[ANSOL-geral] Re: [Ansol-socios] Draf de Artigo à volta do Open Source

Jose Sebrosa sebrosa artenumerica.com
Quarta-Feira, 27 de Junho de 2007 - 19:18:36 WEST


Pessoalmente acho a designação "Open Source" lamentável por várias razões:

  1- É fonte de mal-entendidos
  2- Falha o essencial daquilo que designa
  3- É uma perda de oportunidade de usar uma designação alternativa
     que é comum e não tem as desvantagens acima.

A alternativa à má designação "Open Source" é a boa "Software Livre".

Em lingua portuguesa, "Open Source" tem duas desvantagens comparativas
além das acima:

  4- É uma expressão estrangeira, que traduzida perde por completo o
     impacto de ser uma expressão familiar.
  5- Software Livre é melhor em Português do que em Inglês, pois em
     Português não há a ambiguidade do free-livre-grátis.

Desenvolvendo:

1-
Open source é fonte de mal entendidos, pois o facto de uma fonte ser
aberta não significa que seja livre.  Pode mesmo acontecer o contrário.
 Por exemplo, o acesso a uma fonte que está protegida por leis que
protegem ideias pode *limitar* a liberdade de quem a consulta, pois esse
fica vulnerável à acusação de copiar ideias.

Pelo contrário, Software Livre não engana:  É Software, e é Livre.

2-
O essencial daquilo que se está a designar é a Liberdade:  Liberdade de
partilhar conhecimento, de o usar e de o melhorar incrementalmente, com
base em trabalhos anteriores.  A designação "Software Livre" fala de
Liberdade;  a designação "Open Source" não.

3-
Se há uma designação corrente boa, porquê usar uma (igualmente corrente)
 menos boa?

4-
Open Source, em Português, soa a coisa de nerd e que só interessa aos
"malucos dos computadores".  O utilizador normal não quer saber da
source para nada (provavelmente nem sabe o que é), portanto para ele
tanto faz se é "open" ou não (mas ele quer saber de Liberdade!).  Quando
se traduz ainda fica pior:  "Fonte Aberta"?  É fácil imaginar o utente
normal a perguntar:  O que é isso?

Por outro lado, todos (até o utente final) sabem o que é Software, e
estão decididamente interessados em que seja Livre -- e é essa
exactamente a característica crucial do que se está a designar.  Ou
seja, "Software Livre" transmite eficazmente a ideia correcta, e "Open
Source" não.

A designação Open Source tem que ser explicada.  Software Livre não.
Isto devia bastar para ver qual é boa e qual é má!

5-
Em língua inglesa há o problema de se ter a mesma palavra a designar
"livre" e "grátis".  Em Português não.  Então porque não aproveitar uma
expressão forte, mainstream, que até é melhor em português do que em inglês?

      * * *

Posto o acima, proposta:
Onde está "Open Source", escrever "Software Livre".

Como brinde, o texto fica muito mais claro quando se falar da vantagem
que é haver liberdade (Liberdade!) para as pessoas partilharem o
conhecimento e o desenvolverem de forma incremental.


Cumprimentos,
José Sebrosa



Ivo Sousa wrote:
> Olá 
> 
> Eu e uma colega da Universidade estamos a escrever um
> pequeno artigo à volta do Open Source para o Congresso
> Anual das Ordem dos Economistas. Se tiverem alguma
> sugestão, obrigado.
> 
> Cumprimentos
> 
> Ivo Dias de Sousa
> 
> Open Source: Contributo ou Alternativa à Economia de
> Mercado?
> 
> 
> Sumário
> 
> Este artigo tem como objectivo apresentar o Open
> Source (Fonte Aberta) numa dupla perspectiva. Por um
> lado, o Open Source como um contributo à economia de
> mercado por a aproximar da visão de concorrência
> perfeita de Adam Smith. Por outro lado, o Open Source
> é uma alternativa (em pequena escala) à economia de
> mercado.
> 
> 1. Introdução
> 
> 
> O Open Source tem crescido de importância com várias
> dezenas de milhar de projectos a decorrer (Ljungberg,
> _____; ____________,_______; ________________,
> _____________). Actualmente, o Open Source é
> considerada uma forma eficaz de criar software de
> grande qualidade com custos reduzidos como é o caso do
> sistema operativo Linux (Ljungberg, ____). Mais, o
> âmbito do Open Source ultrapassou o software, sendo
> utilizado, nomeadamente, em áreas como livros (como
> manuais técnicos, enciclopédias e livros de receitas)
> e a descoberta do DNA de vírus e cereais (Goetz,
> 2003).
> 
> A razão do sucesso do Open Source está no facto dos
> princípios económicos da informação serem, no
> essencial, diferentes dos produtos físicos (Perens,
> ____; Weber, 2004).O custo de copiar informação (por
> exemplo, um programa) é muito pequeno ao contrário do
> que sucede com produtos físicos.
> 
> “A revolução está no método e não no resultado”
> (Goetz, 2003, p. 164). Um projecto Open Source com
> sucesso tem um conjunto vasto de colaboradores
> (tipicamente voluntários), em que cada contribuição é
> realizada sobre as anteriores. O resultado da
> colaboração é depois disponibilizado livremente,
> podendo ser sujeito a modificações. Isto representa
> uma mudança de paradigma – os princípios económicos de
> bens privados construídos sobre a escassez de recursos
> são substituídos pelos princípios económicos de bens
> públicos onde a escassez não existe (Hars e Ou, 2001).
> 
> De tal forma, que o Open Source está a reformular o
> conceito de propriedade (Weber, 2004). O Open Source é
> um “sistema sustentável de criação de valor” que
> mantém junta uma “comunidade de produtores à volta da
> noção de direitos de propriedade como distribuição”
> (p. 1).
> 
> Este artigo está dividido, fundamentalmente, em quatro
> partes. Primeiro, é apresentado o funcionamento e
> evolução do Open Source. Depois, é discutida a
> influência do Open Source na economia de mercado. Em
> terceiro lugar é discutida em que medida o Open Source
> é uma alternativa à economia de mercado. Finalmente,
> são apresentadas as principais conclusões do artigo.
> 
> 
> 2. Open Source
> 
> 
> O Open Source está intimamente ligado à crescente
> economia em rede (Weber, 2001). Por um lado, é um
> produto dela. Tipicamente, os produtos, em geral, e o
> software, em particular, Open Source são produzidos
> através da colaboração de diversos indivíduos através
> da Internet. Por um lado, é uma fonte importante de
> inovações organizacionais para essa mesma economia. 
> 
> Nas comunidades Open Source (que produzem,
> nomeadamente, o sistema operativo Linux) existe uma
> hierarquia tal como acontece nas firmas (Weber, 2001).
> Porém, a hierarquia é mais difusa. Os participantes
> neste processo económico (inovação paralela
> distribuída) fazem por razões como (Hars e Ou, 2001;
> Weber, 2001):
> ·	treino facilitado – por exemplo, outras pessoas
> envolvidas num determinado projecto de Open Source
> tendem a responder a dúvidas colocadas por outros
> indivíduos participantes;
> ·	reconhecimento e satisfação do ego – por exemplo, a
> resolução de problemas difíceis de programação leva ao
> reconhecimento pelos pares, o que pode gerar
> satisfação do ego;
> ·	resolução de um problema específico de uma pessoa ou
> organização – por exemplo, um programador pode
> trabalhar num módulo de um projecto Open Source que
> tenha a ver com as suas necessidades específicas.
> 
> Um projecto Open Source começa, usualmente, com uma
> pessoa a resolver um pequeno problema (Ljumberg,
> ____). O sucesso (ou insucesso) de um projecto Open
> Source depende, em muito, da capacidade de atrair
> novos colaboradores.
> 
> Tipicamente, um projecto Open Source é dirigido por
> uma pessoa como um ditador benevolente (Ljumgberg,
> _______; __________, ________; _________, ______). O
> ditador benevolente é reconhecido pela comunidade como
> a pessoa que toma decisões (por exemplo, o que incluir
> numa distribuição) e tem a obrigação de destacar
> adequadamente quem contribui com o quê. Uma forma
> alternativa à gestão de um ditador benevolente é uma
> ditadura rotativa como é o caso do desenvolvimento da
> linguagem Perl.
> 
> As licenças Open Source mudam o paradigma da
> propriedade (Weber, 2001; Goetz, 2003; Weber, 2004).
> Do ponto de vista dessas licenças, a propriedade é
> algo para ser distribuída em vez de ser protegida. “Os
> proprietários são mais guardiães do que guardas”
> (Goetz, 2003, p. 208). Um qualquer produto para ser
> considerado Open Source tem de garantir os seguintes
> direitos;
> ·	poder fazer cópias de produtos e distribuir essas
> cópias;
> ·	acesso à criação (no caso do software, é o acesso ao
> código fonte, o que é uma condição necessária para
> alterar um programa);
> ·	poder alterar os produtos.
> 
> Um momento chave do Open Source é o aparecimento da
> licença GPL (General Public License) em 1984 [Weber
> (2001); ______ (____); ________(   )]. O investigador
> do MIT Richard Stallman disponibilizou um conjunto de
> programas com a inversão do copyright tradicional. A
> licença GPL procura “impedir que software ou qualquer
> parte de software desenvolvido colectivamente seja
> transformado em software proprietário” (Weber, 2001,
> p. 9). Dito de outra forma, qualquer pessoa pode
> correr, copiar e modificar o software protegido pela
> licença GPL. Mais. Qualquer pessoa pode distribuir
> versões modificadas. Porém, a licença GPL proíbe
> acrescentar restrições – todo o trabalho posterior
> acrescentado a um programa GPL, fica também sobre essa
> liçenca.
> 
> Posteriormente, foram lançadas outras licenças Open
> Source visto que a GPL ia contra “a visão utilitária
> de muitos programadores que queriam usar pedaços de
> código proprietário com código livre quando fizesse
> sentido (Weber, 2001, p. 9). Assim, surgiram outras
> licenças (como a BSD e MPL) que permitem mais
> flexibilidade. Contextualizando, licenças como a BSD e
> a MPL permitem não só que os produtos Open Source (por
> exemplo, código de software e texto de livros) possam
> ser misturados com produtos proprietários como as
> modificações se tornem privadas.
> 
> Existem, pelo menos, três formas de ganhar dinheiro
> com o Open Source [24]:
> ·	distribuir produtos Open Source como software e
> livros;
> ·	acrescentar valor ao Open Source com produtos
> proprietários;
> ·	relacionar com produtos Open Source de diferentes
> formas como bunding ???? com os próprios produtos.
> 
> A primeira forma de fazer dinheiro com produtos Open
> Source é distribuí-los de uma forma amigável para os
> consumidores, acrescentando (se for conveniente,
> nomeadamente, manuais, treino e apoio. É o caso da
> distribuição Red Hat do sistema operativo Linux.
> 
> Uma segunda forma é desenvolver produtos que
> acrescentam valor ao Open Source. É o caso na área das
> bibliotecas digitais. Existem sistemas de gestão de
> bibliotecas digitais em Open Source. As firmas
> acrescentam valor ao criarem, nomeadamente,
> bibliotecas digitais proprietárias para esses
> sistemas.
> 
> Na terceira maneira, as organizações apoiam, de
> diferentes formas, clientes que já dependem de
> produtos Open Source (sobretudo software). Por
> exemplo, diversas companhias (como a IBM) fazem
> acompanhar as suas distribuições de software
> proprietário com programas Open Source aos quais
> chegam a prestar apoio técnico.
> 
> 
> 3. Contributo para a Economia de Mercado
> 
> 
> De acordo com Adam Smith (_____), um mercado de
> concorrência perfeita é atomizado do lado da oferta e
> da procura. Por outras palavras, devem existir muitos
> agentes do lado da oferta e da procura, de forma a que
> nenhum deles possa influenciar decisivamente o
> mercado.
> 
> O Open Source contribui para aproximar a economia de
> mercado da visão de concorrência perfeita de Adam
> Smith?
> 
> A resposta é sim. O Open Source, como destacam
> diversos autores (Weber, 2001; Perens, ____;
> _______,____) contribuir para reduzir as barreiras à
> entrada e os custos de transacção nos sectores onde
> está presente. Qualquer entidade pode, de um ponto de
> vista legal vender e/ou prestar assistência a um
> produto Open Source, o que implica preços baixos e
> facilita a penetração em novos mercados. Este último
> aspecto (a penetração em novos mercados) é ainda
> facilitada por qualquer entidade poder realizar
> alterações nos produtos Open Source de forma a
> alcançar novos clientes.
> 
> Do ponto de vista dos clientes dos produtos Open
> Source, o fenómeno referido no parágrafo anterior tem
> diversas vantagens potenciais.
> 
> Uma delas é tender a existirem mais alternativas no
> fornecimento de um determinado produto e outra poder
> mudar de fornecedor do mesmo visto não existirem
> restrições legais à partida. Um exemplo das duas
> vantagens anteriores é o Open Office
> (www.openoffice.com ????) em relação ao Office da
> Microsoft. É possível realizar mesmo, a descarga do
> Open Office gratuitamente e legalmente, podendo
> instalar e utilizar quantas cópias se desejar.
> Naturalmente, se uma determinada organização pretende
> assistência em relação ao mesmo, terá de a comprar ao
> exterior.
> 
> Uma outra vantagem derivada das anteriores, é o custo
> de aquisição de um produto Open Source (sobretudo se
> for constituído, no essencial, por informação) tender
> a ser inferior a produtos proprietários equivalentes.
> 
> A influência do Open Source tenderá a ser superior nos
> sectores onde os produtos sejam, fundamentalmente,
> informação como são os casos do software e livros. Já
> nos produtos ??????
> 
> ? diferenciar os sectores onde a informação é o poder
> e onde não é
> 
> 4. Alternativa para a Economia de Mercado
> 
> O Open Source pode ser considerado uma alternativa, em
> pequena escala, à economia de mercado de duas formas.
> Por um lado, o sistema Open Source permite a
> elaboração de produtos sem que existam relações
> comerciais (nomeadamente, contratos de trabalho e
> pagamentos de prestações de serviços) no sentido
> tradicional associado à economia de mercado como foi
> visto anteriormente. Por outro lado, os consumidores
> (finais ou não) podem obter produtos Open Source sem
> pagar e com outros custos associados muito reduzidos.
> Por exemplo, um qualquer consumidor pode obter
> programas e textos Open Source tendo como únicos
> custos associados a ligação à Internet e tempo
> dispendido nesse processo.
> 
> As pessoas e organizações que utilizam produtos Open
> Source gratuitamente têm um papel positivo no sistema
> (Weber, 2001; _____, _____) de forma equivalente à
> pirataria de software como é o caso do sistema
> operativo Windows (Tapscott, 1996; Shapiro e Varian,
> 1999). A simples presença das entidades que utilizam
> gratuitamente produtos Open Source tende a ser
> positiva. Um sector onde isso se verifica
> particularmente é no software. Isto porque a simples
> utilização de software leva à existência de
> externalidades de rede positivas como se verifica em
> relação a um determinado operador de telemóveis
> (Tapscott, 1996; Shapiro e Varian, 1999). Dito de
> outra forma, quanto mais pessoas usam um dado software
> ele tende a ter mais utilidade para todos os
> utilizadores. Algumas possíveis razões:
> ·	a simples presença de mais utilizadores, encoraja
> mais organizações a interessarem-se pelo produto Open
> Source, nomeadamente, produzindo melhorias ou acções
> de formação do mesmo;
> ·	a eventual partilha de dados produzidos por
> programas Open Source;
> ·	aumenta a probabilidade de novos utilizadores
> encontrarem pessoas que lhe tirem dúvidas.
> 
> 
> 5. Conclusões
> 
> O Open Source é, ao mesmo tempo, um contributo e uma
> alternativa à economia de mercado. Num dado sentido, o
> Open Source contribui para aproximar parte da economia
> (em particular, os ligados ao software) de visão de
> Adam Smith de concorrência perfeita. Isto acontece,
> nomeadamente, porque o Open Source minimiza as
> barreiras à entrada, o que contribui para uma maior
> concorrência.
> 
> ? Destacar que é difícil quantificar o fenómeno
> 
> ? não existem fronteiras rígidas
> 
> ? este processo de elaboração e coordenação de
> produtos de informação se estenderá a outros sectores
> e aumentará a sua presença noutros
> 
> Bibliografia
> 
> Goetz, Thomas (2003), “Open Source Everywhere”, Wired,
> 11, 11 (Novembro), p. 158-167, 208, 210-211
> 
> Hars, Alexander; Ou, Shaosong (2001), “Working for
> Free? – Motivations of Participating in Open Source
> Projects, Proceedings of 34th Hawaii Internacional
> Conference on Systems Sciences
> 
> Jungberg, Jan (___), “Open Source Movements as a Model
> for Organizing”
> 
> ??Perens, Bruce (____), “The Open Source
> Definitation”, www.perens.com/Articles/OSD.html
> O´Reily Open Sources
> 
> Weber, Steven (2001), “The Political Economy of Open
> Source Software”, a GBN Working Paper, Global Business
> Network (GBS), URL ??? (Data)
> 
> Weber, Steven (2004), “The Success of Open Source”,
> Harvard University Press, E.U.A.
> 
> [24] O´Reily, T (1998), “The Open Source Revolution,
> Release 1.0., Esther Dyson Montly report
> <www.edventure.com/release1/1198.html
> 
> Tapscott, Don (1996), “The Digital Economy”,
> McGraw-Hill, E.U.A.
> 
> Shapiro, Carl; Varian, Hal R. (1999), “Information
> Rules”, Harvard Business School Press, E.U.A.
> 
> 
> 
> 
> _______________________________________________
> Ansol-socios mailing list
> Ansol-socios  listas.ansol.org
> http://listas.ansol.org/mailman/listinfo/ansol-socios




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