia de mercado como foi
visto anteriormente. Por outro lado, os consumidores
(finais ou não) podem obter produtos Open Source sem
pagar e com outros custos associados muito reduzidos.
Por exemplo, um qualquer consumidor pode obter
programas e textos Open Source tendo como únicos
custos associados a ligação à Internet e tempo
dispendido nesse processo.

As pessoas e organizações que utilizam produtos Open
Source gratuitamente têm um papel positivo no sistema
(Weber, 2001; _____, _____) de forma equivalente à
pirataria de software como é o caso do sistema
operativo Windows (Tapscott, 1996; Shapiro e Varian,
1999). A simples presença das entidades que utilizam
gratuitamente produtos Open Source tende a ser
positiva. Um sector onde isso se verifica
particularmente é no software. Isto porque a simples
utilização de software leva à existência de
externalidades de rede positivas como se verifica em
relação a um determinado operador de telemóveis
(Tapscott, 1996; Shapiro e Varian, 1999). Dito de
outra forma, quanto mais pessoas usam um dado software
ele tende a ter mais utilidade para todos os
utilizadores. Algumas possíveis razões:
·	a simples presença de mais utilizadores, encoraja
mais organizações a interessarem-se pelo produto Open
Source, nomeadamente, produzindo melhorias ou acções
de formação do mesmo;
·	a eventual partilha de dados produzidos por
programas Open Source;
·	aumenta a probabilidade de novos utilizadores
encontrarem pessoas que lhe tirem dúvidas.


5. Conclusões

O Open Source é, ao mesmo tempo, um contributo e uma
alternativa à economia de mercado. Num dado sentido, o
Open Source contribui para aproximar parte da economia
(em particular, os ligados ao software) de visão de
Adam Smith de concorrência perfeita. Isto acontece,
nomeadamente, porque o Open Source minimiza as
barreiras à entrada, o que contribui para uma maior
concorrência.

? Destacar que é difícil quantificar o fenómeno

? não existem fronteiras rígidas

? este processo de elaboração e coordenação de
produtos de informação se estenderá a outros sectores
e aumentará a sua presença noutros

Bibliografia

Goetz, Thomas (2003), “Open Source Everywhere”, Wired,
11, 11 (Novembro), p. 158-167, 208, 210-211

Hars, Alexander; Ou, Shaosong (2001), “Working for
Free? – Motivations of Participating in Open Source
Projects, Proceedings of 34th Hawaii Internacional
Conference on Systems Sciences

Jungberg, Jan (___), “Open Source Movements as a Model
for Organizing”

??Perens, Bruce (____), “The Open Source
Definitation”, www.perens.com/Articles/OSD.html
O´Reily Open Sources

Weber, Steven (2001), “The Political Economy of Open
Source Software”, a GBN Working Paper, Global Business
Network (GBS), URL ??? (Data)

Weber, Steven (2004), “The Success of Open Source”,
Harvard University Press, E.U.A.

[24] O´Reily, T (1998), “The Open Source Revolution,
Release 1.0., Esther Dyson Montly report
<www.edventure.com/release1/1198.html

Tapscott, Don (1996), “The Digital Economy”,
McGraw-Hill, E.U.A.

Shapiro, Carl; Varian, Hal R. (1999), “Information
Rules”, Harvard Business School Press, E.U.A.






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