[ANSOL-geral] Mais simplex educativo

J M Cerqueira Esteves jmce artenumerica.com
Segunda-Feira, 23 de Julho de 2007 - 16:08:28 WEST


... das mentes do costume.  Com cartãozinho, claro.

http://www.rtp.pt/index.php?article=291879&visual=16
"O primeiro-ministro apresentou a "escola do futuro", integrada no Plano
Tecnológico da Educação, investimento de 400 milhões de euros para
colocar Portugal entre os cinco países europeus mais avançados na
modernização tecnológica dos estabelecimentos de ensino."

Com educação menos simplex, poderiam o ministro primeiro e os seus
segundos lembrar-se de outras formas de gastar 400 milhões, talvez
investindo nos professores (nem que fosse, como mal menor, para lhes
ensinar tecnologia de forma melhor que a expectável da "certificação em
competências" lá referida), em turmas mais pequenas, sei lá.  Mas não, o
problema fundamental da educação portuguesa é a falta da impressora, do
computador, do videoprojector (na provinciana presunção simplex da
superioridade didáctica do PowerPoint sobre a escrita num quadro) e do
quadro electrónico.

Outras contribuições anunciadas, promovendo já agora a "boa educação"
das criancinhas para o estado-vigilância (e para o sucesso das empresas
do ramo) eram fáceis de adivinhar: "generalização, até ao final do
segundo trimestre de 2008, do cartão electrónico do aluno para 800 mil
estudantes e a instalação de cerca de 12 mil sistemas de alarme e
videovigilância."

Como José Sócrates tem a audácia deste tecno-dumping a todo o vapor
garantindo que este "não é um programa piloto", mais facilmente aqui o
não ministeriado tem a lata de profetizar o falhanço em grande da maior
parte disto, excepto talvez por alguns "portais" --- embora aposte que o
problema electrónico principal das escolas não era a falta de espaços
onde colocar sebentas online.
Na velha bola de cristal vejo também falta futura de verbas para renovar
as lâmpadas dos projectores e reparar os tais quadros electrónicos que
serão comprados, pela "prioridade à educação", sem "programa piloto".

Enfim, o desabafo acima ainda é demasiado oco, mas é difícil não verter
ácido quando vejo e-lusões educativas de um calibre que realmente
pareceria mal não ter cerimónia no CCB. :(

                    J "velho-não-do-Restelo" M

PS: Senhor Primeiro Ministro: sempre pensando nas criancinhas, não se
esqueça de tornar obrigatória para todos os docentes a criação de
"conteúdos". É o passo que falta para completar a dignificação e a
ocupação dos tempos lectivos da classe, se necessário for aumentando o
tamanho das turmas para libertar mais docentes --- perfeitamente
factível, dado que as novas tecnologias na sala de aula eliminam muita
da carga anterior sobre o professor e promovem o seu papel a um plano
superior no processo de ensino/aprendizagem, permitindo-lhe agora
focalizar/rentabilizar a atenção onde mais importa: no papel de
companheiro-assistente do estudante para a auto-descoberta conjunta e
interactiva por e-learning.





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