[ANSOL-geral]Busca de projectos open-source portugueses...

Vasco Figueira figueira arroba europe.com
Wed, 09 Jan 2002 01:17:37 +0000


Viva,

(Hoje o dia correu-me muito mal... Se por acaso transparecer alguma
irritabilidade, por favor sejam condescendentes. Já sei o que é que a
casa gasta :-) )

J M Cerqueira Esteves wrote:

 >>Nós (defensores do software Livre) não podemos ter a presunção de dizer
 >>às pessoas o que elas devem fazer!
 >
 > Se se defende alguma coisa, então porque não dizê-lo?  Quem define as
 > licenças são... pessoas.  Se não se diz às pessoas o que achamos que
 > deviam fazer, resta o quê para dizer a quem?  Não se trata de forçar
 > ninguém violentamente.

A questão está no tom em que se faz.

 >>Claro que também eu gostaria que todos os programas fossem
 >>licenciados sob a GPL, mas faço figura de otário se me virar para
 >>alguém e lhe disser que não aceito que ele licencie algo *dele* como
 >
 > Esse "*dele*", sublinhado e tudo, é muito caro a quem promove
 > regularmente expressões como "propriedade intelectual", mas não
 > é apoiado por nenhum (supõe-se) direito de origem divina nem
 > (espera-se) por uma equivalência legal com a propriedade de objectos
 > físicos.

Um documento feito por mim é tão meu quanto o boneco de barro feito por
mim. Os direitos sobre eles são meus. Não é por ser electrónico que o
documento passa a ser de todos.

 > Otários seremos se nos deixarmos enganar pela confusão de conceitos
 > que está a ter tanto sucesso.  As licenças de que não gostamos
 > "aceitam-se" quando muito no sentido de não podermos "forçar" 
directamente
 > os outros a agir de outra forma e no sentido de não as violarmos
 > tendo em conta a lei em vigor.  Isso não nos obriga a "aceitá-las"
 > de outras formas, nomeadamente aceitando que ao abrigo da noção
 > de "propriedade" sejam dados por via legal poderes ilimitados de 
restrição
 > de uso aos detentores de "propriedade intelectual" .

Bom, eu concordo inteiramente...

 >>proprietário. O tipo ri-se na minha cara e com razão...
 >
 > E em alguns casos poderá rir-se sem razão.  Quando se pensa de forma
 > diferente
 > e se age de acordo com isso, é bom estar preparado para o inevitável
 > riso alheio, sem necessariamente ele se dever a acções disparatadas da
 > nossa parte.

Sim, mas no caso presente o riso "dele", NMO, seria justificado. A não 
ser que ele fosse o Steve Ballmer.

 >>Assim penso que a posição oficial da ANSOL (caso venha a existir) deverá
 >>ser de uma preferência pelo software livre (GPL, LGPL, ...), mas
 >>aceitando que outros não concordem connosco.
 >
 > Admitindo que não vamos queimar ninguém em fogueiras ou reagir
 > violentamente de outra forma, claro que se aceita que outros não
 > concordem.  Pode viver-se em paz e boa vizinhança com quem achar
 > que 2+2==5.  Mas para isso não é preciso embarcar em relativismo
 > envergonhado e politicamente correcto ("todos os pontos de vista
 > são igualmente válidos", etc etc) nem desistir de tentar convencer
 > (pacificamente) os outros daquilo que achamos mais correcto.

Claro, mas desde que assim seja. É esse e apenas esse o meu ponto.

Nós acreditamos em determinadas coisas, achamos que elas são o caminho a
seguir e são correctas, e, à luz disso, vamos tentar convencer os outros
do nosso ponto de vista. Mas se o não conseguirmos, não vamos considerar
"persona non grata" todos aqueles que não licenciem todo o seu trabalho
em GPL"... :-)
-- 
Cumprimentos,

Vasco Figueira